O Naturalismo no Brasil teve início em 1881. As principais características desse estilo são o determinismo e a zoomorfização. Aluísio Azevedo é seu principal representante.
O Naturalismo no Brasil é um estilo de época que foi iniciado no ano de 1881, quando Aluísio Azevedo publicou seu romance O mulato. Outra obra importante desse autor é o famoso romance O cortiço, que traz os principais elementos naturalistas, isto é, o determinismo e a animalização dos personagens ou zoomorfização.
Outro livro naturalista importante é O Ateneu, de Raul Pompeia, em que predomina a ideia de um meio corruptor. E também o romance Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, que trabalha a influência do meio e da raça sobre os protagonistas. Porém, a partir de uma visão racista e homofóbica, comum em obras do estilo.
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O Naturalismo no Brasil tem como principal característica o determinismo.
A visão determinista considera três fatores de influência na espécie humana: raça, meio e período histórico.
O principal representante do Naturalismo no Brasil é o escritor Aluísio Azevedo.
Os principais romances naturalistas brasileiros são: O mulato, O cortiço, O Ateneu e Bom-Crioulo.
O Naturalismo no Brasil é antirromântico, já que não apresenta idealizações. A realidade é mostrada a partir de um viés científico ou determinista. A visão determinista predominante no século XIX consistia na ideia de que o destino do ser humano (e, por extensão, dos personagens dos romances naturalistas) é determinado por três fatores:
raça;
meio;
período histórico.
Desse modo, as obras desse estilo de época possuem elementos racistas, já que tratam a pessoa negra como inferior. Além disso, o meio em que vivem os personagens é visto como uma influência negativa para o seu comportamento. E, por fim, o tempo ou período histórico em que estão inseridos também influencia seu comportamento.
Outra característica importante é a zoomorfização (atribuir características animais a seres humanos). Nessa perspectiva, o instinto vence a razão, de forma que os personagens tomam atitudes guiadas pela sua animalidade. Em função disso, o instinto sexual se torna um dos principais temas das obras, vistas como obscenas na época.
A homossexualidade passa a ser retratada nos romances. Porém, a partir de um viés preconceituoso, já que o desejo homossexual é tratado como um vício, uma fraqueza ou uma enfermidade. No mais, dado seu caráter realista, as obras naturalistas utilizam uma linguagem objetiva.
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Júlio Ribeiro (1845-1890).
Júlia Lopes de Almeida (1862-1934).
Adolfo Caminha (1867-1897).
O mulato (1881), de Aluísio Azevedo.
O Ateneu (1888), de Raul Pompeia.
A carne (1888), de Júlio Ribeiro.
O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo.
Bom-Crioulo (1895), de Adolfo Caminha.
A falência (1901), de Júlia Lopes de Almeida.
O Brasil, assim como outros países do continente americano, sofria forte influência da cultura europeia no século XIX. A publicação do livro A origem das espécies, em 1859, do biólogo inglês Charles Darwin (1809-1882), resultou em grande fortalecimento do pensamento científico na época.
Tal acontecimento científico e histórico levou à predominância do antropocentrismo (valorização da razão), em oposição ao teocentrismo (valorização da fé). A partir das teorias de Darwin, a humanidade, assim como os outros animais, foi considerada o resultado de um processo natural de evolução.
Portanto, no final do século XIX, a visão positivista predominante na Europa chegou também ao Brasil, influenciando intelectuais, artistas e escritores. Nesse período, o país vivia um contexto político delicado, que marcava o fortalecimento do movimento republicano e o fim da monarquia.
Tal monarquia, comandada pelo imperador D. Pedro II (1825-1891), representava o conservadorismo brasileiro e os fazendeiros escravocratas. No entanto, desde o ano de 1850, leis a favor dos escravizados foram aprovadas no país, culminando na Abolição da Escravatura em 1888, um ano antes da Proclamação da República.
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Questão 1 (Enem)
A senhora manifestava-se por atos, por gestos, e sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o marido, não era com ela. [...]
As negras receberam ordem para meter no serviço a gente do tal compadre Silveira: as cunhadas, ao fuso; os cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a mulher e as irmãs, que se ocupassem da ninhada. Margarida não tivera filhos, e como os desejasse com a força de suas vontades, tratava sempre bem aos pequenitos e às mães que os estavam criando. Não era isso uma sentimentalidade cristã, uma ternura, era o egoísta e cru instinto da maternidade, obrando por mera simpatia carnal. Quanto ao pai do lote (referia-se ao Antônio), esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas.
Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um moralizava o outro, para moralizar-se.
PAIVA, M. O. Dona Guidinha do Poço. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.
No trecho do romance naturalista, a forma como o narrador julga comportamentos e emoções das personagens femininas revela influência do pensamento
A) capitalista, marcado pela distribuição funcional do trabalho.
B) liberal, buscando a igualdade entre pessoas escravizadas e livres.
C) científico, considerando o ser humano como um fenômeno biológico.
D) religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos dogmas do cristianismo.
E) afetivo, manifesto na determinação de acolher familiares e no respeito mútuo.
Resolução:
Alternativa C.
O narrador apresenta um olhar científico, analisando o comportamento humano a partir de uma perspectiva biológica: “Não era isso uma sentimentalidade cristã, uma ternura, era o egoísta e cru instinto da maternidade, obrando por mera simpatia carnal”.
Questão 2
Todas as características abaixo fazem referência ao Naturalismo no Brasil, EXCETO:
A) caráter determinista.
B) zoomorfização.
C) linguagem objetiva.
D) idealização da realidade.
E) antirromantismo.
Resolução:
Alternativa D.
O Naturalismo é antirromântico. Portanto, é realista e não idealiza a realidade.
Créditos da imagem
[1] Editora Antofágica (reprodução)
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.
MURARI, Luciana. “A vida e os prêmios que ela comporta”: darwinismo social e imaginação literária no Brasil. Revista Brasileira de Literatura Comparada, Salvador, n. 11, 2007.
Famoso poeta brasileiro, fez parte da segunda geração romântica.
O predicado é um termo essencial da oração que faz uma afirmação sobre o sujeito.
Indica uma condição em relação a um verbo, adjetivo ou outro advérbio.
Podem provocar efeitos indesejados na comunicação, entre eles a ambiguidade.
As palavras aportuguesadas são aquelas de origem estrangeira que foram adaptadas às normas ortográficas da língua portuguesa.