Vícios de linguagem

Vícios de linguagem são desvios não intencionais da norma-padrão da língua e criam problemas no entendimento do enunciado ou sonoridade incômoda.

Por Guilherme Viana

Os vícios de linguagem são desvios não intencionais da norma-padrão da língua, gerando problemas de entendimento do enunciado ou ruídos na comunicação. Estão relacionados a desvios de sintaxe, erros no emprego de uma palavra, pleonasmo não intencional, ambiguidade de sentido, entre outros problemas de comunicação.

Veja também: Hipérbato – figura de linguagem que consiste na inversão sintática

O que são vícios de linguagem?

Os vícios de linguagem são desvios não intencionais da norma-padrão do idioma ou construções linguísticas inadequadas que geram problemas ou ruídos na comunicação. Os vícios de linguagem devem ser evitados em contextos formais e que exijam o uso da norma-padrão da língua portuguesa.

Classificação dos vícios de linguagem

Agora, vejamos alguns dos principais vícios de linguagem com seus respectivos exemplos.

  • Solecismo

Solecismo é o desvio que envolve erros de sintaxe na construção de um trecho ou combinação de palavras, podendo ser de concordância, de regência, de colocação e de má estruturação.

Exemplos:

Concordância

“Meus irmão são muito briguentos.” em vez de “Meus irmãos são muito briguentos.”

Regência

“Cheguei na sua casa.” em vez de “Cheguei à sua casa.”

Colocação

“Ela não falou-me isso.” em vez de “Ela não me falou isso.”

  • Barbarismo

Barbarismo é o desvio envolvendo erros no emprego de uma palavra, tratando de questões fonéticas (de som e de pronúncia), morfológicas (de ortografia e de flexões) ou semânticas (de sentidos e de significados).

Exemplos:

Pronúncia

“Rúbrica” em vez de “Rubrica” (sílaba tônica em “bri”)

Ortografia

“Ancioso” em vez de “Ansioso”

Sentido

“Eu assumi que o evento já tivesse acabado.” em vez de “Eu supus que o evento já tivesse acabado.”

  • Estrangeirismo

Estrangeirismo é o uso de palavras, expressões e construções típicas de idiomas estrangeiros como se pertencessem à língua portuguesa. É natural a apropriação de certas palavras e expressões estrangeiras, mas a ocorrência desse fenômeno em excesso é tida como um vício de linguagem.

Exemplo:

“Esse filme, apesar de vintage, é muito trash. O pessoal diz que gosta pra se fazer de cool.”

  • Pleonasmo vicioso

O pleonasmo vicioso refere-se ao uso de termos redundantes de maneira não intencional, causando a repetição desnecessária de uma ideia.

Exemplos:

  • “Sair para fora”
  • “Entrar para dentro”
  • “Descer para baixo”
  • “Subir para cima”
  • Ambiguidade

A ambiguidade ocorre quando é possível depreender mais de um sentido em um enunciado pelo fato de ele não ter uma construção adequada.

Exemplo:

“Preciso que você confirme se ele pode ir com a sua mãe.”

De quem é a mãe: de “você” ou “dele”? É para confirmar com a mãe se ele pode ir ou é para confirmar se ele pode ir com a mãe?

  • Cacofonia

A cacofonia acontece quando a sequência de duas ou mais palavras gera um som desagradável e indesejado.

Exemplos:

  • “Música gospel”
  • “Boca dela
  • Eco

O eco é o desvio em que, no enunciado, ocorre uma repetição não intencional de sons, gerando rimas que atrapalham o discurso.

Exemplo:

“Sem descanso, avanço descalço.”

Veja também: Assonância – figura de linguagem que consiste na repetição de sons vocálicos

  • Arcaísmo

O arcaísmo é caracterizado pelo uso de vocábulos ou construções arcaicas que caíram em desuso e não são mais válidas hoje em dia.

Exemplos:

  • “Físico” em vez de “Médico”
  • “Fremoso” em vez de “Formoso”
Os vícios de linguagem são desvios não intencionais que podem gerar ruído na comunicação.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (Ufop) Qual o vício de linguagem que se observa na frase: “Eu não vi ele faz muito tempo”.

A) solecismo

B) cacófato

C) arcaísmo

D) barbarismo

E) colisão

Resolução

Alternativa A. O solecismo é caracterizado por erros de sintaxe. No enunciado, há desvio no uso do pronome com “eu vi ele” em vez de “eu o vi”.

Questão 2 – (Consesp) Assinale a alternativa em que não se verifica pleonasmo (vicioso ou estilístico).

A) É preciso encarar de frente os problemas da vida.

B) Vi com os olhos os preços dos remédios na tabuleta.

C) Chorei aquelas lágrimas terríveis e doloridas.

D) A brisa matinal da manhã soprou calma como nunca.

E) Pus fogo no monte de lenha.

Resolução

Alternativa E. Não há nenhum termo redundante no enunciado

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