Apesar de serem semanticamente distintas, as expressões a gente, agente e há gente são foneticamente idênticas, o que pode gerar confusão na modalidade escrita.
Existem erros na língua portuguesa que são absolutamente compreensíveis: algumas vezes erramos por desconhecer as regras; outras por desconhecer a exceção à regra; outras vezes somos influenciados por questões fonéticas: confundimos sons e trocamos as letras, atropelando a ortografia das palavras. Algumas expressões parecem ter surgido para confundir os falantes, sobretudo quando o desafio é escrever.
Alguns termos guardam em si significados diversos, porém, foneticamente, não apresentam qualquer distinção. Nesses casos, só nos resta analisar o contexto da oração para então reconhecer o sentido de uma determinada palavra. Entre as dúvidas mais recorrentes, uma que ainda causa muita dor de cabeça na hora de passar as ideias para o papel é o uso dos termos a gente, agente e há gente. Afinal, qual é o correto?
As três expressões, a gente, agente e há gente, existem e são empregadas em situações bem diferentes! Sim, elas são homófonas (palavras ou expressões diferentes cuja pronúncia é a mesma), mas semanticamente elas não possuem similaridades. Observe quando e como usar a gente, agente e há gente:
● A gente: Trata-se de uma locução pronominal semanticamente equivalente ao pronome nós. Deve ser conjugada na terceira pessoa do singular e evitada na modalidade escrita (especialmente nos textos não literários), já que está muito associada ao coloquialismo. O exemplo abaixo foi retirado de uma música do grupo Titãs, registro que privilegia a linguagem literária e suas licenças poéticas:
“(...) A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...
A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer (...)”.
(Comida - Arnaldo Antunes/Sérgio Brito/Marcelo Fromer)
● Agente: Conforme definição do dicionário Michaelis, agente é aquele “Que age, que exerce alguma ação; que produz algum efeito. O que agencia ou trata de negócios alheios. 2 Pessoa encarregada da direção duma agência.” Portanto, a palavra agente pode ser empregada apenas como substantivo comum e não deve ser confundida com a locução pronominal a gente:
“Sou um agente secreto
tão secreto que não sei quem sou
a minha agência é tão secreta
que não sei qual ela é (...)”.
(Trecho da letra da música “Agente secreto”, da banda Garotos Podres)
Agente, assim, escrito junto, só se for o substantivo comum que nomeia aquele que age ou agencia algo, como o fictício agente britânico James Bond
● Há gente: Há gente = tem gente, ou seja, “existem pessoas”. Portanto, a expressão deve ser empregada somente nesse contexto. Observe o exemplo em uma frase da escritora Lya Luft:
“Há gente que, em vez de destruir, constrói; em lugar de invejar, presenteia; em vez de envenenar, embeleza; em lugar de dilacerar, reúne e agrega.”
(Fragmento extraído do artigo “O verdadeiro ecologismo”, disponível em Veja)
Famoso poeta brasileiro, fez parte da segunda geração romântica.
O predicado é um termo essencial da oração que faz uma afirmação sobre o sujeito.
Indica uma condição em relação a um verbo, adjetivo ou outro advérbio.
Podem provocar efeitos indesejados na comunicação, entre eles a ambiguidade.
As palavras aportuguesadas são aquelas de origem estrangeira que foram adaptadas às normas ortográficas da língua portuguesa.