Busca

Barroco no Brasil

Barroco no Brasil foi um estilo de época vigente nos séculos XVII e XVIII. Ele é marcado pelo culto ao contraste e conta com autores como o poeta Gregório de Matos.

Por Warley Souza

Mapa mental com as características, os autores e as obras do barroco no Brasil.
O barroco no Brasil foi um estilo de época vigente nos séculos XVII e XVIII.
Crédito da Imagem: Gabriel Franco | Português
Imprimir
Texto:
A+
A-

PUBLICIDADE

O barroco no Brasil foi um estilo de época que perdurou entre 1601 e 1768. As obras literárias desse período são caracterizadas pelo contraste, temática religiosa, além de elementos como o cultismo e o conceptismo. Bento Teixeira, autor de Prosopopeia; Padre Antônio Vieira, autor de Sermões; e Gregório de Matos, autor de poemas filosóficos, sacros e satíricos são os principais nomes da literatura barroca brasileira.

Leia também: Como foi o barroco no mundo?

Resumo sobre o barroco no Brasil

  • Barroco no Brasil foi um estilo de época da literatura brasileira que vigorou entre 1601 e 1768.
  • O estilo barroco é marcado pelo culto ao contraste e pelo teocentrismo.
  • A antítese e o paradoxo são duas figuras recorrentes na literatura barroca.
  • Os autores do Barroco no Brasil são:
    • Bento Teixeira;
    • Gregório de Matos;
    • Padre Antônio Vieira.

Videoaula sobre o barroco no Brasil

O que foi o barroco no Brasil?

O barroco no Brasil foi um estilo de época da literatura brasileira que vigorou entre 1601 e 1768.

Características do barroco no Brasil

Tanto na Europa quanto no Brasil, o barroco é marcado pelo conflito existencial e pelo culto ao contraste. Por isso, as duas principais figuras de linguagem utilizadas nos textos barrocos são a antítese, caracterizada pela oposição, e o paradoxo, caracterizado pela contradição. O hipérbato, a hipérbole, a sinestesia e a metáfora também são figuras recorrentes.

O barroco apresenta elementos teocêntricos, pessimismo, rebuscamento, morbidez e feísmo (fascinação pelo grotesco, feio ou desagradável). Ao lado da culpa cristã, aparece o carpe diem (aproveitar o dia), de forma a refletir o conflito humano entre o prazer e o pecado.

O conceptismo se configura em um jogo de ideias em prol de uma argumentação, enquanto o cultismo é um jogo de palavras, isto é, o trabalho com a linguagem. Além desses dois elementos marcantes do estilo barroco, predomina, na poesia, a medida nova, ou seja, os versos decassílabos herdados do classicismo.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Principais obras do barroco no Brasil

Sermões escolhidos”, obra de Padre Antônio Vieira que integra o barroco no Brasil, publicado pela editora FTD.
Capa do livro Sermões escolhidos, de Padre Antônio Vieira, publicado pela editora FTD.[1]
  • Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira.
  • Esperanças de Portugal (1659), de Padre Antônio Vieira.
  • Sermões (1679), de Padre Antônio Vieira.
  • História do futuro (1718), de Padre Antônio Vieira.

Além dessas obras, são importantes os poemas filosóficos, sacros e satíricos do poeta baiano Gregório de Matos. Os poemas do escritor só foram publicados em forma de livro após a sua morte.

Autores do Barroco no Brasil

Arte barroca no Brasil

Escultura de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, importante escultor brasileiro que faz parte do barroco no Brasil.
Escultura do artista barroco brasileiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. [2]

A arte barroca no Brasil teve seu auge no século XVIII e está vinculada à estética rococó. Assim, o barroco-rococó brasileiro apresenta estas características:

  • elementos da tradição católica;
  • marcas da cultura brasileira;
  • temática religiosa;
  • preferência por linhas curvas;
  • assimetria das formas;
  • cores claras e suaves;
  • aspecto ornamental.

Os principais artistas representantes da estética barroca no Brasil são os escultores Mestre Valentim (1745-1813) e Francisco Xavier de Brito (?-1751), além do pintor Mestre Ataíde (1762-1830). Por sua vez, o grande nome da arte barroca brasileira é o famoso arquiteto e escultor Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), conhecido como Aleijadinho.

Contexto histórico do barroco no Brasil

No século XVII, a economia brasileira era dependente da produção de cana-de-açúcar e utilizava mão de obra escrava de indígenas e africanos. Além disso, a Igreja Católica ainda tinha grande poder político. Ainda colônia de Portugal, o Brasil estava em processo de formação, ou seja, de construção de sua identidade.

Desse modo, o país recebia influência de culturas distintas, isto é, portuguesa, indígena e africana. Mas o que mais predominava era a tradição católica, que moldava os rumos dos habitantes do país. Essa influência, fortalecida a partir da Contrarreforma (ocorrida no século XVI), é marcante na literatura e na arte barrocas.

Veja também: Arcadismo — detalhes sobre o estilo de época que sucedeu o barroco no Brasil

Exercícios resolvidos sobre o barroco no Brasil

Questão 1

(Enem)

Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele Povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Pois mandado pela alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro Deus,
que veio estirpar desta cidade
O Faraó do povo brasileiro.

DAMASCENO, D. (org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por:

A) visão cética sobre as relações sociais.

B) preocupação com a identidade brasileira.

C) crítica velada à forma de governo vigente.

D) reflexão sobre os dogmas do cristianismo.

E) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

Resolução:

Alternativa C.

O eu lírico utiliza a figura do Faraó como metáfora para representar o governo da Bahia, o qual, segundo o eu lírico, seria tão tirano quanto o Faraó que oprimiu o Povo Hebreu. Desse modo, faz uma crítica velada à forma de governo vigente.

Questão 2

(Ufla)

Epílogos

Que falta nesta cidade?..... Verdade
Que mais por sua desonra?..... Honra
Falta mais que se lhe ponha...... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.

Quem a pôs neste socrócio?..... Negócio
Quem causa tal perdição?..... Ambição
E o maior desta loucura?..... Usura.
Notável desventura
de um povo néscio, e sandeu,
que não sabe, que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura.

MATOS, G. de. Antologia. Porto Alegre: L&PM, 1999.

O fragmento de poema apresentado:

A) adota a forma do soneto, amplamente difundida pela escola barroca.

B) exemplifica a sátira que foge ao estilo predominante na estética barroca.

C) exercita o estilo cultista de linguagem, típico da escola barroca.

D) representa a lírica filosófica barroca por abordar a transitoriedade de valores.

Resolução:

Alternativa B.

No poema de Gregório de Matos, o eu lírico satiriza uma cidade (cidade da Bahia, ou Salvador). Em sua crítica, ele mostra que ela está tomada por negócio, ambição e usura, pois lhe falta verdade, honra e vergonha. Apesar de ser uma das principais características da poesia de Gregório de Matos, a sátira foge ao estilo predominante na estética barroca, marcada por uma poesia de caráter religioso ou existencial.

Créditos de imagem

[1] Lumisfera / FTD (reprodução)

[2] Renan Martelli da Rosa / Shutterstock

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

LEMES, Jorge Pedro Barbosa. O Barroco no Brasil: arte e educação nas obras de Antônio Francisco Lisboa. 2012. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2012.

VAL, Andréa Vanessa da Costa; ROSÁRIO, Rayane Soares. O Barroco e Rococó mineiro: arte, arquitetura, artistas. Jurisp. Mineira, Belo Horizonte, a. 63, n. 203, p. 13-22, out/ dez. 2012.

Videoaulas