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Obras do modernismo no Brasil

As obras do modernismo no Brasil são inovadoras e, na literatura, estão divididas nas três fases do movimento. Macunaíma é uma das obras mais famosas do modernismo brasileiro.

Por Warley Souza

Representação estilizada de um indígena na capa do livro Macunaíma, uma das principais obras do modernismo no Brasil.
Capa do livro Macunaíma, publicado pela Global Editora, uma das principais obras do modernismo no Brasil.[1]
Crédito da Imagem: Editora Global
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As obras do modernismo no Brasil são marcadas por inovação, nacionalismo, crítica social e temática universal. A literatura modernista brasileira tem importantes obras, como Macunaíma, de Mário de Andrade, autor da primeira fase modernista, e Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, autora da segunda fase modernista.

São destaques da terceira fase modernista, ou pós-modernismo, as obras Poema sujo, de Ferreira Gullar, A hora da estrela, de Clarice Lispector, e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Já o principal nome das artes plásticas do modernismo no Brasil foi a pintora Tarsila do Amaral, autora da famosa obra Abaporu.

Leia também: Dadaísmo — a vanguarda artística mais radical do século XX

Resumo sobre obras do modernismo no Brasil

  • Algumas das obras mais importantes do modernismo no Brasil são: Macunaíma, Vidas secas, Poema sujo, A hora da estrela e Grande sertão: veredas.

  • As obras literárias do modernismo no Brasil podem ser inseridas em uma destas fases: primeira fase (nacionalista e antiacadêmica); segunda fase (existencialista e regionalista); terceira fase (pós-moderna).

  • Nas outras artes, a principal artista modernista foi a pintora Tarsila do Amaral, autora de obras como Abaporu e Operários.

Principais obras do modernismo no Brasil

Principais obras da literatura modernista brasileira

  • Memórias sentimentais de João Miramar (1924), de Oswald de Andrade (1890-1954).

  • Macunaíma (1928), de Mário de Andrade (1893-1945).

  • Libertinagem (1930), de Manuel Bandeira (1886-1968).

  • O quinze (1930), de Rachel de Queiroz (1910-2003).

  • Menino de engenho (1932), de José Lins do Rego (1901-1957).

  • Capitães da areia (1937), de Jorge Amado (1912-2001).

  • Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos (1892-1953).

  • Novos poemas (1938), de Vinicius de Moraes (1913-1980).

  • O visionário (1941), de Murilo Mendes (1901-1975).

  • A rosa do povo (1945), de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).

  • Poemas negros (1947), de Jorge de Lima (1893-1953).

  • O tempo e o vento (1949-1961), de Erico Verissimo (1905-1975).

  • Romanceiro da Inconfidência (1953), de Cecília Meireles (1901-1964).

  • Morte e vida severina (1955), de João Cabral de Melo Neto (1920-1999).

  • Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa (1908-1967).

  • O encontro marcado (1956), de Fernando Sabino (1923-2004).

  • Poema sujo (1976), de Ferreira Gullar (1930-2016).

  • A hora da estrela (1977), de Clarice Lispector (1920-1977).

  • Poesia pois é poesia (1977), de Décio Pignatari (1927-2012).

  • Viva vaia (1979), de Augusto de Campos (1931-).

  • Galáxias (1984), e Haroldo de Campos (1929-2003).

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Principais obras modernistas em outras artes

  • O homem amarelo (1917), pintura de Anita Malfatti (1889-1964).

  • Cabeça de Cristo (1920), escultura de Victor Brecheret (1894-1955).

  • A sombra (1922), pintura de Zina Aita (1900-1967).

  • Atirador de arco (1925), pintura de Vicente do Rego Monteiro (1899-1970).

  • Bachianas brasileiras (1930-1945), composição de Heitor Villa-Lobos (1887-1959).

  • Os retirantes (1944), pintura de Candido Portinari (1903-1962).

Veja também: Quais são as características principais do movimento modernista?

Obras do modernismo de Tarsila do Amaral

Rostos retratados na pintura Os operários, obra modernista de Tarsila do Amaral.
Operários, de Tarsila do Amaral, é uma conhecida obra do modernismo.[2]

A principal artista da pintura modernista brasileira foi a paulista Tarsila do Amaral (1886-1973), autora das seguintes obras:

  • Rio de Janeiro (1923)

  • A negra (1923)

  • Caipirinha (1923)

  • Morro da favela (1924)

  • Carnaval em Madureira (1924)

  • E. F. C. B. (1924)

  • A Cuca (1924)

  • A gare (1925)

  • O mamoeiro (1925)

  • Palmeiras (1925)

  • Abaporu (1928)

  • O touro (1928)

  • Distância (1928)

  • Floresta (1929)

  • Cartão-postal (1929)

  • Antropofagia (1929)

  • Paisagem com ponte (1931)

  • Operários (1933)

  • Segunda classe (1933)

  • Orfanato (1935-1949)

  • Costureiras (1936-1950)

  • Povoação I (1952)

  • Lavadeira (1952)

  • Porto I (1953)

  • Batizado de Macunaíma (1956)

  • Paisagem com dezesseis casas (1967)

Figura humana sentada ao lado de um cacto, sob o sol, retratada na pintura Abaporu, obra modernista de Tarsila do Amaral.
Abaporu, outra famosa obra de Tarsila.[3]

Características das obras do modernismo no Brasil

A literatura do modernismo brasileiro apresenta três fases. As obras da primeira fase (1922-1930) têm caráter inovador, experimental, nacionalista, irônico, regional e antiacadêmico. A poesia dessa fase valoriza os versos livres e a linguagem coloquial.

a segunda fase (1930-1945) é marcada por temática existencial e crítica sociopolítica. É conhecida como fase de reconstrução, por isso busca o equilíbrio entre tradição e inovação. As poesias apresentam versos regulares, brancos e livres. A prosa tem elementos regionalistas, realismo social, visão determinista e linguagem simples. Por fim, são destaques da terceira fase (1945-1978) a poesia de 1945, a poesia concreta e a prosa pós-moderna.

Também chamada de pós-modernismo, a terceira fase apresenta uma poesia lírica com crítica sociopolítica e cuidado formal. A poesia concreta tem caráter verbivocovisual (alia palavra, som e imagem). Já a prosa da terceira fase é fragmentária e não convencional. As narrativas apresentam fluxo de consciência, metalinguagem e temática universal.

Em relação às outras artes do modernismo no Brasil, as obras também são marcadas pelo aspecto antiacadêmico, inovador e nacionalista. O destaque é a pintura modernista brasileira, a qual sofreu influência das vanguardas europeias, de forma que tem traços de movimentos como o cubismo, o surrealismo e o expressionismo.

Saiba mais: Futurismo — principal movimento que influenciou o modernismo

Exercícios resolvidos sobre obras do modernismo no Brasil

Questão 1 (Enem)

Representação estilizada de um indígena na capa do livro Macunaíma, uma das principais obras do modernismo no Brasil.
(Tarsila do Amaral, Operários.)

Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora.

(Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)

O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em:

A) “Pensem nas meninas

Cegas inexatas

Pensem nas mulheres

Rotas alteradas.”

(Vinicius de Moraes)

B) “Somos muitos severinos

iguais em tudo e na sina:

a de abrandar estas pedras

suando-se muito em cima.”

(João Cabral de Melo Neto)

C) “O funcionário público

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada em arquivos.”

(Ferreira Gullar)

D) “Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os

sonhos do mundo.”

(Fernando Pessoa)

E) “Os inocentes do Leblon

Não viram o navio entrar [...]

Os inocentes, definitivamente inocentes tudo ignoravam,

mas a areia é quente, e há um óleo suave

que eles passam pelas costas, e aquecem.”

(Carlos Drummond de Andrade)

Resolução:

Alternativa B.

Os versos do autor modernista João Cabral de Melo Neto iguala todos os Severinos (nordestinos), assim como a pintura de Tarsila do Amaral iguala os operários no que se refere à sua função na sociedade. Em ambas as obras, os personagens têm uma triste sina.

Questão 2 (Enem)

Vei, a Sol

Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota para vê.

si não havia alguma cova com dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas.

Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse pro céu.

Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito.

— Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora.

Assim nasceu a expressão “Vá tomar banho” que os brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes europeus.

ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado “Vei, a Sol”, do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro.

Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é possível identificar

A) resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do século XIX.

B) ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso comum ao texto narrativo da primeira fase modernista.

C) referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e o atraso de algumas regiões do país.

D) descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros, representados por Macunaíma e Caiuanogue.

E) uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional.

Resolução:

Alternativa E.

O romance Macunaíma, uma das principais obras da primeira fase do modernismo no Brasil, usa linguagem coloquial (por exemplo, “para vê si”, “pro escolhido”, “pediu pra ela” e “pro céu”). Não só a “linguagem brasileira” é utilizada como meio de valorização da cultura popular nacional, mas também elementos lendários ou folclóricos, como a estrela da manhã Caiuanogue e a origem fantástica da expressão “Vá tomar banho”.

Créditos das imagens

[1] Global Editora (reprodução)

[2] Wikimedia Commons

[3] Wikimedia Commons

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

AJZENBERG, Elza. A Semana de Arte Moderna de 1922. Revista Cultura e Extensão, São Paulo, v. 7, p. 25-29, 2012.

NASCIMENTO, Evando. A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo brasileiro: atualização cultural e “primitivismo” artístico. Gragoatá, Niterói, n. 39, p. 376-391, jul./ dez. 2015.

SALLES, Christian Bruno Alves. A utopia antropofágica: rastos e horizontes. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, v. 8, p. 273-295, jan./ abr. 2018.

TARSILA. Obras. Disponível em: https://www.tarsiladoamaral.com.br/fase-1.