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Manuel Bandeira

Manuel Bandeira é um conhecido poeta pernambucano. Ele é um dos principais nomes da literatura modernista brasileira. Sua poesia apresenta ironia e simplicidade.

Por Warley Souza

O poeta modernista Manuel Bandeira.
O poeta modernista Manuel Bandeira.
Crédito da Imagem: Wikimedia Commons
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Manuel Bandeira foi um poeta brasileiro. Ele nasceu na cidade de Recife, em Pernambuco, no dia 19 de abril de 1886. Mais tarde, escreveu para vários periódicos nacionais, foi inspetor escolar, além de trabalhar como professor do Colégio Pedro II e da Faculdade Nacional de Filosofia.

O autor, que morreu em 13 de outubro de 1968, na cidade do Rio de Janeiro, está vinculado à primeira geração modernista. Sua poesia é marcada pela temática do cotidiano e pela linguagem simples. Manuel Bandeira foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1940.

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Resumo sobre Manuel Bandeira

  • O poeta brasileiro Manuel Bandeira nasceu em 1886 e morreu em 1968.

  • Além de escritor, foi inspetor escolar e professor de Literatura.

  • As principais obras de Bandeira fazem parte do modernismo brasileiro.

  • Sua poesia apresenta temática do cotidiano e valoriza os versos livres.

Videoaula sobre Manuel Bandeira

Biografia de Manuel Bandeira

  • Nascimento de Manuel Bandeira

Manuel Bandeira nasceu em 19 de abril de 1886, na cidade de Recife, no estado de Pernambuco. Era filho de um engenheiro civil.

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  • Infância de Manuel Bandeira

O pequeno Bandeira viveu sua infância em Recife até 1890. Nos próximos dois anos, sua família morou no Rio de Janeiro, em Santos e em São Paulo. De 1892 a 1896, morou novamente no Recife. Desse modo, a cultura nordestina foi parte importante da infância do poeta. A família de Manuel Bandeira tinha boas condições financeiras.

  • Juventude de Manuel Bandeira

No ano de 1896, ingressou no famoso Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Já em 1903, na cidade de São Paulo, começou o curso de Arquitetura da Escola Politécnica. No entanto, no ano seguinte, interrompeu os estudos e retornou ao Rio de Janeiro para se tratar da tuberculose.

  • A doença de Manuel Bandeira

Manuel Bandeira começou a luta contra a tuberculose ainda na juventude. Passou por diversos tratamentos. Em função da doença, ficou internado no sanatório Clavadel, na Suíça, em 1913. Assim, a presença da morte acabou sendo uma constante em sua poesia.

  • Manuel Bandeira na Semana de Arte Moderna de 1922

Apesar de apoiar a Semana de Arte Moderna, ele não pôde participar do evento. Ficou a cargo do poeta Ronald de Carvalho (1893-1935) ler seu poema “Os sapos”, em meio a vaias da plateia.

  • Vida profissional de Manuel Bandeira

Além de fazer poesia, Bandeira também escreveu para alguns periódicos de sua época, como as revistas Ariel e A Ideia Ilustrada, além de periódicos como A Noite e Diário Nacional, entre outros. Já em 1935, passou a trabalhar como inspetor escolar. Três anos depois, tornou-se professor de Literatura do Colégio Pedro II. Em 1943, ocupou o cargo de professor de Literatura Hispano-Americana da Faculdade Nacional de Filosofia, onde trabalhou até se aposentar em 1956.

  • Carreira política de Manuel Bandeira

O poeta tentou ingressar na carreira política. Filiado ao Partido Socialista Brasileiro, ele foi candidato a deputado em 1951, porém não conseguiu ser eleito e desistiu.

  • Manuel Bandeira na Academia Brasileira de Letras

Sua candidatura a uma cadeira na ABL foi bem-sucedida. Ele foi eleito em 29 de agosto de 1940, e tomou posse da cadeira 24 no dia 30 de novembro de 1940.

  • Casamento de Manuel Bandeira

O poeta modernista e professor nunca se casou. No entanto, teve três grandes amores em sua vida: a holandesa Frédy Blank, a pernambucana Dulce Pontes e a mineira Maria de Lourdes.

  • Filhos de Manuel Bandeira

O autor não teve filhos.

  • Morte de Manuel Bandeira

Manuel Bandeira faleceu em 13 de outubro de 1968, na cidade do Rio de Janeiro.

Características das obras de Manuel Bandeira

Poeta da primeira geração modernista, as obras de Manuel Bandeira apresentam as seguintes características:

  • nacionalismo;

  • antiacademicismo;

  • crítica social;

  • tom coloquial;

  • linguagem simples;

  • temática do cotidiano;

  • versos livres;

  • regionalismo;

  • caráter irônico.

No entanto, as primeiras poesias do poeta (antes de sua filiação ao modernismo) têm elementos parnasianos e simbolistas, como o rigor formal.

Principais obras de Manuel Bandeira

Capa do livro Itinerário de Pasárgada, de Manuel Bandeira, publicado pela Global Editora.[1]
Capa do livro Itinerário de Pasárgada, de Manuel Bandeira, publicado pela Global Editora.[1]
  • A cinza das horas (1917) — poesia

  • Carnaval (1919) — poesia

  • O ritmo dissoluto (1924) — poesia

  • Libertinagem (1930) — poesia

  • Estrela da manhã (1936) — poesia

  • Crônicas da província do Brasil (1937) — prosa

  • Guia de Ouro Preto (1938) — prosa

  • Noções de história das literaturas (1940) — prosa 

  • Lira dos cinquent’anos (1940) — poesia

  • Mafuá do Malungo (1948) — poesia

  • Belo belo (1948) — poesia

  • Literatura hispano-americana (1949) — prosa 

  • Gonçalves Dias (1952) — prosa

  • Opus 10 (1952) — poesia

  • Itinerário de Pasárgada (1954) — prosa 

  • De poetas e de poesia (1954) — prosa

  • Flauta de papel (1957) — prosa

  • Antologia poética (1961) — antologia

  • Estrela da tarde (1963) — poesia

  • Os reis vagabundos e mais 50 crônicas (1966) — prosa 

  • Andorinha, andorinha (1966) — prosa

O que Manuel Bandeira defendia?

Manuel Bandeira defendia os ideais modernistas, ou seja, uma arte irônica e antiacadêmica. Acreditava, portanto, em uma nova e ousada arte (em oposição à arte tradicional), uma arte experimental, pautada na liberdade de criação, uma arte que, de forma crítica, apontasse os elementos nacionais, sem perder seu caráter universal, e valorizasse a língua e a cultura brasileiras.

Leia também: Cecília Meireles — poeta brasileira da segunda fase do modernismo

Poemas de Manuel Bandeira

É do livro Ritmo dissoluto o famoso poema “Os sinos”. Ele é marcado pela simplicidade, musicalidade e nacionalismo:

Sino de Belém,
Sino da Paixão...

Sino de Belém,
Sino da Paixão...

Sino do Bonfim!...
Sino do Bonfim!...

Sino de Belém, pelos que inda vêm!
Sino de Belém, bate bem-bem-bem.

Sino da Paixão, pelos que lá vão!
Sino da Paixão, bate bão-bão-bão.

Sino do Bonfim, por quem chora assim?...

Sino de Belém, que graça ele tem!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.

Sino da Paixão — pela minha mãe!

Sino da Paixão — pela minha irmã!
Sino do Bonfim, que vai ser de mim?...

Sino de Belém, como soa bem!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.

Sino da Paixão... Por meu pai?... — Não! Não!...
Sino da Paixão bate bão-bão-bão.

Sino do Bonfim, baterás por mim?...

Sino de Belém,
Sino da Paixão...
Sino da Paixão, pelo meu irmão...

Sino da Paixão,
Sino do Bonfim...
Sino do Bonfim, ai de mim, por mim!

Sino de Belém, que graça ele tem!

Já o poema “Meninos carvoeiros”, do mesmo livro, é escrito em versos livres e apresenta realismo social, mas sem perder o lirismo, apesar de ter traços narrativos:

Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.

Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.

(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)

— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles...
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
— Eh, carvoero!

Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados!

Par ler mais poemas de Manuel Bandeira, clique aqui.

Prêmios e homenagens a Manuel Bandeira

  • Prêmio de Poesia do IBEC (1946).

  • Prêmio Moinho Santista (1966).

Além disso, alguns amigos do poeta publicaram, em 1936, a obra Homenagem a Manuel Bandeira. Já em 1966, o autor recebeu da presidência da República a Ordem do Mérito Nacional. Nesse mesmo ano, ganhou o título de Cidadão Carioca.

Frases de Manuel Bandeira

A seguir, vamos ler algumas frases de Manuel Bandeira, extraídas de sua obra A cinza das horas. Para isso, fizemos uma adaptação e transformamos seus versos em prosa:

“Eu faço versos como quem chora.”

“Eu faço versos como quem morre.”

“Amor?... — chama, e, depois, fumaça: o fumo vem, a chama passa...”

“O que tu chamas tua paixão, é tão somente curiosidade.”

“Teu corpo é chama e flameja como à tarde os horizontes...”

“Teu corpo... a única ilha no oceano do meu desejo...”

“Uma nova poesia desceu do céu, subiu do mar, cantou na estrada...”

“Como dói viver quando falta a esperança!”

“Só a dor enobrece e é grande e é pura.”

“A vida é vã como a sombra que passa…”

Créditos da imagem

[1] Global Editora (reprodução)

Fontes:

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

ABL. Manuel Bandeira: biografia. Disponível em: http://www.academia.org.br/academicos/manuel-bandeira/biografia.

ARMANDO, Paulo. Os três anjos de Manuel Bandeira. Travessia, Florianópolis, v. 5, n. 13, 1986.

BANDEIRA, Manuel. A cinza das horas. In: BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. São Paulo: Global, 2013.

BANDEIRA, Manuel. Cronologia. In: BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. São Paulo: Global, 2013.

BANDEIRA, Manuel. Meninos carvoeiros. In: BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. São Paulo: Global, 2013.

BANDEIRA, Manuel. Os sinos. In: BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. São Paulo: Global, 2013.

ENDO, Jucimeire Ramos de Souza. A poetização do cotidiano na poesia de Manuel Bandeira. 2006. Dissertação (Mestrado em Literatura e Crítica Literária) – Faculdade de Letras, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2006.

FLORES JR., Wilson José. Ambivalências em Pasárgada: a poesia de Manuel Bandeira em suas tensões. 2013. Tese (Doutorado em Letras) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2013.