O Simbolismo é um estilo de época de origem francesa que tem como principais características o culto ao mistério, o rigor formal e o antirrealismo.
O Simbolismo é um estilo de época surgido em 1857, na França, quando foi publicado o livro As flores do mal, de Charles Baudelaire. A poesia simbolista apresenta teor metafísico, musicalidade, alienação social, rigor formal e caráter sinestésico. A pintura utiliza cores vivas e temática onírica. Já a escultura simbolista é marcada por mistério e erotismo.
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Resumo sobre Simbolismo
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O Simbolismo surgiu na França, com a publicação da obra As flores do mal, de Charles Baudelaire, em 1857.
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Esse estilo de época valoriza o mistério, a musicalidade e o aspecto sensorial.
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Além de Baudelaire, Stéphane Mallarmé é um dos principais nomes do Simbolismo europeu.
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No Brasil, Cruz e Sousa é o principal representante da poesia simbolista.
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As artes plásticas contam com artistas simbolistas como o pintor Gustav Klimt e o escultor Leonardo Bistolfi.
Videoaula sobre Simbolismo
Contexto histórico e origem do Simbolismo
A Revolução de 1830, na França, levou à abdicação do autoritário Carlos X (1757-1836). Ele foi substituído por Luís Filipe I (1773-1850), que tinha o apoio burguês. Já na Revolução de 1848, descontentes com o governo liberal de Luís Filipe I, republicanos e socialistas derrubaram o rei e instituíram a república no país. Assumiu o presidente Luís Napoleão Bonaparte (1808-1873), que, em 1851, se deu o título de imperador e restaurou a monarquia francesa.
Nesse contexto, surgiu o Simbolismo, um estilo originalmente marcado pelo pessimismo e desconfiança diante da realidade social, material e política. O Simbolismo surgiu na França, em 1857, com a publicação do livro As flores do mal, do poeta Charles Baudelaire.
Principais características do Simbolismo
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Antirrealismo.
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Subjetividade.
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Culto ao mistério.
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Enaltecimento do irracional e do inconsciente.
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Caráter metafísico ou espiritual.
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Crença em um mundo ideal (ou plano das essências).
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Valorização da intuição.
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Sondagem do eu.
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Musicalidade.
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Alienação social.
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Rigor formal (metrificação e rimas).
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Destaque para o abstrato.
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Poder de sugestão.
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Uso de reticências.
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Maiúscula alegorizante.
→ Exemplo de poesia simbolista
Leia o soneto “Beleza morta”, do livro Broquéis, de Cruz e Sousa:
De leve, louro e enlanguescido helianto
Tens a flórea dolência contristada...
Há no teu riso amargo um certo encanto
De antiga formosura destronada.
No corpo, de um letárgico quebranto,
Corpo de essência fina, delicada,
Sente-se ainda o harmonioso canto
Da carne virginal, clara e rosada.
Sente-se o canto errante, as harmonias
Quase apagadas, vagas, fugidias
E uns restos de clarão de Estrela acesa...
Como que ainda os derradeiros haustos
De opulências, de pompas e de faustos,
As relíquias saudosas da beleza.
O eu lírico fala do envelhecimento e da perda da beleza. Assim, ele descreve alguém que tem o “riso amargo”, pois perdeu a “antiga formosura”. A pessoa ainda não chegou à velhice, mas já não é mais jovem, de maneira que ainda é possível perceber vestígios da “carne virginal, clara e rosada”, “uns restos de clarão” e as últimas “relíquias saudosas da beleza”.
No poema, é possível apontar algumas características simbolistas, tais como:
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Rigor formal: versos regulares (decassílabos e rimas).
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Sinestesia: combinação dos sentidos do paladar (“amargo”), da audição (“canto”) e da visão (“clara”, “rosada”, “clarão” e “acesa”).
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Maiúscula alegorizante: a palavra “Estrela” sugere a existência de um mundo ideal.
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Musicalidade: obtida por meio das rimas e da métrica, além da aliteração em versos como, por exemplo, “De leve, louro e enlanguescido helianto/ Tens a flórea dolência contristada.../ Há no teu riso amargo um certo encanto/ De antiga formosura destronada”.
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Alienação social: o poema não traz a realidade sociopolítica do país, pois trata de um tema universal, ou seja, a beleza e o envelhecimento.
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Uso de reticências: intensifica o poder de sugestão nos versos “Tens a flórea dolência contristada...” e “E uns restos de clarão de Estrela acesa...”.
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Simbolismo na Europa
→ Autores simbolistas
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Charles Baudelaire (1821-1867) — França.
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Stéphane Mallarmé (1842-1898) — França.
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Paul Verlaine (1844-1896) — França.
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Arthur Rimbaud (1854-1891) — França.
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António Nobre (1867-1900) — Portugal.
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Camilo Pessanha (1867-1926) — Portugal.
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Stefan George (1868-1933) — Alemanha.
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Eugénio de Castro (1869-1944) — Portugal.
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Renée Vivien (1877-1909) — Inglaterra.
→ Obras simbolistas
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As flores do mal (1857), de Charles Baudelaire.
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Uma temporada no inferno (1873), de Arthur Rimbaud.
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O entardecer de um fauno (1876), de Stéphane Mallarmé.
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Sabedoria (1880), de Paul Verlaine.
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Hinos (1890), de Stefan George.
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Só (1892), de António Nobre.
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Interlúnio (1894), de Eugénio de Castro.
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Em um canto de violetas (1910), de Renée Vivien.
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Clépsidra (1920), de Camilo Pessanha.
Simbolismo no Brasil
→ Autores simbolistas
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Alphonsus de Guimaraens (1870-1921).
→ Obras simbolistas brasileiras
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Broquéis (1893), de Cruz e Sousa.
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Missal (1893), de Cruz e Sousa.
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Evocações (1898), de Cruz e Sousa.
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Septenário das dores de Nossa Senhora (1899), de Alphonsus de Guimaraens.
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Câmara ardente (1899), de Alphonsus de Guimaraens.
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Dona Mística (1899), de Alphonsus de Guimaraens.
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Faróis (1900), de Cruz e Sousa.
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Kyriale (1902), de Alphonsus de Guimaraens.
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Últimos sonetos (1905), de Cruz e Sousa.
Saiba mais: Principais características do Simbolismo no Brasil
Simbolismo nas artes plásticas
A pintura impressionista está relacionada à estética simbolista. A menor nitidez das telas impressionistas contrasta com a clareza da pintura realista. Portanto, o Impressionismo sugere, em vez de evidenciar a realidade. Os mais famosos pintores impressionistas são:
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Édouard Manet (1832-1883);
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Edgar Degas (1834-1917);
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Claude Monet (1840-1926);
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Pierre-Auguste Renoir (1841-1919).
Já Paul Gauguin (1848-1903), pintor pós-impressionista, também dialoga com o Simbolismo, devido ao subjetivismo primitivista e selvagem de algumas de suas obras, além da temática mística.
Porém, são pintores simbolistas de fato:
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Pierre Puvis de Chavannes (1824-1898);
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Gustave Moreau (1826-1898);
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Odilon Redon (1840-1916);
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Gustav Klimt (1862-1918).
As obras desses artistas trazem as características do Simbolismo pictórico:
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cores vivas;
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aspecto misterioso;
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espiritualidade;
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caráter onírico.
A escultura simbolista é marcada por mistério, erotismo e temática da morte. São destaques desse tipo de arte nomes como:
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Rodolfo Bernardelli (1852-1931);
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Leonardo Bistolfi (1859-1933);
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Materno Giribaldi (1870-1951).
Créditos da imagem
[1] Editora Companhia das Letras (reprodução)
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.
CATELLI, Eva Pralon. O Monumento Rossa (1942) de Materno Giribaldi. In: ENCONTRO INTERNACIONAL HISTÓRIA & PARCERIAS, 3., 2021, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: ANPUH, 2021.
CRUZ E SOUSA. Broquéis. Rio de Janeiro: Magalhães & cia., 1893.
GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994.
PUIGBÓ, Juan José. Vida y obra de Eugene-Henri-Paul Gauguin (1848-1903). Gaceta Médica de Caracas, Caracas, v. 114, n. 3, set. 2006.
SILVA, Arlenice Almeida da. A solidão em Stefan George: poesia e filosofia. Fronteiraz, n. 16, jul. 2016.
SILVA, Maria do Carmo Couto da. Imagens da mulher e da morte na arte do século XIX brasileiro: tendências simbolistas na escultura de Rodolfo Bernardelli. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS, 18., 2009, Salvador. Anais [...]. Salvador: EDUFBA, 2009.
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