O modernismo foi uma escola literária que começou em 1922 e procurou revolucionar toda a área artística questionando dos dogmas das escolas anteriores.
O modernismo no Brasil foi uma escola literária do início do século XX que teve como marco inicial a Semana de Arte de 1922. Os autores desse movimento questionavam o fazer artístico e a criação de uma arte realmente brasileira, indo contra a colocação de regras, como faziam os parnasianos, que focaram mais na forma de construção dos textos, e não no conteúdo crítico ou nas relações com a sociedade.
Ele foi dividido em três fases ou “gerações”, e suas principais características foram: nacionalismo, liberdade de forma e de tema, crítica social e retomada do passado brasileiro (principalmente das influências europeias em sua história). Além da literatura, o movimento também esteve presente nas artes visuais, principalmente na pintura.
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O movimento modernista foi um dos poucos que tiveram uma data de nascimento bem específica: ele se iniciou na Semana de Artes de 1922 ou Semana de Arte Moderna, que foram os três dias de apresentações de poesias, textos, pinturas e outras artes no Theatro Municipal de São Paulo (assim, os precursores do movimento são chamados de pré-modernistas).
A Semana foi uma reunião dos principais artistas da época, e seu objetivo era um novo projeto de arte que fosse muito mais nacionalista e contra a antiga escola, o parnasianismo (fim do século XIX). Os parnasianos foram escritores e, principalmente, poetas que tinham a “perfeição” como objetivo, valorizando formas clássicas e extremamente rigorosas.
Além disso, o evento sofreu grande influência das vanguardas europeias, uma série de estilos que também buscavam uma revolução artística, e de temáticas modernas que contemplavam o momento sócio-histórico.
Assim, os modernistas buscaram liberdade formal e artística com temáticas inspiradas no Brasil. Em um primeiro momento, foram muito vaiados e criticados pelos intelectuais mais conservadores, mas o movimento ganhou seu espaço e dominou-o até o fim do século XX.
A grande marca da primeira geração modernista foi a Semana de 22, com suas apresentações de diversos tipos de arte que chocaram os intelectuais da época. Seus participantes buscaram questionar os dogmas de produções anteriores e achar uma estética realmente brasileira.
Além dos textos literários, a primeira geração foi marcada por diversos manifestos, característicos de um início de movimento, pois expressam suas características e objetivos. Os principais foram:
Ademais, com o foco da divulgação literária centrado na mídia, diversas revistas foram criadas, especialmente a Revista Klaxon (1922-1923) e a Revista de Antropofagia (1928-1929). Para saber mais sobre a primeira fase modernista no Brasil, clique aqui.
Nesse momento, os ideais modernistas já estavam muito mais consolidados e não havia mais tamanho teor revolucionário. Assim, essa fase ficou conhecida como fase de consolidação.
Para saber mais sobre a segunda fase modernista, clique aqui.
A terceira geração teve características muito diferentes das outras, o que faz com que sua data de término não seja exata (1960, 1978 ou até o presente) e que seja até chamada de pós-modernista. Há um retorno a certos aspectos anteriores ao modernismo, e seus escritores podem ser chamados de neoparnasianos.
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Logo antes do modernismo, o mundo passava por uma de suas maiores transformações e traumas com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), um conflito que mudou todo o funcionamento econômico, político e social do planeta. Fruto de todas as relações internacionais do século XIX, o conflito fez com que uma reestruturação fosse obrigatória e trouxe o questionamento de tudo que era tradicional. Além disso, o austríaco Sigmund Freud (1856-1939) inaugurava a psicanálise, uma área que teve influência no modernismo e em toda a literatura que viria a seguir.
No Brasil, passávamos por incertezas políticas. O país estava no final do regime da chamada República Velha (1889-1930). Nesse momento, paulistas e mineiros alternavam-se no poder de forma fraudulenta e donos de terras tinham grande influência. A oposição a esse esquema era feita pelo movimento tenentista, composto por militares contrários ao governo.
O início do movimento modernista era claramente focado em São Paulo, naquele momento, a cidade mais rica do país pelo acúmulo na produção e exportação de café. Contudo, mesmo tendo uma industrialização já iniciada, havia nela poucos centros culturais, e a divulgação artística era dominada pela imprensa, nos jornais e revistas. Assim, os modernistas retratavam São Paulo como um lugar “modernizável”.
Junto às criações literárias, as artes plásticas e visuais fizeram parte do movimento e tiveram um papel essencial em sua história. Assim como na literatura, esses artistas apoiavam a renovação e o questionamento das antigas formas de criação. A primeira grande manifestação com elementos modernistas foi uma exposição da pintora Anita Malfatti, que chocou acadêmicos ao trazer as influências das vanguardas europeias para a pintura brasileira. Aqui estão algumas obras:
Questão 1
(Enem) “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.
“Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
[...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.”
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974)
Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
a) critica o lirismo louco do movimento modernista.
b) critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) propõe o retorno do movimento romântico.
e) propõe a criação de um novo lirismo.
Resposta: E
Assim como o movimento modernista, do qual Manuel Bandeira fez parte, o autor critica o lirismo da imposição e dos dogmas que não aceita a criatividade. Dessa forma, apoia a criação e a aceitação de um novo lirismo, aquele que permitiria a libertação.
Questão 2
O Manifesto Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, defendeu a poesia brasileira “de exportação”, ou seja, digna de ser lida e apreciada em outros países, além de ser valorizada. Qual frase do livro demonstra mais a valorização da cultura e da língua populares brasileiras?
a) “Só não se inventou uma máquina de fazer versos — a havia o poeta parnasiano.”
b) “A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.”
c) “A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”
d) “País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo.”
Resposta: C
Pode-se perceber, no trecho C, que o autor foca em seu discurso a valorização da língua do país sem as imposições do meio acadêmico. Assim, diz que até os ditos “erros” caracterizam a cultura de um povo.
Créditos da imagem
[1] Governo do Estado de São Paulo / Wikimedia Commons
Famoso poeta brasileiro, fez parte da segunda geração romântica.
O predicado é um termo essencial da oração que faz uma afirmação sobre o sujeito.
Indica uma condição em relação a um verbo, adjetivo ou outro advérbio.
Podem provocar efeitos indesejados na comunicação, entre eles a ambiguidade.
As palavras aportuguesadas são aquelas de origem estrangeira que foram adaptadas às normas ortográficas da língua portuguesa.