Texto e discurso

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

Pode-se dizer que texto e discurso são elementos que se completam e que participam ativamente da circunstância enunciativa.

Texto e discurso são elementos que se completam perante uma dada situação comunicativa

Ao nos sentirmos questionados acerca do conceito que se aplica ao texto, porventura não hesitaremos em afirmar que se trata de uma unidade linguística, podendo essa ser materializada por meio de uma linguagem verbal ou não verbal. Partindo desse pressuposto, não se torna nem um pouco descabido apontarmos como exemplo de texto uma simples placa de trânsito, por exemplo. Sim, apesar de não conter elementos verbais, enquanto usuários do sistema linguístico, temos condições o suficiente de decifrá-la.

Assim, a título de conceituarmos a palavra “texto”, vale mencionar que se afirma por uma unidade linguística, uma vez materializada (por isso, concreta), a qual se traduz por meio da fala ou por meio da escrita, dotada, pois, de uma intencionalidade comunicativa, de uma intenção por meio da relação enunciador/enunciatário.

No entanto, um texto não se faz apenas de aspectos materiais, os quais se representam, como antes dito, pela oralidade ou pela escrita. Ele, porém, constitui-se de outro aspecto, tão importante quanto necessário, chamado discurso. Ele, por sua vez, não tão palpável assim, engloba outros aspectos, os quais, muitas vezes, somente se tornam perceptíveis por meio das inferências, que também representam uma habilidade indispensável a todos nós imersos na condição de interlocutores. Assim, para tornar um pouco mais claro tal afirmação, analisemos uma tira, cuja autoria é de Quino, famoso criador da personagem Mafalda:


Muitas vezes, no discurso, estão presentes elementos não palpáveis, ou seja, não identificados de forma explícita

Inferimos, literalmente afirmando, que a situação comunicativa, uma vez materializada pelo discurso verbal e não verbal, constitui-se de uma carga ideológica bastante significativa, ou seja, no mundo capitalista em que vivemos, o que realmente interessa não são os valores morais, espirituais, humanos, mas sim aqueles que “servem para alguma coisa”, como afirma o próprio personagem da tira. Nesse sentido, equivale dizer que tais aspectos se integram ao que chamamos de discurso.Vale afirmar, portanto, que além dos elementos de ordem palpável, como letras e imagens, existem também aqueles relacionados ao sentido, os quais dão sustentabilidade e participam de forma ativa na construção da mensagem.  Isso é discurso!!!

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