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A disposição das palavras na língua portuguesa

A depender da finalidade comunicativa que se atribui ao emissor, ele pode usufruir de distintos recursos, sobretudo em se tratando da disposição das palavras.

Distinta é a posição das palavras na língua portuguesa, a depender da intenção comunicativa expressa pelo emissor
Crédito da Imagem: Shutterstock
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Sempre que nos propomos a descrever acerca de um determinado fato linguístico, servimo-nos de alguns exemplos, haja vista que tal procedimento parece facilitar ainda mais nossa compreensão. Dessa forma, analisemos o que se apresenta demarcado abaixo:

O aluno respondeu à questão calmamente.

No que diz respeito à ordem como se encontram dispostos os elementos que compõem a oração, temos, respectivamente:

Sujeito – o aluno
Respondeu à questão – predicado
Calmamente – complemento

Inferimos tratar-se do que chamamos de ordem direta das palavras.

Contudo,caso resolvêssemos mudar tal ordem, obteríamos como resultado:

Calmamente, o aluno respondeu à questão.

O aluno, calmamente, respondeu à questão.

Constatamos que a ordem, uma vez alterada, em nada modificou o sentido do discurso, da mensagem.

Tal fato significa dizer que a língua que falamos nos oferece uma gama de possibilidades, de modo a efetivarmos nossas intenções comunicativas da melhor forma possível. Nesse sentido, cabe afirmar que por se tratar de uma diversidade de colocações, não significa admitir que podemos fazer uso delas a esmo, de qualquer maneira. Ao contrário, há alguns princípios básicos de colocação que regulamentam o bom uso que devemos fazer do idioma que falamos, estando eles relacionados a alguns aspectos, tais como:

* Harmonia da frase;

* Clareza do significado;

* Expressividade ou efeitos estilísticos.

Assim, com base em tais pressupostos, analisemos algumas das colocações de que falamos anteriormente:

Colocação e harmonia

Partindo do princípio de que as palavras das quais fazemos uso resultam da combinação de sons, não raras são as vezes que, ao pronunciá-las, o som produzido não se perfaz de uma boa qualidade.

Ele não entregará-me a encomenda.(Constatamos que o uso da ênclise, em se tratando desse caso, além de não ser permitida, ainda provocou um som não muito agradável, em virtude da junção do verbo com o pronome oblíquo).

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Assim, no intuito de promovermos essa harmonia sonora, reiteramos:

Ele não me entregará a encomenda.

Colocação e expressividade

Não raro ocorre que, em virtude do efeito que o emissor deseja causar mediante o discurso que profere, opta por conferir mais expressividade às palavras. Assim, dependendo da colocação em que se encontram dispostas as palavras, o sentido a elas atribuído passa a adquirir conotações distintas, como é o que ocorre em:

Você é um grande homem.

Você é um homem grande.

Constatamos que a simples colocação do adjetivo confere ao discurso intenções comunicativas distintas.

Colocação e clareza

Dependendo da colocação em que se encontram demarcadas as palavras num determinado enunciado, a clareza do discurso poderá ficar completamente prejudicada. Tal fato resulta num fator de não textualidade, ora denominado de ambiguidade. Assim, para que possamos conferir acerca de tal ocorrência, analisemos o enunciado abaixo:

O carro atropelou uma pessoa correndo pela calçada.

Não sabemos ao certo se quem estava correndo era a pessoa que foi atropelada ou se foi o carro. Em razão desse aspecto, retifiquemos o enunciado, de modo a torná-lo claro:

Correndo pela avenida, o carro atropelou uma pessoa.

Colocação e significado

Uma mesma palavra, a depender do contexto em que se encontra expressa, pode revelar sentidos também distintos, como é o ocorre nos dois enunciados que seguem:

Ela não lhe revelou segredo algum. (sentido negativo)

Ela lhe revelou algum segredo? (sentido positivo)