Pablo Neruda

Por Warley Souza

Pablo Neruda foi um autor chileno cuja poesia tem elementos eróticos, valorização do cotidiano e crítica sociopolítica. Foi vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1971.

Pablo Neruda ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1971.

Pablo Neruda foi um autor da literatura chilena. Ele nasceu na cidade de Parral, em 12 de julho de 1904. Mais tarde, tornou-se cônsul e também foi eleito senador. Renunciou à sua candidatura à presidência, em 1969, para beneficiar seu amigo e futuro presidente Salvador Allende.

O escritor, que morreu em 23 de setembro de 1973, em Santiago do Chile, foi um dos mais famosos poetas latino-americanos. Sua poesia é marcada pela temática amorosa e também por temas políticos. Conhecido mundialmente, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1971.

Leia também: José Saramago — o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1998

Resumo sobre Pablo Neruda

  • Pablo Neruda foi um autor chileno.

  • Ele nasceu em 1904 e faleceu em 1973.

  • Além de poeta, também foi cônsul e senador.

  • Fez parte da geração de 1920 da literatura chilena.

  • Sua poesia é marcada pelo erotismo e pela crítica sociopolítica.

  • Foi vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1971.

Biografia de Pablo Neruda

Infância e juventude de Pablo Neruda

Fotografia do jovem escritor Pablo Neruda, cujo nome de batismo era Ricardo Reyes.

Pablo Neruda (Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto) nasceu em Parral, no Chile, em 12 de julho de 1904. No ano de 1910, iniciou seus estudos em Temuco e, mais tarde, estudou francês no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile, em Santiago. Seu primeiro livro — Crepusculário — foi publicado em 1923.

Carreira de Pablo Neruda

Por essa época, dirigiu a revista Claridad, e, em 1927, começou a atuar como diplomata, a serviço de seu país. Assim, viajou para vários países da Ásia, Europa e América. No ano de 1934, na Argentina, conheceu o escritor espanhol Federico García Lorca (1898-1936). Nesse mesmo ano, mudou-se para a Espanha.

Foi por meio de sua curta amizade com Lorca que o poeta chileno se aproximou dos ideais anarquistas. No início do regime franquista, na Espanha, em 1939, Neruda ajudou mais de dois mil espanhóis a fugir do país. Em 1940, atuou como cônsul no México, onde conheceu o pintor Diego Rivera (1886-1957).

Dois anos depois, conheceu Cuba e, em seguida, foi aos Estados Unidos, e esteve em outros países do continente americano. Voltou ao Chile em 1944, e, no ano seguinte, foi eleito senador. Em 1945, filiou-se ao Partido Comunista do Chile, ganhou o Prêmio Nacional de Literatura e conheceu o Brasil.

No ano de 1947, Gabriel González Videla (1898-1980), presidente do Chile, iniciou uma perseguição aos membros do Partido Comunista. Assim, em 1948, o poeta teve seu mandato cassado e foi condenado à prisão. O escritor passou a viver na clandestinidade, mas, em 1949, conseguiu sair do seu país.

Nesse mesmo ano, esteve no I Congresso Mundial dos Partidários da Paz, na França. Conheceu a União Soviética e a Polônia. No México, participou do Congresso Latino-Americano dos Partidários da Paz. Em 1950, publicou Canto geral, que fez sucesso em vários países, devido ao seu teor político. Nesse ano, recebeu o Prêmio Internacional da Paz.

Últimos anos de Pablo Neruda

Pablo Neruda recebendo o Prêmio Nobel de Literatura em 1971.[1]

O autor pôde voltar ao Chile em 1952, quando foi retirada a sua ordem de prisão. No ano seguinte, ganhou o Prêmio Stalin da Paz. Continuou a viajar por vários países, e, em 1969, decidiu renunciar à sua candidatura à presidência para beneficiar Salvador Allende (1908-1973). No ano de 1971, foi o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Faleceu em 23 de setembro de 1973, em Santiago do Chile.

Quais são as características da obra de Pablo Neruda?

Pablo Neruda fez parte da geração de 1920. Seus poemas que privilegiam o verso livre e transitam entre o lirismo e a militância política. Os versos do poeta apresentam um tom melancólico, intimista e nostálgico. A temática amorosa é marcada pela simplicidade e pelo erotismo.

A poesia de Neruda valoriza os elementos do cotidiano e demonstra encantamento em relação à vida. No entanto, não recorre a idealizações e faz crítica sociopolítica. Neruda foi um famoso poeta latino-americano, autor de uma poesia que valoriza os aspectos da cultura do nosso continente.

Veja também: Federico García Lorca poeta e dramaturgo espanhol pertencente à geração de 27

Principais obras de Pablo Neruda

Capa do livro A barcarola, de Pablo Neruda, publicado pela editora L&PM.[2]
  • Crepusculário (1923)
  • Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924)

  • Tentativa do homem infinito (1926)

  • O habitante e sua esperança (1926)

  • Residência na terra (1933)

  • Espanha no coração: hino às glórias do povo na guerra (1937)

  • Terceira residência (1947)

  • Canto geral (1950)

  • Os versos do capitão (1952)

  • Todo o amor (1953)

  • Odes elementais (1954)

  • As uvas e o vento (1954)

  • Novas odes elementais (1955)

  • Terceiro livro das odes (1957)

  • Estravagário (1958)

  • Cem sonetos de amor (1959)

  • Navegações e regressos (1959)

  • As pedras do Chile (1960)

  • Cantos cerimoniais (1961)

  • Memorial de Ilha Negra (1964)

  • Arte de pássaros (1966)

  • Fulgor e morte de Joaquín Murieta (1967)

  • A barcarola (1967)

  • As mãos do dia (1968)

  • Fim de mundo (1969)

  • Maremoto (1970)

  • A espada acesa (1970)

  • Discurso de Estocolmo (1972)

  • Incitação ao nixonicídio e louvor da revolução chilena (1973)

  • Livro das perguntas (1974)

  • Jardim de inverno (1974)

  • Confesso que vivi (1974)

  • Para nascer, nasci (1977)

Poemas de Pablo Neruda

No “soneto V”, da obra Cem sonetos de amor, o eu lírico declara seu amor a uma mulher. Para isso, ele mistura erotismo com nacionalismo. Afinal, a mulher amada é associada a elementos do Chile. O erotismo é mostrado como uma força da natureza, de forma que o corpo da mulher se confunde com os elementos naturais:

Não te toque a noite nem o ar nem a aurora,
só a terra, a virtude dos cachos,
as maçãs que crescem ouvindo a água pura,
o barro e as resinas de teu país fragrante.

Desde Quinchamalí onde fizeram teus olhos
aos teus pés criados para mim na Fronteira
és a greda escura que conheço:
em teus quadris toco de novo todo o trigo.

Talvez tu não saibas, araucana,
que quando antes de amar-te me esqueci de teus beijos
meu coração ficou recordando tua boca

e fui como um ferido pelas ruas
até que compreendi que havia encontrado
amor, meu território de beijos e vulcões.|1|

Já no poema “Só o homem”, do livro As uvas e o vento, o eu lírico evidencia a força da natureza para enaltecer a força política resultante da união entre os seres humanos:

Eu atravessei as hostis
cordilheiras,
entre as árvores passei a cavalo.
O húmus deixou
no chão
sua alfombra de mil anos.
As árvores se tocam na altura,
na unidade trêmula.
Embaixo, escura é a selva.
Um voo curto, um grito
a atravessam,
os pássaros do frio,
os zorros de elétrica cauda,
uma grande folha que tomba,
e meu cavalo pisa o brando
leito da árvore dormida,
mas sob a terra
as árvores de novo
se entendem e se tocam.
[...]
Atravessei as altas cordilheiras
porque comigo um homem,
outro homem, um homem
ia comigo.
Não vinham as árvores,
não ia comigo a água
vertiginosa que quis matar-me,
nem a terra espinhosa.
Só o homem,
só o homem estava comigo.
Não as mãos da árvore,
formosas como rostos, nem as graves
raízes que conhecem a terra
me ajudaram.
Só o homem.
Não sei como se chama.
Era tão pobre como eu, tinha
olhos como os meus e com eles
descobria o caminho
para que outro homem passasse.
E aqui estou.
Por isso existo.
Creio
que não nos juntaremos na altura.
Creio
que sob a terra nada nos espera,
mas sobre a terra
vamos juntos.
Nossa unidade está sobre a terra.|2|

Algumas frases de Pablo Neruda

A seguir, vamos ler algumas frases de Pablo Neruda, extraídas de seu livro As uvas e o vento, portanto, fizemos uma adaptação e transformamos seus versos em prosa:

  • “A selva é uma só, um só grande punhado de perfume, uma só raiz sob a terra.”

  • “Eu não sei o que dizem os quadros nem os livros, mas sei o que dizem todos os rios.”

  • “Que fácil é quando se conseguiu a felicidade, que simples é tudo.”

  • “A luta não é a água, é o sangue.”

  • “A retidão é um ponto severo que se repete até ser uma linha, uma norma, um caminho.”

Notas

|1|NERUDA, Pablo. Cem sonetos de amor. Tradução de Carlos Nejar. Porto Alegre: L&PM, 1997.

|2|NERUDA, Pablo. As uvas e o vento. Tradução de Carlos Nejar. Porto Alegre: L&PM, 1979.

Créditos de imagem

[1]Svenska Akademien Archives / Wikimedia Commons (reprodução)

[2]Editora L&PM (reprodução)

Fontes

BIBLIOTECA NACIONAL DE CHILE. Generación literaria de 1920. Disponível em: http://www.memoriachilena.gob.cl/602/w3-article-3432.html.

BIBLIOTECA NACIONAL DE CHILE. Pablo Neruda (1904-1973). Disponível em: http://www.memoriachilena.gob.cl/602/w3-article-3638.html.

CRUZ, Ilza Mendes da. Pablo Neruda: o “poeta malacólogo”, um diálogo entre a Arte Literária e a Ciência à luz da História da Ciência. 2010. Dissertação (Mestrado em História da Ciência) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

FAGUNDES, Gabriel de Souza. Las raíces del dolor, la fuerza y la libertad, aquí termino: a América no Canto General de Pablo Neruda. 2020. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020.

NERUDA, Pablo. As uvas e o vento. Tradução de Carlos Nejar. Porto Alegre: L&PM, 1979.

NERUDA, Pablo. Cem sonetos de amor. Tradução de Carlos Nejar. Porto Alegre: L&PM, 1997.

UNIVERSIDAD DE CHILE. Neruda: la vida del poeta, cronología. Disponível em: https://neruda.uchile.cl/cronologia/index.html.

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