A poesia é o conteúdo de um texto literário marcado pela conotação, ambiguidade e estranheza. Não deve ser confundido com o poema, relacionado com a forma.
Poesia é como chamamos o conteúdo de um texto literário marcado pela conotação, ambiguidade e estranheza. Alguns tipos de poesia são: écloga, elegia, epitalâmio, madrigal, ode e sátira. A poesia pode ser escrita em versos ou em prosa e não deve ser confundida com o poema, que é uma estrutura textual.
Leia também: Gênero lírico — o gênero literário do qual a poesia faz parte
Resumo sobre poesia
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Écloga, elegia, epitalâmio, madrigal, ode e sátira são alguns tipos de poesia.
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A poesia apresenta a subjetividade do eu lírico e é marcada pela conotação.
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Poesia é um conteúdo plurissignificativo, já poema é um tipo de estrutura textual.
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A poesia pode ser escrita em versos ou em forma de prosa.
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O poema pode ser lírico (conteúdo poético) ou narrativo (conta uma história).
Quais são os tipos de poesia?
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Écloga: caráter pastoril, valorização do ambiente rural.
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Elegia: expressa tristeza ou evidencia elementos funestos.
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Epitalâmio: temática de casamento, celebração de bodas.
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Madrigal: ambiente pastoril e ações heroicas.
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Ode: enaltecimento de bons valores, homenagem a alguém ou a alguma coisa.
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Sátira: tom crítico ou irônico, para ridicularizar uma pessoa ou acontecimento.
Quais são as características da poesia?
A poesia é marcada pela subjetividade de uma voz poética, o chamado “eu lírico”. Assim, o texto poético é mais ambíguo do que outros tipos de texto, de tal maneira que é capaz de provocar estranheza em seu receptor. A poesia permite uma multiplicidade de sentidos ao utilizar-se de figuras de linguagem como metáfora, ironia e paradoxo, por exemplo.
Ela pode expressar ideias, pensamentos e emoções, além de provocar reflexão. O conteúdo poético está cercado de mistério, já que não é claro, mas sugestivo e conotativo. Portanto, cabe aos leitores analisar o texto lírico, o qual nunca é uma leitura rápida e fácil, pois exige um esforço de interpretação.
Exemplos de poesia
Veja, a seguir, alguns exemplos de poesia.
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Exemplo 1
Elegia de verão
O sol é grande. Ó coisas
Todas vãs, todas mudaves!
(Como esse “mudaves”,
Que hoje é “mudáveis”,
E já não rima com “aves”.)
O sol é grande. Zinem as cigarras
Em Laranjeiras.
Zinem as cigarras: zino, zino, zino...
Como se fossem as mesmas
Que eu ouvi menino.
Ó verões de antigamente!
Quando o Largo do Boticário
Ainda poderia ser tombado.
Carambolas ácidas, quentes de mormaço;
Água morna das caixas-d’água vermelhas de ferrugem;
Saibro cintilante...
O sol é grande. Mas, ó cigarras que zinis,
Não sois as mesmas que eu ouvi menino.
Sois outras, não me interessais...
Deem-me as cigarras que eu ouvi menino.
BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. São Paulo: Global, 2013.
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Exemplo 2
Operário no mar
Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. [...]. Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei?
DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Sentimento do mundo. 13. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
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Exemplo 3
No campo
Olhos chorosos sob as negras sobrancelhas,
Costas abaixo solta a negra trança basta,
A campônia via guiando, a picadinhas d’hasta,
Um rebanho gentil de cândidas ovelhas.
Uma junta de bois morosa, em meio à vasta
Nava, arrastando vai umas charruas velhas...
E escutando o raspar monótono das relhas,
Queda-se na planície um grande boi, que pasta...
E some-se o rebanho. Uma sombra flutuante
Paira sobre a extensão da planície, distante...
Na espessura a campônia esconde-se depois.
E, ao longe, sob o céu, como uma prece estranha
Que desperta a mudez do campo e da montanha,
Chora no ar o mugir dos fatigados bois.
JÚLIA, Francisca. Poesias. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1961.
Quais são as diferenças entre poesia e poema?
Poesia está relacionada ao conteúdo. Assim, a temática lírica, emotiva, ambígua, plurissignificativa caracteriza o texto poético. Nessa perspectiva, o conteúdo poético pode estar presente tanto em um texto em prosa (a chamada “prosa poética”), quanto em um texto escrito em versos, ou seja, em forma de poema.
Poema está relacionado à forma, estrutura. Portanto, o verso, a estrofe e as rimas são elementos estruturais de um poema. O verso é o principal deles, pois é o que diferencia o poema de um texto em prosa. O poema pode ser lírico (apresenta conteúdo poético) ou narrativo (conta uma história).
Se o poema for narrativo, além de ser escrito em versos, deve possuir todos os elementos de um texto do gênero narrativo: personagens, narrador, enredo, tempo e espaço. Então, para diferenciar um poema lírico de um narrativo, é só verificar se ele conta uma história ou não.
Veja também: Soneto — um poema que possui a forma fixa de 14 versos
História da poesia
Na Antiguidade, além dos poemas épicos (narrativas heroicas), também se produzia a poesia lírica. Desse modo, está aí a origem mais remota de que temos notícia. Nesse período, a poesia apresentava os mesmos elementos que persistem na atualidade, isto é, a expressão subjetiva e conotativa de emoções e pensamentos.
A poesia dessa época tinha forte ligação com a oralidade, já que era feita para ser cantada ao som de uma lira (um instrumento musical de cordas). Tal característica permaneceu no período medieval, quando foram produzidas as cantigas trovadorescas. Contudo, no final da Idade Média, a poesia passou a ser declamada. E, a partir do renascimento, passou a ser valorizada a leitura individual.