Cubismo

O cubismo é um dos movimentos de vanguarda surgidos do início do século XX. O principal nome dessa estética é o pintor Pablo Picasso.

Arte ilustrada com Pablo Picasso, o pintor mais famoso do cubismo.
Pablo Picasso é o mais famoso pintor cubista.
Crédito da Imagem: Shutterstock

O cubismo é uma das vanguardas europeias (movimentos artísticos que surgiram na Europa no início do século XX). Nascido em 1907, o cubismo apresenta uma estética antiacadêmica, marcada pela fragmentação e pelo geometrismo. Está fortemente vinculado às artes visuais. A obra As senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso, é uma pintura cubista famosa em todo o mundo.

No Brasil, alguns artistas modernistas, como Ismael Nery, Anita Malfatti e Candido Portinari, produziram pinturas com traços cubistas. Já na literatura, o destaque é o escritor francês Guillaume Apollinaire. Assim, a literatura de viés cubista apresenta fragmentação e aspecto ilógico.

Leia também: Expressionismo — outro movimento de vanguarda que surgiu no início do século XX

Resumo sobre cubismo

Videoaula sobre cubismo

Quais são as características do cubismo?

De forma geral, o cubismo apresenta as seguintes características:

Características das fases do cubismo

Principais artistas do cubismo

Escultores do cubismo

Pintores do cubismo

Compositor do cubismo

Cubismo no Brasil

No Brasil, alguns artistas modernistas sofreram influência da estética cubista, tais como:

Um exemplo dessa influência é a obra Autorretrato, produzida em 1930 pelo pintor Ismael Nery. Nela, é possível observar o geometrismo, isto é, a evidenciação de elementos geométricos:

Obra “Autorretrato”, do pintor Ismael Nery, um exemplo da influência do cubismo no Brasil.

A influência cubista no país também está presente nos textos de Oswald de Andrade, um dos principais escritores do modernismo brasileiro.

Cubismo na literatura

A literatura de viés cubista é marcada pela fragmentação na exposição de fatos ou ideias. Desse modo, ela privilegia o nonsense (a falta de sentido), o caráter ilógico dos acontecimentos. Ela mostra a realidade em fragmentos, quase sempre sem conexão aparente. Essa desintegração da realidade é feita objetivamente. Escreveram textos de caráter cubista:

A seguir, vamos ler alguns trechos do longo poema Zona|1|, de Guillaume Apollinaire. Nele, a fragmentação cubista é evidente:

Por fim estás cansado deste mundo antigo

Pastora ó torre Eiffel o rebanho das pontes bale esta manhã

[...]

Aqui até os automóveis parecem antigos
A religião sozinha continua nova a religião
Continua simples como os galpões de Porto-Aviação
[...]

Eis a jovem rua e tu és ainda uma criancinha
Tua mãe só te veste de azul e branco
És muito piedoso e com o mais antigo de teus camaradas René Dalize
Vocês não amam nada tanto quanto as pompas da igreja
São nove horas a luz de gás baixou toda azul vocês saem do dormitório escondidos
[...]

Andas para Auteuil queres ir à tua casa a pé
Dormir entre os fetiches da Oceania e da Guiné
Eles são Cristos de outra forma e outras crenças
São Cristos inferiores das obscuras esperanças
[...]

Contexto histórico do cubismo

“As senhoritas de Avignon”, tela de Pablo Picasso que inaugurou o cubismo.
As senhoritas de Avignon, tela de Pablo Picasso que inaugurou o cubismo. [1]

A tela As senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso, é a obra inaugural do cubismo e data do ano de 1907. Portanto, esse movimento surgiu em um contexto político tumultuado na Europa do início do século XX. Nesse contexto, o estímulo ao nacionalismo, a corrida armamentista e a tensão política entre as grandes potências são elementos que levaram à Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Ao lado do conflito político, havia também o otimismo causado pelas inovações tecnológicas e científicas. Esse espírito inovador acabou influenciando os artistas, que buscavam novas formas de se fazer arte. Desse modo, houve a valorização do presente, em oposição à tradição do passado.

Era um presente marcado pela velocidade e pelo encurtamento das distâncias, com o uso de automóveis, telefones e a invenção do avião. Além disso, novas teorias científicas mudavam a forma como a humanidade via a realidade até então. Estamos falando da teoria da relatividade, de Albert Einstein (1879-1955), e das teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939).

Veja também: Futurismo — outro movimento de vanguarda que valorizou o antitradicionalismo e o culto à guerra e à velocidade

Exercícios resolvidos sobre cubismo

Questão 1

Todas as obras abaixo apresentam o geometrismo da arte cubista, EXCETO:

A)

Obra “Figura”, de Ismael Nery, um autor que recebeu influência do cubismo.
Figura, de Ismael Nery.

B)

Obra “Violão e clarinete”, de Juan Gris, um autor que recebeu influência do cubismo.
Violão e clarinete, de Juan Gris.

C)

Obra “Guernica”, de Pablo Picasso, autor que inaugurou o cubismo.
Guernica, de Pablo Picasso. (Crédito de imagem: Jules Verne Times Two / Wikimedia Commons | Reprodução)

D)

Obra “O retrato de Florent Schmitt”, de Albert Gleizes, um autor que recebeu influência do cubismo.
O retrato de Florent Schmitt, de Albert Gleizes.

E)

Obra “Davi com a cabeça de Golias”, de Caravaggio.
Davi com a cabeça de Golias, de Caravaggio.

Resolução:

Alternativa E.

Chama a atenção, nas obras, a presença de figuras geométricas em sua composição. A exceção é a tela barroca de Caravaggio, marcada pela oposição entre luz e sombra e pelo seu caráter mórbido.

Questão 2

Leia, a seguir, o poema “Hípica”, do escritor modernista Oswald de Andrade:

Saltos records
Cavalos da Penha
Correm jóqueis de Higienópolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca
Chá
Na sala de cocktails

Após a análise do texto, é possível afirmar que ele possui característica cubista, já que apresenta:

A) fragmentação.

B) idealização.

C) cultismo.

D) conceptismo.

E) versos livres.

Resolução:

Alternativa A.

No poema de Oswald de Andrade é gritante a fragmentação, pois cada verso apresenta uma imagem diferente, fragmentos da realidade de um clube de hipismo.

Notas

|1| APOLLINAIRE, G. Zona. In: APOLLINAIRE, G. Álcoois e outros poemas. Tradução de Daniel Fresnot. São Paulo: Martin Claret, 2005.

Crédito de imagem

[1] Oscity / Shutterstock

Fontes

ABAURRE, M. L. M.; PONTARA, M. Literatura brasileira: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

ANDRADE, O. Hípica. In: ANDRADE, O. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.

APOLLINAIRE, G. Zona. In: APOLLINAIRE, G. Álcoois e outros poemas. Tradução de Daniel Fresnot. São Paulo: Martin Claret, 2005.

CEIA, C. Cubismo. Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/cubismo/.

MERINO, X. D. Cubismo literário: da forma à poesia. Revista de Literatura, História e Memória, v. 7, n. 10, p. 321-335, 2011.  


Fonte: Português - https://www.portugues.com.br/literatura/vanguardas-europeias---cubismo-futurismo.html