O cubismo é uma das vanguardas europeias (movimentos artísticos que surgiram na Europa no início do século XX). Nascido em 1907, o cubismo apresenta uma estética antiacadêmica, marcada pela fragmentação e pelo geometrismo. Está fortemente vinculado às artes visuais. A obra As senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso, é uma pintura cubista famosa em todo o mundo.
No Brasil, alguns artistas modernistas, como Ismael Nery, Anita Malfatti e Candido Portinari, produziram pinturas com traços cubistas. Já na literatura, o destaque é o escritor francês Guillaume Apollinaire. Assim, a literatura de viés cubista apresenta fragmentação e aspecto ilógico.
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O cubismo é um movimento de vanguarda surgido em 1907, na Europa.
Ele apresenta uma visão fragmentária e geométrica da realidade.
Pablo Picasso, autor da obra As senhoritas de Avignon, é o mais famoso pintor cubista.
Traços cubistas podem ser encontrados em pinturas modernistas brasileiras.
As características cubistas também podem ser observadas em obras do escritor brasileiro Oswald de Andrade.
Na literatura mundial, autores como Guillaume Apollinaire possuem obras de caráter cubista.
De forma geral, o cubismo apresenta as seguintes características:
antiacademicismo;
fragmentação do objeto representado;
imagem bidimensional;
valorização do aspecto geométrico.
Fase primitiva: planos largos, simples e volumétricos.
Fase analítica: decomposição dos objetos, condensação dos planos e monocromatismo.
Fase sintética: cores fortes, colagens e imagens decorativas.
Raymond Duchamp-Villon (1876-1918) — francês.
Constantin Brancusi (1876-1957) — romeno.
Pablo Gargallo (1881-1934) — espanhol.
Alexander Archipenko (1887-1964) — ucraniano.
Jacques Lipchitz (1891-1973) — lituano.
Albert Gleizes (1881-1953) — francês.
Fernand Léger (1881-1955) — francês.
Pablo Picasso (1881-1973) — espanhol.
Georges Braque (1882-1963) — francês.
Jean Metzinger (1883-1956) — francês.
Roger de la Fresnaye (1885-1925) — francês.
Robert Delaunay (1885-1941) — francês.
Sonia Delaunay (1885-1979) — ucraniana.
Juan Gris (1887-1927) — espanhol.
Ígor Stravinsky (1882-1971) — russo.
No Brasil, alguns artistas modernistas sofreram influência da estética cubista, tais como:
Tarsila do Amaral (1886-1973)
Anita Malfatti (1889-1964)
Antonio Gomide (1895-1967)
Vicente do Rego Monteiro (1899-1970)
Ismael Nery (1900-1934)
José Pancetti (1902-1958)
Candido Portinari (1903-1962)
Clóvis Graciano (1907-1988)
Milton Dacosta (1915-1988)
Antonio Bandeira (1922-1967)
Luiz Sacilotto (1924-2003)
Um exemplo dessa influência é a obra Autorretrato, produzida em 1930 pelo pintor Ismael Nery. Nela, é possível observar o geometrismo, isto é, a evidenciação de elementos geométricos:
A influência cubista no país também está presente nos textos de Oswald de Andrade, um dos principais escritores do modernismo brasileiro.
A literatura de viés cubista é marcada pela fragmentação na exposição de fatos ou ideias. Desse modo, ela privilegia o nonsense (a falta de sentido), o caráter ilógico dos acontecimentos. Ela mostra a realidade em fragmentos, quase sempre sem conexão aparente. Essa desintegração da realidade é feita objetivamente. Escreveram textos de caráter cubista:
Max Jacob (1876-1944) — França.
Guillaume Apollinaire (1880-1918) — França.
André Salmon (1881-1969) — França.
Paul Dermée (1886-1951) — Bélgica.
Jean Cocteau (1889-1963) — França.
Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) — Portugal.
Oswald de Andrade (1890-1954) — Brasil.
Vladimir Maiakovski (1893-1930) — Rússia.
Vicente Huidobro (1893-1948) — Chile.
A seguir, vamos ler alguns trechos do longo poema Zona|1|, de Guillaume Apollinaire. Nele, a fragmentação cubista é evidente:
Por fim estás cansado deste mundo antigo
Pastora ó torre Eiffel o rebanho das pontes bale esta manhã
[...]
Aqui até os automóveis parecem antigos
A religião sozinha continua nova a religião
Continua simples como os galpões de Porto-Aviação
[...]
Eis a jovem rua e tu és ainda uma criancinha
Tua mãe só te veste de azul e branco
És muito piedoso e com o mais antigo de teus camaradas René Dalize
Vocês não amam nada tanto quanto as pompas da igreja
São nove horas a luz de gás baixou toda azul vocês saem do dormitório escondidos
[...]
Andas para Auteuil queres ir à tua casa a pé
Dormir entre os fetiches da Oceania e da Guiné
Eles são Cristos de outra forma e outras crenças
São Cristos inferiores das obscuras esperanças
[...]
A tela As senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso, é a obra inaugural do cubismo e data do ano de 1907. Portanto, esse movimento surgiu em um contexto político tumultuado na Europa do início do século XX. Nesse contexto, o estímulo ao nacionalismo, a corrida armamentista e a tensão política entre as grandes potências são elementos que levaram à Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Ao lado do conflito político, havia também o otimismo causado pelas inovações tecnológicas e científicas. Esse espírito inovador acabou influenciando os artistas, que buscavam novas formas de se fazer arte. Desse modo, houve a valorização do presente, em oposição à tradição do passado.
Era um presente marcado pela velocidade e pelo encurtamento das distâncias, com o uso de automóveis, telefones e a invenção do avião. Além disso, novas teorias científicas mudavam a forma como a humanidade via a realidade até então. Estamos falando da teoria da relatividade, de Albert Einstein (1879-1955), e das teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939).
Veja também: Futurismo — outro movimento de vanguarda que valorizou o antitradicionalismo e o culto à guerra e à velocidade
Questão 1
Todas as obras abaixo apresentam o geometrismo da arte cubista, EXCETO:
A)
B)
C)
D)
E)
Resolução:
Alternativa E.
Chama a atenção, nas obras, a presença de figuras geométricas em sua composição. A exceção é a tela barroca de Caravaggio, marcada pela oposição entre luz e sombra e pelo seu caráter mórbido.
Questão 2
Leia, a seguir, o poema “Hípica”, do escritor modernista Oswald de Andrade:
Saltos records
Cavalos da Penha
Correm jóqueis de Higienópolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca
Chá
Na sala de cocktails
Após a análise do texto, é possível afirmar que ele possui característica cubista, já que apresenta:
A) fragmentação.
B) idealização.
C) cultismo.
D) conceptismo.
E) versos livres.
Resolução:
Alternativa A.
No poema de Oswald de Andrade é gritante a fragmentação, pois cada verso apresenta uma imagem diferente, fragmentos da realidade de um clube de hipismo.
Notas
|1| APOLLINAIRE, G. Zona. In: APOLLINAIRE, G. Álcoois e outros poemas. Tradução de Daniel Fresnot. São Paulo: Martin Claret, 2005.
Crédito de imagem
Fontes
ABAURRE, M. L. M.; PONTARA, M. Literatura brasileira: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.
ANDRADE, O. Hípica. In: ANDRADE, O. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.
APOLLINAIRE, G. Zona. In: APOLLINAIRE, G. Álcoois e outros poemas. Tradução de Daniel Fresnot. São Paulo: Martin Claret, 2005.
CEIA, C. Cubismo. Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/cubismo/.
MERINO, X. D. Cubismo literário: da forma à poesia. Revista de Literatura, História e Memória, v. 7, n. 10, p. 321-335, 2011.
Fonte: Português - https://www.portugues.com.br/literatura/vanguardas-europeias---cubismo-futurismo.html