Graciliano Ramos
Graciliano Ramos é um escritor que pertence à segunda fase do modernismo brasileiro ou à geração de 1930. É autor de obras como Vidas secas e S. Bernardo.
Por Warley Souza

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Graciliano Ramos foi um escritor brasileiro modernista, alagoano, nascido na cidade de Quebrangulo, em 27 de outubro de 1892. Suas obras apresentam elementos regionalistas, realismo social, linguagem objetiva e visão determinista. Ele é autor de livros como Vidas Secas, S. Bernardo, Memórias do cárcere e Infância. Casou-se pela primeira vez em 1915, mas ficou viúvo cinco anos depois. Seu segundo casamento ocorreu em 1928. Ele teve oito filhos.
Além de escrever para diversos periódicos, ele foi prefeito de Palmeira dos Índios, diretor da Imprensa Oficial de Alagoas, Inspetor Federal de Ensino Secundário do Rio de Janeiro e presidente da Associação Brasileira de Escritores. O escritor, que morreu em 20 de março de 1953, no Rio de Janeiro, fez parte da segunda fase do modernismo no Brasil.
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Resumo sobre Graciliano Ramos
- Graciliano Ramos foi um escritor brasileiro nascido em Alagoas, em 1892.
- Esse romancista brasileiro pertenceu à segunda fase modernista.
- Além de escritor, foi comerciante e diretor da Instrução Pública de Alagoas.
- Suas obras são marcadas pelo realismo social e por elementos regionalistas.
- Ele é autor de livros como S. Bernardo, Vidas secas e Memórias do cárcere.
- Graciliano Ramos morreu em 1953.
Biografia de Graciliano Ramos
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Nascimento de Graciliano Ramos
Graciliano Ramos nasceu em Quebrangulo, no estado de Alagoas, no dia 27 de outubro de 1892.
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Infância de Graciliano Ramos
Em 1895, sua família se mudou para a cidade de Buíque, no estado de Pernambuco. Ali, seu pai comprou uma fazenda, mas tiveram que enfrentar a seca. Então o pai do escritor voltou a trabalhar como comerciante. Assim, o pequeno Graciliano foi criado nesse ambiente seco.
A secura estava presente também em seus pais, extremamente rígidos e nada afetivos. Eles educavam os filhos com castigos físicos, fato marcante nas memórias do escritor. Em 1899, a família de Graciliano se mudou para Viçosa, no estado de Alagoas. Mais tarde, o autor foi estudar em Maceió, no colégio Quinze de Março.
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Juventude de Graciliano Ramos
Sua carreira de escritor teve início em 1906, quando escreveu para o jornal Echo Viçosense. Nesse ano, também publicou sonetos, sob pseudônimo, na revista carioca O Malho. Foi redator do Jornal de Alagoas a partir de 1909. Paralelamente à função de escritor, trabalhou na loja do pai, em Palmeira dos Índios, de 1910 a 1914.
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Casamento de Graciliano Ramos
Depois de viver cerca de um ano no Rio de Janeiro, onde foi revisor nos jornais Correio da Manhã, A Tarde e O Século, retornou a Palmeira dos Índios, em 1915, para se casar com Maria Augusta de Barros (1896-1920). No entanto, sua esposa morreu no parto cinco anos depois. Seu segundo casamento ocorreu em 1928, quando se casou com a jovem Heloísa Leite de Medeiros (1910-1999).
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Filhos de Graciliano Ramos
Teve oito filhos. Os filhos do primeiro casamento foram: Márcio Ramos, nascido em 1916; Júnio Ramos, nascido em 1917; Múcio Ramos, nascido em 1919; e Maria Augusta Ramos, nascida 1920. Do segundo casamento: Ricardo de Medeiros Ramos, nascido em 1929; Roberto de Medeiros Ramos, nascido em 1930, mas viveu apenas seis meses; Luiza de Medeiros Ramos, nascida em 1931; e Clara Medeiros Ramos, nascida em 1932.
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Formação e atuação profissional de Graciliano Ramos
Graciliano Ramos não tinha formação acadêmica. Para sustentar a família, trabalhou na loja de tecidos Sincera, de propriedade de seu pai, em Palmeira dos Índios. Em 1927, tornou-se prefeito de Palmeira dos Índios e renunciou ao cargo em 1930, ano em que assumiu o cargo de diretor da Imprensa Oficial de Alagoas, na cidade de Maceió.
Atuou nesse cargo durante pouco mais de um ano. Em 1933, passou a trabalhar como diretor da Instrução Pública de Alagoas. Em 1939, assumiu o cargo de Inspetor Federal de Ensino Secundário do Rio de Janeiro. Já em 1951, passou a presidir a Associação Brasileira de Escritores.
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Prisão de Graciliano Ramos
Foi preso, por questões políticas, em 1936, durante o governo do presidente Getúlio Vargas (1882-1954). Ficou em um presídio no Rio de Janeiro e só foi libertado no ano seguinte. Dessa experiência, surgiu o livro Memórias do cárcere. A filiação de Graciliano Ramos ao Partido Comunista Brasileiro ocorreu em 1945.
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Carreira de escritor de Graciliano Ramos
Em 1906, começou a escrever para periódicos da época. Contudo, assim que se casou, em 1915, Graciliano Ramos parou de publicar textos nesses periódicos e só retornou a essa atividade em 1921, após a morte de sua primeira esposa. Seu primeiro livro, Caetés, foi publicado em 1933. A partir daí, o autor teve uma carreira bem-sucedida como romancista.
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Morte de Graciliano Ramos
O escritor morreu em 20 de março de 1953, na cidade do Rio de Janeiro, vitimado por um câncer no pulmão.
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O que Graciliano Ramos defendia?
Como a maioria dos escritores da geração de 1930, como Jorge Amado e Erico Verissimo, Graciliano Ramos defendia a justiça e a igualdade social.
Quais as características das obras de Graciliano Ramos?
As obras de Graciliano Ramos apresentam características da segunda fase modernista, tais como realismo social, além de crítica social e política. O autor tem uma prosa de caráter regionalista, já que evidencia elementos da região do Nordeste brasileiro. Outra característica das obras de escritores da geração de 1930 é a objetividade.
Nas obras de Graciliano, o narrador mostra o lado dos menos favorecidos, de forma a fazer leitoras e leitores sentirem empatia pelos personagens. Outro elemento importante é a descrição do espaço narrativo, o qual exerce influência sobre a personalidade dos personagens. Desse modo, as obras da segunda fase modernista também apresentam elementos deterministas.
Principais obras de Graciliano Ramos

- Caetés (1933) — romance
- S. Bernardo (1934) — romance
- Angústia (1936) — romance
- Vidas secas (1938) — romance
- A terra dos meninos pelados (1939) — infantojuvenil
- Histórias de Alexandre (1944) — infantojuvenil
- Dois dedos (1945) — contos
- Infância (1945) — autobiografia
- Histórias incompletas (1946) — contos
- Insônia (1947) — contos
- Memórias do cárcere (1953) — autobiografia
- Viagem (1954) — memórias
- Linhas tortas (1962) — crônicas
- Alexandre e outros heróis (1962) — infantojuvenil
- Cartas (1980) — correspondência
- O estribo de prata (1984) — infantojuvenil
- Cartas de amor a Heloísa (1992) — correspondência
- Minsk (2013) — infantojuvenil
Frases de Graciliano Ramos
A seguir, vamos ler algumas frases de Graciliano Ramos, retiradas de suas obras Memórias do cárcere e Cartas:
- “Acho medonho alguém viver sem paixões.”
- “Certos escritores se desculpam de não haverem forjado coisas excelentes por falta de liberdade — talvez ingênuo recurso de justificar inépcia ou preguiça.”
- “Este meu corpo é um saco de moléstias.”
- “A causa de nossos maiores pesares, de nossas mais complicadas tristezas, não vale, de ordinário, uma lágrima.”
- “O verdadeiro infeliz é aquele que está com fome e não encontra no bolso dois tostões para comprar um copo de leite.”
- “Eu não me pareço ateu, como está em sua carta. Sempre o fui, graças a Deus.”
- “Não quero emprego no comércio — antes ser mordido por uma cobra.”
- “É uma coisa muito desagradável morar-se com um imbecil.”
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Prêmios e homenagens a Graciliano Ramos
Graciliano Ramos recebeu os seguintes prêmios:
- Prêmio Lima Barreto (1936)
- Prêmio Literatura Infantil (1939)
- Prêmio Felipe de Oliveira (1942)
- Prêmio da Fundação William Faulkner (1962), dos Estados Unidos
Em 2003, foi instituído o Prêmio Nossa Gente, Nossas Letras, o qual homenageou Graciliano Ramos. Nesse mesmo ano, o escritor foi homenageado pelo Grupo Tortura Nunca Mais com a Medalha Chico Mendes de Resistência. Já em 2013, foi homenageado no II Salão Nacional do Jornalista Escritor.
Crédito da imagem
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.
RAMOS, Graciliano. Cartas. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.
RAMOS, Graciliano. Cronologia. In: RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 120. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013.
RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. 45. ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.
SITE OFICIAL DO ESCRITOR GRACILIANO RAMOS. Linha do tempo. Disponível em: https://graciliano.com.br/vida/linha-do-tempo/.