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Substantivo biforme

Substantivo biforme é aquele que flexiona de acordo com o gênero e apresenta uma forma no masculino e outra no feminino, em oposição ao que ocorre com substantivos uniformes.

Por Guilherme Viana

Conceito de substantivo biforme e exemplos.
Os substantivos biformes apresentam duas formas diferentes, de acordo com o gênero.
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Substantivo biforme é aquele que apresenta duas formas diferentes para indicar o gênero, sendo uma para o masculino e outra para o feminino. Na língua portuguesa, os substantivos são classificados segundo o gênero, podendo ser masculinos ou femininos.

Leia também: Como se formam os substantivos derivados

Resumo sobre substantivo biforme

  • Substantivo biforme é aquele que tem uma forma no masculino e outra no feminino.
  • Difere-se do substantivo uniforme, que apresenta apenas uma forma, tanto para o masculino quanto para o feminino.
  • Em geral, substantivos cuja forma no masculino terminam em -o apresentam uma forma no feminino terminada em -a.
  • Há diversas exceções, especialmente com palavras cuja forma no masculino terminam em outras letras.

O que é substantivo biforme?

É o tipo de substantivo que tem duas formas diferentes, como o nome indica: uma forma para o gênero masculino e outra forma para o gênero feminino. Veja:

menino – menina

gato – gata

ator – atriz

pai – mãe

Observe que os substantivos apresentados têm uma forma para o masculino e outra forma para o feminino, por isso são chamados de biformes. Nem todos os substantivos são assim, pois alguns apresentam apenas uma forma, tanto para o masculino quanto para o feminino, e são chamados substantivos uniformes.

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Regras para formação do feminino

Em geral, há uma norma-padrão para formação de substantivos femininos na língua portuguesa, baseada principalmente na terminação em -a.

→ Terminação -A

  • Formas masculinas terminadas em -O:

A formação mais comum é a de formas no masculino, terminadas em -o, em que essa vogal é substituída por -a no feminino:

rato – rata

moço – moça

boneco – boneca

  • Formas masculinas terminadas em -E:

Se a forma no masculino terminar em -e, há casos em que existe uma forma no feminino terminada em -a:

presidente – presidenta

gigante – giganta

Atenção! Em geral, substantivos terminados em -e tendem a ser uniformes, ou seja, a ter a mesma forma para masculino e feminino, como em “gerente”. No caso de “presidente”, essa forma serve tanto para o masculino quanto para o feminino, mas também pode-se usar “presidenta”, de acordo com a preferência do falante.

  • Formas masculinas terminadas em consoante:

Se a forma no masculino terminar em consoante, geralmente -r, -s ou -l, é comum que se acrescente -a ao final para a forma no feminino:

pintor – pintora

tutor – tutora

embaixador – embaixadora

japonês – japonesa

marquês – marquesa

bacharel – bacharela

  • Formas masculinas terminadas em -ÃO:

Algumas palavras terminadas em -ão podem simplesmente excluir o último -o e terminar em -ã:

irmão – irmã

alemão – alemã

capitão – capitã

→ Terminação -ONA

  • Formas masculinas terminadas em -ÃO:

Muitas palavras terminadas em -ão no masculino também podem ter a forma no feminino terminada em -ona:

solteirão – solteirona

valentão – valentona

chorão – chorona

→ Terminação -OA

  • Formas masculinas terminadas em -ÃO:

Substantivos cuja forma no masculino terminem em -ão também podem ter uma forma no feminino terminada em -ao:

patrão – patroa

leão – leoa

faisão - faisoa

→ Terminação -ESA

Algumas formas no feminino terminam em -esa:

barão – baronesa

duque – duquesa

→ Outras formas no feminino

Diversas palavras na língua portuguesa têm sua forma no feminino feita de modo diferente da forma no masculino:

homem – mulher

rei – rainha

imperador – imperatriz

cavaleiro – amazona

Veja também: Afinal, como saber se um substantivo é abstrato?

Exemplos de substantivos biformes

Veja mais alguns exemplos de substantivos biformes:

advogado – advogada

amigo – amiga

árbitro – árbitra

autor – autora

boi – vaca

cabeleireiro – cabeleireira

enfermeiro – enfermeira

frade – freira

genro – nora

herói – heroína

juiz - juíza

maestro – maestrina

monge – monja

poeta – poetisa

professor – professora

sacerdote – sacerdotisa

Substantivo biforme x substantivo uniforme

Enquanto os substantivos biformes têm duas formas diferentes de acordo com o gênero, os substantivos uniformes têm apenas uma forma, tanto para o masculino quanto para o feminino. Esses substantivos podem ser comuns de dois gêneros (quando se muda apenas as palavras que acompanham, como artigos e adjetivos), sobrecomuns (quando existe apenas um gênero de fato) ou epicenos (quando designam os dois sexos dos animais).

  • Substantivo biforme:

o cônsul – a consulesa

o réu – a ré

  • Substantivo uniforme comum de dois gêneros:

o gerente – a gerente

o dentista – a dentista

  • Substantivo uniforme sobrecomum:

o cônjuge

a criança

a vítima

  • Substantivo uniforme epiceno:

o crocodilo macho – o crocodilo fêmea

a onça macho – a onça fêmea

Saiba mais: Flexão de número dos substantivos — regras e casos especiais

Exercícios resolvidos sobre substantivo biforme

Questão 1

(IGEDUC 2023)

Os substantivos biformes apresentam duas formas, ou seja, uma para o masculino e outra para o feminino. Exemplos: professor e professora; amigo e amiga.

(   ) Certo

(   ) Errado

Resposta

Certo. Os substantivos biformes são os que apresentam duas formas diferentes segundo o gênero masculino ou feminino.

Questão 2

(IMA 2019)

Não é próprio falar sobre os alunos...

1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann, no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”

2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas, provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.

3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas. Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender, alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.

4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.

5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa: acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.

6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa, para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os artigos que publicam: publish or perish”!

7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo” (Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.

Extraído de: http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB log.pd

A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam diretores e professores”. (3º parágrafo)

Assinale a alternativa em que a palavra em destaque abaixo é também um substantivo biforme:

A) O artista famoso recebeu muitos aplausos em meio a vaias.

B) O cônjuge exigiu ficar com a casa após a separação.

C) O estudante está se preparando há meses para o Enem.

D) O padre terminou a missa no horário de praxe.

Resposta:

Alternativa D. O substantivo “padre” (no masculino) é biforme, tendo sua forma no feminino como “madre” (apesar de terem sentidos diferentes). Os demais têm apenas uma forma, sendo comum de dois gêneros (o/a artista, o/a estudante) ou sobrecomum (o cônjuge).

Fontes

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.