Monteiro Lobato é considerado um dos maiores escritores brasileiros. Suas obras alcançam leitores infantojuvenis e adultos.
Infância e formação acadêmica
O escritor José Bento (Renato) Monteiro Lobato nasceu no município de Taubaté, interior do estado de São Paulo (SP), em 1882. Filho de José Bento Marcondes Lobato e de dona Olímpia Augusta Monteiro Lobato, Lobato apaixonou-se pelos livros ainda na infância. Uma de suas obras favoritas era As viagens de Gulliver (1735), de Jonathan Swift (1667-1745). Interessou-se, quando adulto, pelas obras do escritor português Camilo Castelo Branco e dos escritores brasileiros José de Alencar, Machado de Assis e Euclides da Cunha. Para aproveitar uma bengala herdada do pai, na qual estavam gravadas as iniciais “JBML”, Monteiro Lobato trocou o nome 'Renato' por 'Bento'.
Formou-se Bacharel em Direito, na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em 1904 e atuou como Promotor Público no município de Areias, São Paulo, durante sete anos. Em 1914, publicou seus primeiros contos e artigos no jornal 'O Estado de São Paulo', como 'Urupês' e 'Velha Praga', os quais fizeram parte de sua primeira obra, intitulada Urupês.
A primeira coletânea de contos
Em 1917, Lobato editou sua primeira coletânea de contos, Urupês (1918), obra na qual criou o Jeca Tatu, um de seus personagens mais famosos. O escritor havia comprado a 'Revista do Brasil', da qual já era colunista, e isso contribuiu significativamente para que pudesse divulgar os seus trabalhos.
Nessa obra, Monteiro Lobato faz uma crítica ao caboclo que vivia nas fazendas de café do interior de São Paulo, causando incêndios e destruindo a mata atlântica da região do Vale do Paraíba para o cultivo de café e outros produtos. O Jeca Tatu é retratado nas obras de Lobato como sendo um “parasita que incendeia a terra”. Com certa dose de sarcasmo, o autor procura traçar o perfil caricatural do povo brasileiro, enfatizar seu caráter nacionalista e seu engajamento social sobretudo no que se refere aos problemas e ao desenvolvimento do Brasil.
A Monteiro Lobato Editora
A 'Monteiro Lobato Editora' foi fundada no final de 1918. Dois anos mais tarde, Lobato publicou o primeiro livro dedicado aos leitores mirins: A Menina do Narizinho Arrebitado (1920). Nesse livro, o autor relata as aventuras de Narizinho e sua turma, personagens de maior destaque em suas obras destinadas às crianças. Com o sucesso do livro, o autor passou a se dedicar mais à literatura infantil, mexendo com o imaginário de seus leitores. Muitas histórias escritas pelo autor acontecem em um local imaginário, o Sítio do Pica-pau Amarelo, habitado pela boneca Emília, o Visconde de Sabugosa, Dona Benta, o Marquês de Rabicó e outras personagens do folclore brasileiro.
Crítico dos costumes da sociedade brasileira, sobretudo com relação ao caboclo do interior paulista, José Bento Monteiro Lobato publicou diversos livros de ficção sobre questões sociais, políticas e econômicas.
Principais obras de Monteiro Lobato
Público infantojuvenil
- Reinações de Narizinho (1921)
- O Saci (1921)
- O Marquês de Rabicó (1922)
- A Caçada da Onça (1924)
- Viagem ao Céu (1932)
- Novas Reinações de Narizinho (1933)
- O Picapau Amarelo (1939).
Público adulto
- Cidades Mortas (1919)
- Negrinha (1920)
- A Onda Verde (1921)
- O Macaco que se fez Homem (1923)
- América (1932)
- O escândalo do petróleo e do ferro (1936)
Atuação política e a luta pelo petróleo
Monteiro Lobato é considerado por muitos como um intelectual engajado nas causas nacionalistas. Com a falência da sua Editora, em 1925, o escritor mudou-se para Nova York, nos Estados Unidos, e atuou como Adido Comercial até 1931.
Quando retorna ao Brasil, criou a 'Companhia de Petróleo do Brasil' com vista à exploração do solo brasileiro e mediante subscrições populares, o que lhe valeu uma condenação a seis meses de prisão pelo Tribunal de Segurança Nacional, em 1941. Após ter cumprido a metade da pena, passou alguns anos na Argentina e regressou ao Brasil.
Os investimentos em petróleo deixaram Monteiro Lobato pobre e doente. No dia 5 de julho de 1948, o escritor faleceu, vítima de um acidente vascular cerebral. Seu corpo foi velado na Biblioteca Municipal e sepultado no Cemitério da Consolação, em São Paulo.