As rimas podem ser classificadas em pobres, ricas e raras.
Por meio do texto “Recursos da linguagem poética” pudemos conhecer alguns dos elementos que norteiam o texto poético. Partindo dos pressupostos nele elencados, tivemos a chance de compreender que a rima desempenha fator preponderante no tocante à musicalidade, à composição melódica da mensagem, conferindo-lhe um ritmo indispensável.
Nesse sentido, ocupemo-nos agora em estabelecer uma afinidade maior com as rimas. Dependendo da escolha das palavras, as rimas podem se apresentar sob diferentes aspectos – fato que as classifica como pobres, ricas e raras (ou preciosas). Assim, vejamos:
Rimas pobres
Consideram-se assim em virtude da escolha de palavras pertencentes à mesma classe gramatical, como é o caso da poesia contida na própria imagem do texto, sob a autoria de Vinícius de Moraes, cujos fragmentos assim se apresentam:
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
[...]
Inferimos que os vocábulos “pranto/espanto” e “bruma/espuma” pertencem à classe dos substantivos.
Rimas ricas
Caracterizam-se como tal pelo fato de que a escolha das palavras se dá de forma variada, ou seja, os vocábulos que se fazem presentes pertencem a classes gramaticais distintas, como numa das criações de Olavo Bilac, intitulada A um poeta:
A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego
Notamos que, bem ao estilo parnasiano, Bilac demonstra seu hábil manejo em combinar “rua/sua” = substantivo com pronome; “construa/nua” = verbo com adjetivo; “emprego/grego” = substantivo e adjetivo.
Rimas raras ou preciosas
As rimas raras são aquelas cujas palavras se constituem de terminações incomuns, não muito convencionais. Exemplo de tal ocorrência se manifesta numa das criações de Raul de Leoni, intitulada “Argila”:
[...]
É tanta a glória que nos encaminha
Em nosso amor de seleção, profundo,
Que (ouço ao longe o oráculo de Elêusis)
Se um dia eu fosse teu e fosses minha,
O nosso amor conceberia um mundo
E do teu ventre nasceriam deuses...
Constatamos a semelhança de sonoridade entre “Elêusis / deuses”.
Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto: