Nelson Rodrigues foi um escritor brasileiro do século XX. Ele escreveu peças de teatro, romances, contos e crônicas. Uma de suas obras mais famosas é “A vida como ela é”.
Nelson Rodrigues nasceu em 23 de agosto de 1912, na cidade de Recife, em Pernambuco. Ainda na infância, se mudou para o Rio de Janeiro. Mais tarde, se transformou em um dos dramaturgos brasileiros mais conhecidos do século XX. Ele também publicou romances, crônicas e contos.
O autor, que faleceu em 21 de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro, escreveu obras ambientadas principalmente no subúrbio dessa cidade. Em suas obras, ele mostra alguns comportamentos condenáveis pela hipócrita sociedade carioca. Comportamentos explicitados, por exemplo, em seu livro A vida como ela é.
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Resumo sobre Nelson Rodrigues
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O escritor brasileiro Nelson Rodrigues nasceu em 1912 e faleceu em 1980.
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Além de dramaturgo, também foi romancista, contista e cronista.
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Suas obras fazem críticas a costumes e mostram o lado grotesco da sociedade.
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Um de seus livros mais famosos é a série de contos A vida como ela é.
Biografia de Nelson Rodrigues
Nelson Rodrigues nasceu em 23 de agosto de 1912, em Recife, no estado de Pernambuco. Quatro anos depois, a família decidiu viver no Rio de Janeiro. Mais tarde, em 1927, o escritor passou a trabalhar como repórter policial do jornal A Manhã. Porém, em 1929, o irmão do autor foi assassinado.
O pai do escritor, desgostoso com a morte do filho, faleceu um ano depois. Assim, em 1930, Nelson Rodrigues foi trabalhar no jornal O Globo. Mas, em 1934, para se tratar da tuberculose, se mudou para Campos do Jordão, onde viveu durante pouco mais de um ano. Já em 1940, ele se casou com Elza Bretanha e, logo depois, teve sua primeira peça encenada.
Em 1944, publicou, no periódico O Jornal, os capítulos de sua primeira narrativa com o pseudônimo de Suzana Flag: Meu destino é pecar. A essa altura, já era um dramaturgo conhecido e teve sua peça Álbum de família censurada em 1946. Já em 1951, estreou a coluna A Vida como ela é no jornal Última Hora.
No ano de 1963, se separou de sua esposa e foi viver com Lúcia Cruz Lima, com quem teve uma filha nesse mesmo ano. Três anos depois, em 1966, mais uma vez uma de suas obras foi censurada: o romance O casamento. No ano seguinte, passou a escrever crônicas de caráter memorialístico para o Correio da Manhã e, em seguida, para O Globo.
O filho de Nelson Rodrigues foi preso por se envolver na luta armada contra a ditadura militar em 1972. Assim, o dramaturgo se tornou vítima do regime que ele próprio apoiava. Por essa época, também chegou ao fim seu relacionamento com sua segunda esposa. E o autor faleceu em 21 de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro.
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Características literárias de Nelson Rodrigues
As obras de Nelson Rodrigues, de modo geral, apresentam linguagem coloquial e gírias, o que dá a seus textos um caráter mais popular. Em sua crítica de costumes à sociedade carioca, é perceptível a ironia, além de imagens grotescas. Além disso, é evidenciado um cotidiano de adultérios, atitudes hipócritas e outras condutas ditas imorais.
O autor prefere como espaço da ação o subúrbio do Rio de Janeiro, onde ocorrem histórias de amor, sexo, crime e morte. Ele não se restringe aos acontecimentos, pois também realiza a análise psicológica de seus personagens e faz críticas à classe burguesa. Assim, seus textos expõem as obscenidades cotidianas e mostram a vida como ela é.
Obras de Nelson Rodrigues
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A mulher sem pecado (1941) — peça teatral.
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Vestido de noiva (1943) — peça teatral.
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Meu destino é pecar (1944) — romance.
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Escravas do amor (1944) — romance.
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Minha vida (1944) — romance.
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Álbum de família (1946) — peça teatral.
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Anjo negro (1947) — peça teatral.
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Senhora dos afogados (1947) — peça teatral.
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Núpcias de fogo (1948) — romance.
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A mulher que amou demais (1949) — romance.
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Doroteia (1949) — peça teatral.
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Valsa no 6 (1951) — peça teatral.
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A falecida (1953) — peça teatral.
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A mentira (1953) — romance.
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Perdoa-me por me traíres (1957) — peça teatral.
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Viúva, porém honesta (1957) — peça teatral.
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Os sete gatinhos (1958) — peça teatral.
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Boca de ouro (1959) — peça teatral.
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O homem proibido (1959) — romance.
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Asfalto selvagem: Engraçadinha, seus pecados e seus amores (1959) — romance.
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O beijo no asfalto (1960) — peça teatral.
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Bonitinha, mas ordinária (1962) — peça teatral.
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Toda nudez será castigada (1965) — peça teatral.
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O casamento (1966) — romance.
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O óbvio ululante: primeiras confissões (1968) — crônicas.
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A cabra vadia (1970) — crônicas.
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Cem contos escolhidos: A vida como ela é... (1972) — contos.
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Anti-Nelson Rodrigues (1974) — peça teatral.
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Elas gostam de apanhar (1974) — contos.
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O reacionário: memórias e confissões (1977) — crônicas.
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A serpente (1978) — peça teatral.
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Fla-flu... e as multidões despertaram (1987) — crônicas.
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Memórias: a menina sem estrela (1992) — romance.
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A vida como ela é...: O homem fiel e outros contos (1992) — contos.
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A dama do lotação e outros contos e crônicas (1992) — contos e crônicas.
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A coroa de orquídeas (1992) — contos.
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O remador de Ben-Hur (1992) — crônicas.
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A cabra vadia: novas confissões (1992) — crônicas.
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À sombra das chuteiras imortais: crônicas de futebol (1992) — crônicas.
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A mulher do próximo (1992) — crônicas.
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Pouco amor não é amor (2002) — contos.
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O profeta tricolor (2002) — crônicas.
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Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo (2002) — crônicas.
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O berro impresso das manchetes (2007) — crônicas.
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A pátria de chuteiras (2012) — crônicas.
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Brasil em campo (2018) — crônicas.
Análise de A vida como ela é
“A vida como ela é” era o título de uma coluna do jornal Última Hora, em que Nelson Rodrigues publicou contos entre 1951 e 1961. As histórias se passavam no subúrbio carioca e traziam temáticas relacionadas ao casamento, ao adultério e a outros temas morais ou obscenos. Mais tarde, esses textos foram publicados em forma de livro.
Um dos contos desse livro é “A dama do lotação”, que começa com o personagem Carlinhos chegando à casa do pai às dez horas da noite. Ali, o filho desabafa, diz desconfiar da esposa Solange, acha que está sendo traído. Mas “o velho” fica indignado com o filho, pois “adorava a nora”.
Quando Assunção, amigo do casal, foi jantar na casa de Carlinhos, algo aconteceu. O guardanapo do marido caiu. Ao se abaixar, ele viu, sob a mesa, “os pés de Solange por cima dos de Assunção ou vice-versa”. Então, logo depois, ele foi à casa do pai “para o primeiro desabafo”.
No dia seguinte, o pai vai ao encontro do filho, quer detalhes sobre a suspeita. Mas acaba novamente censurando o ciúme de Carlinhos. Três dias depois, Carlinhos encontra Assunção, que revela: “Ontem viajei no lotação com tua mulher”. Quando Carlinhos pergunta sobre o amigo, a esposa nega ter visto Assunção após o dia do jantar.
Com um revólver, o marido coloca a esposa contra a parede. E, quando ele ameaça matar o Assunção, a esposa grita: “— Não, ele não!”. E revela que Assunção “não foi o único”. Então, conta para o marido as traições que começaram um mês após o casamento. Ela saía de casa todas as tardes, pegava o primeiro lotação e escolhia um passageiro.
Desse modo, o narrador mostra a realidade obscena por trás da imagem de um casal burguês, aparentemente feliz e “de ótima família”. Assim, aborda a temática da hipocrisia e do adultério, tão comuns em sua obra. Porém, constrói personagens pouco previsíveis.
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Frases de Nelson Rodrigues
A seguir, vamos ler algumas frases de Nelson Rodrigues, extraídas de seu livro A cabra vadia:
“Ah, o Brasil não é uma pátria, não é uma nação, não é um povo, mas uma paisagem.”
“Para sobreviver, o intelectual, o santo ou herói precisa imitar o idiota.”
“A beleza interessa nos primeiros 15 dias; e morre, em seguida, num insuportável tédio visual.”
“De mais a mais, temos a fascinação do escândalo.”
“Quem nunca desejou morrer com o ser amado, não conhece o amor, não sabe o que é amar.”
“O homem é triste porque, um dia, separou o Sexo do Amor.”
“O desejo tem pudor.”
Créditos da imagem
[1] Ediouro Publicações (reprodução)