A apóstrofe é uma figura de linguagem usada para chamar ou interpelar e é caracterizada pela emoção e pela ênfase.
Apóstrofe é uma figura de pensamento usada para chamar ou invocar. Ela é caracterizada pela emoção e ênfase. É, portanto, um tipo de vocativo, de caráter conotativo, usado, principalmente, em textos literários. Já o apóstrofo é um sinal gráfico [ ’ ] utilizado para indicar a exclusão de uma letra.
Leia também: Hipérbole — uma conhecida figura de pensamento que remete ao exagero
A apóstrofe é uma figura de pensamento e consiste em uma interpelação ou chamamento.
A apóstrofe é um vocativo de caráter emotivo ou enfático e possui caráter conotativo.
O apóstrofo é um sinal gráfico que indica a supressão de uma letra.
As outras figuras de pensamento são: hipérbole, litotes, eufemismo, ironia, prosopopeia, antítese, paradoxo, gradação.
Além das figuras de pensamento, outras figuras de linguagem são as figuras de palavras ou de semântica, de sintaxe ou de construção e de som ou de harmonia.
Apóstrofe é uma figura de pensamento. Ela é caracterizada por uma pausa na fala ou na escrita, seguida de um chamamento ou invocação:
Não sou digno, ó divindade!, de seu perdão.
Vem, humanidade, pagar pelos seus crimes!
Eu quero te falar, ó Marta, sobre a crise climática.
Seus delitos, hipócritas!, não ficarão ocultos.
O vocativo é um chamamento ou invocação. Portanto, a apóstrofe é um tipo de vocativo. O vocativo é um termo independente e, por isso, não possui uma função sintática. É usado para chamar a atenção de um interlocutor. Já a apóstrofe é uma figura de linguagem e, por isso, possui aspecto conotativo.
Assim, a apóstrofe tem caráter emotivo, é mais expressiva ou enfática do que o simples vocativo, o qual apresenta aspecto denotativo. No enunciado a seguir, temos uma apóstrofe:
Não imaginei, ó Francisco!, que eras tão desprezível.
Já a frase abaixo, destituída de emotividade ou ênfase, apresenta apenas vocativo:
Francisco, não chegue tarde hoje à noite.
Para saber mais detalhes sobre o vocativo, clique aqui.
As palavras “apóstrofe” e “apóstrofo” são parônimas, já que apresentam grafia e pronúncia semelhantes. Assim, possuem significados distintos. Enquanto apóstrofe é uma figura de linguagem, apóstrofo consiste em um sinal gráfico: [ ’ ].
A apóstrofe é um chamamento enfático:
Não queria, ó amiga, magoar-te tanto assim!
O apóstrofo é utilizado para indicar exclusão de letra:
de olhos — d’olhos.
de hora em diante — d’hora em diante.
esperança — esp’rança.
A apóstrofe é uma figura de linguagem recorrente na literatura, principalmente em estilos de época mais emotivos e menos realistas, como, por exemplo, o Romantismo e o Simbolismo.
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
[…]
ABREU, Casimiro de. Meus oito anos. In: ABREU, Casimiro de. As primaveras. 2. ed. São Paulo: Martin Claret, 2014.
Por uma espécie apenas de schopenhaurismo é que eu adoro-te, ó feio! e quereria bem rolar contigo nesse Nirvana de dúvida até à suprema aniquilação da morte, vendo surgir, como de lagos de quimeras, em estalagmites de neve, diante de mim, sombrios e álgidos, pesadelos de mulheres amadas; pálidas Ofélias, Margaridas loiras, Julietas tormentadas, visões, enfim, como nas tragédias de Macbeth ou a nevoenta Visão germânica do Graal. [...]
CRUZ E SOUSA. Psicologia do feio. In: PÉREZ, José (org.). Cruz e Sousa: prosa. São Paulo: Cultura, 1945.
Como a crisálida emergindo do ovo
Para que o campo flórido a concentre,
Assim, oh! Mãe, sujo de sangue, um novo
Ser, entre dores, te emergiu do ventre!
[...]
ANJOS, Augusto dos. Mater. In: ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002.
Tipos de figuras de linguagem |
|
Figuras de palavras ou de semântica |
Comparação, metáfora, metonímia, catacrese, perífrase ou antonomásia, sinestesia. |
Figuras de pensamento |
Hipérbole, litotes, eufemismo, ironia, prosopopeia, antítese, paradoxo ou oximoro, apóstrofe, gradação. |
Figuras de sintaxe ou de construção |
Elipse, zeugma, anáfora, pleonasmo, anacoluto, silepse, hipérbato, polissíndeto. |
Figuras de som ou de harmonia |
Aliteração, assonância, onomatopeia, paronomásia. |
Para saber mais detalhes sobre as figuras de linguagem, clique aqui.
Leia o texto a seguir para responder à questões 1 e 2.
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
CASTRO ALVES. O navio negreiro. In: CASTRO ALVES. Os escravos. Rio de Janeiro: Tipografia da Escola de Serafim José Alves, 1884.
Questão 1
Todos os versos abaixo apresentam uma apóstrofe, EXCETO:
A) “Senhor Deus dos desgraçados!”
B) “Dizei-me vós, Senhor Deus,”
C) “Tanto horror perante os céus?!...”
D) “Ó mar, por que não apagas”
E) “Astros! noites! tempestades!”
Resolução:
Alternativa C.
São apóstrofes: “Senhor Deus dos desgraçados”, “Senhor Deus”, “ó mar”, “astros”, “noites” e “tempestades”.
Questão 2
O verso que contém um apóstrofo está presente na alternativa:
A) “Se eu deliro... ou se é verdade”
B) “Co’a esponja de tuas vagas”
C) “Do teu manto este borrão?”
D) “Rolai das imensidades!”
E) “Varrei os mares, tufão!...”
Resolução:
Alternativa B.
No apóstrofo “co’a”, temos a supressão da letra “m”: “com a esponja”.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 15. ed. São Paulo: Scipione, 1999.
SANTOS, Márcia Angélica dos. Aprenda análise sintática. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
Famoso poeta brasileiro, fez parte da segunda geração romântica.
O predicado é um termo essencial da oração que faz uma afirmação sobre o sujeito.
Indica uma condição em relação a um verbo, adjetivo ou outro advérbio.
Podem provocar efeitos indesejados na comunicação, entre eles a ambiguidade.
As palavras aportuguesadas são aquelas de origem estrangeira que foram adaptadas às normas ortográficas da língua portuguesa.