Assonância é uma figura de linguagem, de som ou harmonia, caracterizada pela repetição de vogais, de forma a produzir uma sonoridade peculiar aos textos poéticos. Diferencia-se da aliteração, que é a repetição de consoantes ou sílabas. Mas atenção, esses dois fenômenos linguísticos, típicos do gênero lírico, são considerados vícios de linguagem em textos objetivos e funcionais.
Leia também: Onomatopeia – reprodução linguística de sons da natureza
Assonância é uma figura de linguagem, de som ou harmonia, que consiste na repetição de vogais. É muito usada em poemas, devido à sonoridade que esse gênero de texto busca produzir. No entanto, em um texto objetivo, o fenômeno da assonância acaba por configurar-se em um vício de linguagem.
Observe, nos exemplos a seguir, a sonoridade peculiar provocada pela assonância, isto é, pela repetição da vogal nos versos:
Esta é a dos cabelos louros
e da roupinha encarnada,
que eu via alimentar pombos,
sentadinha numa escada.
[...]
Canção da menina antiga, poema de Cecília Meireles.
Onde estão os poderosos?
Eram todos eles fracos?
Onde estão os protetores?
Seriam todos ingratos?
[...]
Romance LX ou Do caminho da forca, poema de Cecília Meireles.
É todo teu esse vale.
De quem mais podia ser?
Para que nos deliciemos
O pomar será de mel.|1|
[...]
Canção amarga, poema de Gabriela Mistral e tradução de Henriqueta Lisboa.
Já raro e mais escasso
A noite arrasta o manto,
E verte o último pranto
Por todo o vasto espaço.
[...]
Stella, poema de Machado de Assis.
Valera o mesmo na areia
Rija ameia,
Rija ameia construir;
Chega o mar a vai a ameia
Como a areia,
Como a areia confundir.
[...]
As ventoinhas, poema de Machado de Assis.
A aliteração também é uma figura de som ou harmonia. Porém, é caracterizada pela repetição de consoantes ou sílabas. Assim, tanto a aliteração quanto a assonância são caracterizadas pela repetição. No entanto, a repetição de vogais é o que define a assonância.
No exemplo a seguir, observe a diferença entre aliteração (na repetição do V) e assonância (na repetição do O):
Violões que choram
(poema de Cruz e Sousa)
Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
[...]
Noites de além, remotas, que eu recordo,
Noites da solidão, noites remotas
[...]
Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
[...]
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
[...]
Veja também: Simbolismo no Brasil – movimento que se caracterizava pelo uso de figuras sonoras
Questão 1 – (UNIMONTES) Leia o texto a seguir.
SÃO UNS OLHOS verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar.
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança.
Uns olhos por que morri;
Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Tem luz mais branda e mais forte,
Diz uma — vida, outra — morte;
Uma — loucura, outra — amor.
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão meigamente derramam
Tão facilmente se inflamam
Fogo e luz do coração;
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
DIAS, 2001, p. 121.
Faça uma leitura interpretativa do fragmento de texto retirado do poema “Olhos verdes”, de Gonçalves Dias, e assinale a alternativa que está INCORRETA.
A) Essas estrofes expressam um tom mórbido dos poetas da última geração romântica no Brasil.
B) A melodia é elemento recorrente na lírica romântica e está presente nas estrofes acima através das rimas, da aliteração e da assonância em alguns versos e do uso do refrão.
C) O eu lírico projeta na natureza um sentimento amoroso, de forma que os “olhos verdes” da amada se transformam na cor do mar, das esmeraldas e dos prados.
D) O poema exprime um tom que permite ao leitor capturar sugestivamente a atmosfera lírica do poema.
Resolução
Alternativa A. O poema em questão faz parte da primeira geração romântica e não da última, como afirma a alternativa. No entanto, como forma de exclusão, é preciso saber que a alternativa “b” está correta, pois, no poema, além de rima e refrão, é possível identificar a aliteração (Tão meigamente derramam ) e a assonância (Uma — loucura, outra — amor).
Questão 2 – (UFAM) Leia os versos abaixo, da autoria do poeta simbolista brasileiro Cruz e Sousa (1861-1898):
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Neles, a figura de linguagem predominante é a:
A) assonância.
B) paronomásia.
C) hipérbole.
D) aliteração.
E) onomatopeia.
Resolução
Alternativa D. Nos versos, a figura de linguagem predominante é a aliteração, devido à repetição intensificada da consoante “v”.
Nota
|1| No original: “Este valle es todo tuyo./ ¿De quién más podría ser?/ Para que los disfrutemos/ los pomares se hacen miel”.
Famoso poeta brasileiro, fez parte da segunda geração romântica.
O predicado é um termo essencial da oração que faz uma afirmação sobre o sujeito.
Indica uma condição em relação a um verbo, adjetivo ou outro advérbio.
Podem provocar efeitos indesejados na comunicação, entre eles a ambiguidade.
As palavras aportuguesadas são aquelas de origem estrangeira que foram adaptadas às normas ortográficas da língua portuguesa.