Torna-se de fundamental importância que, antes de delinearmos nossos objetivos rumo ao conhecimento das particularidades linguísticas que norteiam a modalidade em questão, entendamos que a interlocução de um texto somente é efetivada quando há a interação entre emissor x receptor.
Tal interação parte do princípio de que todo texto se perfaz por uma finalidade discursiva e, para tanto, faz-se necessário que o emissor a desvende de maneira plausível, interpretando adequadamente a ideia que ora se deseja transmitir, compreendendo todo o jogo que se instaura por meio das palavras, identificando todas as conotações presentes, enfim, interpretando os efeitos de sentido instituídos pelo emissor a partir de um contexto
Em se tratando dos textos humorísticos por excelência, o discurso pauta-se pelo entretenimento, como é o caso das anedotas, das histórias em quadrinhos, amplamente difundidas desde a nossa infância. No entanto, há aqueles textos em que o humor está subsidiado em um objetivo do qual precisamos ativar nosso conhecimento de mundo – aquele adquirido ao longo de nossa experiência –, para então “descortinarmos” a mensagem atribuída mediante as entrelinhas.
No intuito de compreendermos um pouco mais sobre as particularidades inerentes aos gêneros voltados para o humor, enfatizaremos os casos representativos de modo particular:
Anedota
Trata-se de um texto que tem por objetivo proporcionar o entretenimento por parte do receptor. Analisemos um exemplo:
Português
Um português telefona pra agência de viagem:
- Por favor, quanto tempo leva um avião pra Lisboa?
- Um minuto...
- Obrigado - e desligou.
Cartum
Representa uma anedota gráfica, aliando linguagem verbal e não verbal. Geralmente, ele aborda situações universais e atemporais, ou seja, aquelas que podem acontecer em qualquer tempo ou lugar, com vistas a promover uma sátira aos comportamentos humanos. Observemos:
Charges
A charge, ao contrário do cartum, satiriza um fato específico. Outro fator de divergência está condicionado às personagens, visto que no cartum são pessoas comuns, e as da charge, por sua vez, são pessoas que exercem uma certa influência diante do cenário social, como por exemplo, os representantes políticos. Como dito anteriormente, para que o discurso se materialize em sua plenitude, é preciso haver cumplicidade entre os interlocutores, de modo a interpretar os fatos com referência nos conhecimentos prévios. Vejamos: