Britadores de Pedra – autoria de Gustave Courbet – representante da arte realista
Aguçando nossa percepção rumo ao conhecimento acerca de mais um estilo de época, que perfizeram o cenário da Literatura Brasileira, compreenderemos, antes de tudo, que a segunda metade do século XIX foi o marco decisório para a implementação de toda uma corrente ideológica determinante nas produções artísticas da era em pauta. A Revolução Industrial, já em sua segunda fase, abriu caminhos para uma concepção humana: a estreita relação estabelecida entre o ser humano e a sociedade na qual se insere. Era notoriamente contrária à concepção romântica, cujo pressuposto voltava-se para a interiorização humana, levando-se em consideração seus aspectos subjetivos.
Os avanços técnicos oriundos da Revolução resultaram, dentre outros fatores, no crescimento demográfico e, consequentemente, na “proliferação” de inúmeros problemas sociais, visto que tal classe contrapunha-se aos privilégios da burguesia, que desfrutava cada vez mais da ascensão econômica. Concomitante a isso, efervesciam as teorias científicas, nas quais a razão e a objetividade eram postas em primeiro plano, já não mais havia espaço para o sobrenatural ou a vontade subjetiva. A ciência, baseada em fatos concretos e experimentais, parecia revelar a explicação para todas as questões relacionadas ao cotidiano.
Dentre tais correntes científicas emergiam importantes figuras, tais como: Augusto Comte (1789-1857) e sua teoria condicionada ao Positivismo, cuja concepção se voltava para a constatação real e observação dos fatos por meio do experimentalismo. Comte acreditava que a finalidade do saber científico era a previsão – “saber para poder”-, como também expunha sua concepção de que uma organização que fosse formada pelos interesses coletivos poderia neutralizar os motivos de guerra e discórdia entre as nações.
Não deixando de mencionar Taine (1828-1893), que aplicou o método experimental ao comportamento do ser humano, sendo este considerado como produto da raça, do meio e do momento (contexto histórico), ora caracterizado pelo Determinismo. Charles Darwin com sua teoria evolucionista que enfatiza a competição entre as espécies, em que os organismos mais fracos tendem a ser eliminados pelos mais fortes e aptos. E, finalmente, tem-se o Marxismo, representado por Karl Marx e Friedrich Engels, que propunham uma revolução que instaurasse o comunismo em detrimento ao sistema capitalista.
Mediante toda essa enumeração de fatos, resta-nos crer que a literatura não ficou aquém destes, uma vez que seus representantes partiram do pressuposto de que o indivíduo não se desvincula do meio em que vive. Sendo assim, os personagens realistas, em oposição aos românticos, são retratados segundo sua relação com o mundo que os cerca, convivendo em meio aos problemas cotidianos e rotineiros. Portanto, caracterizados conforme seu modo de ser e agir (alguns bons, corajosos, outros maus, covardes, e assim por diante). De modo a efetivarmos nossos conhecimentos em toda a sua plenitude, enfatizaremos sobre as características, os pressupostos ideológicos que nortearam toda a temática da era realista.
*A objetividade, subsidiada pelo cientificismo da época, é o traço característico do Realismo, em oposição ao perfil subjetivo cultuado pelos românticos. Antes de sua representação, a realidade, por sua vez, deveria ser observada e analisada.
*O racionalismo ocupava lugar de destaque, posto que a interpretação dos fatos só se dava mediante a razão.
* O materialismo, que incidia sobre a verdade, uma vez que esta se fundamenta na realidade material, não na capacidade imaginativa do ser.
* A organicidade, cuja concepção se dá pela relação entre o homem, universo e natureza, estando estes inter-relacionados entre si e sujeitos a leis e princípios que os regem.
* A contemporaneidade, na qual o passado é passível de descrédito. O que realmente interessa é o agora, o momento vivido pelo presente.
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