Regência dos verbos namorar, lembrar e precisar

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

Regência dos verbos manifesta-se pela relação que se estabelece entre os verbos e seus complementos

 

Dentre os compêndios gramaticais há aqueles que para alguns se tornam objeto de estigma, dada a sua complexidade. No entanto, na medida em que passamos a analisá-los mais cuidadosamente e, consequentemente, compreendê-los em toda a sua essência, tal concepção tende a se amenizar cada vez mais. Como exemplo disso citamos a chamada regência verbal, que nada mais é do que a relação que se estabelece entre os verbos e seus respectivos complementos.

Partindo desse pressuposto, no intuito de nos tornarmos ainda mais familiarizados com o assunto em questão, o artigo em evidência pauta-se por ressaltar acerca da regência que se refere aos verbos namorar, lembrar e precisar, assim norteada pelos seguintes pressupostos:

O verbo namorar, tendo em vista o padrão formal da linguagem, classifica-se como transitivo direto. Note:

Pedro namora Cristina.

Temos que “Cristina” representa o objeto direto da oração.

Contudo, por analogia e, sobretudo, tendo por base as expressões “casar com” e “noivar com”, tal verbo passou a ocupar também a posição de transitivo indireto, assim como demonstrado por meio do exemplo a seguir:


Pedro namora com Cristina.

Esse mesmo verbo, ocupando a posição de intransitivo, não requer complemento, adquirindo, dessa forma, a acepção semântica relativa a “andar de galanteios, ter namorado (a)”. Nesse sentido, o exemplo em questão permite-nos constatar:

 Pedro namora muito.


 No que tange ao verbo lembrar, esse pode ter objeto direto de pessoa e indireto de coisa, uma vez que lembramos alguém de alguma coisa. Assim sendo, constatemos o exemplo subsequente:

Quero lembrá-lo de seu compromisso.

Neste caso, temos que o pronome oblíquo “lo” representa o objeto direto (lembrar quem?); e o termo “de seu compromisso”, o objeto indireto (de quê?).

O contrário também poderá ocorrer, isto é, tal verbo pode ter objeto direto de coisa e objeto indireto de pessoa, haja vista que lembramos algo a alguém.

Devo lembrar-lhe que seu horário já se esgotou.
Inferimos que os termos em destaque, respectivamente, representam o objeto indireto e o objeto direto.

Quanto ao verbo “precisar”, usualmente, na linguagem relativa ao português contemporâneo, duas colocações são admitidas:

- No caso de o complemento ser um substantivo ou pronome, o correto é usarmos a preposição. Assim sendo, ele se classifica como transitivo indireto.
Observe:

Preciso de carinho e atenção.

Preciso de você.


- Quando o complemento é um verbo no infinitivo, a preposição não é exigida. Analise:

Preciso sair.
Preciso relaxar um pouco.

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