Notadamente, a construção textual é concebida como um procedimento dotado de grande complexidade, haja vista que o fato de as ideias emergirem com uma certa facilidade não significa transpô-las para o papel sem a devida ordenação. Tal complexidade nos remete à noção das competências inerentes ao emissor diante da elaboração do discurso, dada a necessidade de este se perfazer pela clareza e precisão.
Infere-se, portanto, que as competências estão relacionadas aos conhecimentos que o usuário tem dos fatos linguísticos, aplicando-os de acordo com o objetivo pretendido pela enunciação. De modo mais claro, ressaltamos a importância da estrutura discursiva se pautar pela pontuação, concordância, coerência, coesão e demais requisitos necessários à objetividade retratada pela mensagem.
Atendo-nos de forma específica aos inúmeros aspectos que norteiam os já citados fatos linguísticos, ressaltamos determinados recursos cuja função se atribui por conferirem estilo à construção textual – o paralelismo sintático e semântico. Caracterizam-se pelas relações de semelhança existente entre palavras e expressões que se efetivam tanto de ordem morfológica (quando pertencem à mesma classe gramatical), sintática (quando há semelhança entre frases ou orações) e semântica (quando há correspondência de sentido entre os termos).
Casos recorrentes se manifestam no momento da escrita indicando que houve a quebra destes recursos, tornando-se imperceptíveis aos olhos de quem a produz, interferindo de forma negativa na textualidade como um todo. Como podemos conferir por meio dos seguintes casos:
Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a Holanda.
Constatamos a falta de paralelismo semântico, ao analisarmos que o time brasileiro não enfrentará o país, e sim a seleção que o representa. Reestruturando a oração, obteríamos:
Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfrentar a seleção da Holanda.
Se eles comparecessem à reunião, ficaremos muito agradecidos.
Eis que estamos diante de um corriqueiro procedimento linguístico, embora considerado incorreto, sobretudo, pela incoerência conferida pelos tempos verbais (comparecessem/ficaremos). O contrário acontece se disséssemos:
Se eles comparecessem à reunião, ficaríamos muito agradecidos.
Ambos relacionados à mesma ideia, denotando uma incerteza quanto à ação.
Ampliando a noção sobre a correta utilização destes recursos, analisemos alguns casos em que eles se aplicam:
não só... mas (como) também:
A violência não só aumentou nos grandes centros urbanos, mas também no interior.
Percebemos que tal construção confere-nos a ideia de adição em comparar ambas as situações em que a violência se manifesta.
Quanto mais... (tanto) mais:
Atualmente, quanto mais se aperfeiçoa o profissionalismo, mais chances tem de se progredir.
Ao nos atermos à noção de progressão, podemos identificar a construção paralelística.
Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora:
A cordialidade é uma virtude aplicável em quaisquer circunstâncias, seja no ambiente familiar, seja no trabalho.
Confere-se a aplicabilidade do recurso mediante a ideia de alternância.
Tanto... Quanto:
As exigências burocráticas são as mesmas, tanto para os veteranos, quanto para os calouros.
Mediante a ideia de adição, acrescida àquela de equivalência, constata-se a estrutura paralelística.
Não... E não/nem:
Não poderemos contar com o auxílio de ninguém, nem dos alunos, nem dos funcionários da secretaria.
Recurso este empregado quando se quer atribuir uma sequência negativa.
Por um lado... Por outro:
Se por um lado, a desistência da viagem implicou economia, por outro, desagradou aos filhos que estavam no período de férias.
O paralelismo efetivou-se em virtude da referência a aspectos negativos e positivos relacionados a um determinado fato.
Tempos verbais:
Se a maioria colaborasse, haveria mais organização.
Como dito anteriormente, houve a concordância de sentido proferida pelos verbos e seus respectivos tempos.
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