O modernismo foi uma escola literária que começou em 1922 e procurou revolucionar toda a área artística questionando dos dogmas das escolas anteriores.
O modernismo no Brasil foi uma escola literária do início do século XX que teve como marco inicial a Semana de Arte de 1922. Os autores desse movimento questionavam o fazer artístico e a criação de uma arte realmente brasileira, indo contra a colocação de regras, como faziam os parnasianos, que focaram mais na forma de construção dos textos, e não no conteúdo crítico ou nas relações com a sociedade.
Ele foi dividido em três fases ou “gerações”, e suas principais características foram: nacionalismo, liberdade de forma e de tema, crítica social e retomada do passado brasileiro (principalmente das influências europeias em sua história). Além da literatura, o movimento também esteve presente nas artes visuais, principalmente na pintura.
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Resumo sobre o modernismo no Brasil
- O marco inicial do modernismo foi a Semana de Artes de 1922.
- Foi idealizado pelo que viria a ser o Grupo dos Cinco, central no desenvolvimento modernista e composto por Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.
- Essa escola revolucionou a literatura brasileira por questionar toda a forma de produção artística pré-existente.
- Suas principais características incluíam nacionalismo, liberdade de forma e tema e crítica social.
- Foi contra o parnasianismo e a colocação de regras na arte.
- Criticou o eruditismo de escolas anteriores.
- Foi dividida em três fases: primeira geração ou fase heroica (1922-1930), segunda geração ou geração de 30 (1930-1945), e terceira geração ou geração de 45 (começou em 1945, mas não há um consenso sobre seu fim).
História do modernismo brasileiro
O movimento modernista foi um dos poucos que tiveram uma data de nascimento bem específica: ele se iniciou na Semana de Artes de 1922 ou Semana de Arte Moderna, que foram os três dias de apresentações de poesias, textos, pinturas e outras artes no Theatro Municipal de São Paulo (assim, os precursores do movimento são chamados de pré-modernistas).
A Semana foi uma reunião dos principais artistas da época, e seu objetivo era um novo projeto de arte que fosse muito mais nacionalista e contra a antiga escola, o parnasianismo (fim do século XIX). Os parnasianos foram escritores e, principalmente, poetas que tinham a “perfeição” como objetivo, valorizando formas clássicas e extremamente rigorosas.
Além disso, o evento sofreu grande influência das vanguardas europeias, uma série de estilos que também buscavam uma revolução artística, e de temáticas modernas que contemplavam o momento sócio-histórico.
Assim, os modernistas buscaram liberdade formal e artística com temáticas inspiradas no Brasil. Em um primeiro momento, foram muito vaiados e criticados pelos intelectuais mais conservadores, mas o movimento ganhou seu espaço e dominou-o até o fim do século XX.
Principais características do modernismo no Brasil
- Liberdade formal
- Nacionalismo
- Crítica social, histórica e literária
- Contra sentimentalismo e idealização
- Influência em todos os tipos de arte
- Revisão do passado e da cultura brasileiros
- Linguagem coloquial
- Humor e ironia
- Experimentalismo
Fases do modernismo no Brasil
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Primeira geração: fase heroica (1922-1930)
A grande marca da primeira geração modernista foi a Semana de 22, com suas apresentações de diversos tipos de arte que chocaram os intelectuais da época. Seus participantes buscaram questionar os dogmas de produções anteriores e achar uma estética realmente brasileira.
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Características da primeira geração do modernismo brasileiro
- Nacionalistas
- Revisão do passado e da cultura brasileiros
- Ironia e sarcasmo
- Críticas sociais
- Linguagem coloquial
- Uso de versos livres (sem métrica) e brancos (sem rima)
- Regionalismo
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Principais autores da primeira geração do modernismo brasileiro
- Grupo dos Cinco (Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral)
- Di Cavalcanti
- Graça Aranha
- Manuel Bandeira
- Plínio Salgado
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Principais obras da primeira geração do modernismo brasileiro
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- Memórias sentimentais de João Miramar (1924) e Pau-brasil (1925) - Oswald de Andrade
- Pauliceia desvairada (1922) e Macunaíma (1928) - Mário de Andrade
- Libertinagem (1930) - Manuel Bandeira
Além dos textos literários, a primeira geração foi marcada por diversos manifestos, característicos de um início de movimento, pois expressam suas características e objetivos. Os principais foram:
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- Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925) - Oswald de Andrade
- Movimento Antropofágico (1928-1929) - Antônio de Alcântara Machado e Oswald de Andrade
- Verde-Amarelismo ou Escola da Anta (1916-1929) - Plínio Salgado
Ademais, com o foco da divulgação literária centrado na mídia, diversas revistas foram criadas, especialmente a Revista Klaxon (1922-1923) e a Revista de Antropofagia (1928-1929). Para saber mais sobre a primeira fase modernista no Brasil, clique aqui.
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Segunda geração: geração de 30 (1930-1945)
Nesse momento, os ideais modernistas já estavam muito mais consolidados e não havia mais tamanho teor revolucionário. Assim, essa fase ficou conhecida como fase de consolidação.
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Características da segunda geração do modernismo brasileiro
- Nacionalismo
- Valorização da cultura
- Linguagem coloquial
- Uso de versos livres (sem métrica) e brancos (sem rima)
- Regionalismo e universalismo
- Influência da psicanálise
- Temáticas mais abstratas e abrangentes
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Principais autores da segunda geração do modernismo brasileiro
- Carlos Drummond de Andrade
- Cecilia Meireles
- Vinicius de Moraes
- Graciliano Ramos
- Jorge Amado
- Raquel de Queiroz
- Murilo Mendes
- Jorge de Lima
- Mario Quintana
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Principais obras da segunda geração do modernismo brasileiro
- Alguma poesia (1930) e A rosa do povo (1945) - Carlos Drummond de Andrade
- Novos poemas (1938) - Vinicius de Moraes
- Romanceiro da Inconfidência (1953) - Cecília Meireles
- Vidas secas (1938), São Bernardo (1934) e Angústia (1936) - Graciliano Ramos
- Capitães da Areia (1937) - Jorge Amado
- O Quinze (1930) - Rachel de Queiroz
Para saber mais sobre a segunda fase modernista, clique aqui.
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Terceira geração: geração de 45
A terceira geração teve características muito diferentes das outras, o que faz com que sua data de término não seja exata (1960, 1978 ou até o presente) e que seja até chamada de pós-modernista. Há um retorno a certos aspectos anteriores ao modernismo, e seus escritores podem ser chamados de neoparnasianos.
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Características da terceira geração do modernismo brasileiro
- Influência do parnasianismo e simbolismo
- Volta do rigor formal, oposição à liberdade
- Preocupação com a construção dos textos, principalmente poéticos
- Valorização do ritmo, rima e métrica
- Temas sociais e políticos, não mais focados no nacional
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Principais autores da terceira geração do modernismo brasileiro
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- Clarice Lispector
- Guimarães Rosa
- João Cabral de Melo Neto
- Haroldo de Campos
- Augusto de Campos
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Principais obras da terceira geração do modernismo brasileiro
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- Morte e vida severina (1957) - João Cabral de Melo Neto
- Sagarana (1946), Primeiras estórias (1962) e Grande sertão: veredas (1956) - Guimarães Rosa
- Perto do coração selvagem (1942), A paixão segundo G. H. (1964) e A hora da estrela (1977) - Clarice Lispector
Para saber mais sobre a terceira fase modernista, clique aqui.
Principais autores do modernismo no Brasil
- Augusto de Campos
- Carlos Drummond de Andrade
- Cecilia Meireles
- Clarice Lispector
- Graciliano Ramos
- Graça Aranha
- Guimarães Rosa
- Haroldo de Campos
- Jorge Amado
- Jorge de Lima
- João Cabral de Melo Neto
- Manuel Bandeira
- Mario Quintana
- Menotti del Picchia
- Murilo Mendes
- Mário de Andrade
- Oswald de Andrade
- Plínio Salgado
- Raquel de Queiroz
- Vinicius de Moraes
Leia também: Tarsila do Amaral — a pintora modernista que mais teve destaque no Brasil
Contexto histórico do modernismo no Brasil
Logo antes do modernismo, o mundo passava por uma de suas maiores transformações e traumas com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), um conflito que mudou todo o funcionamento econômico, político e social do planeta. Fruto de todas as relações internacionais do século XIX, o conflito fez com que uma reestruturação fosse obrigatória e trouxe o questionamento de tudo que era tradicional. Além disso, o austríaco Sigmund Freud (1856-1939) inaugurava a psicanálise, uma área que teve influência no modernismo e em toda a literatura que viria a seguir.
No Brasil, passávamos por incertezas políticas. O país estava no final do regime da chamada República Velha (1889-1930). Nesse momento, paulistas e mineiros alternavam-se no poder de forma fraudulenta e donos de terras tinham grande influência. A oposição a esse esquema era feita pelo movimento tenentista, composto por militares contrários ao governo.
O início do movimento modernista era claramente focado em São Paulo, naquele momento, a cidade mais rica do país pelo acúmulo na produção e exportação de café. Contudo, mesmo tendo uma industrialização já iniciada, havia nela poucos centros culturais, e a divulgação artística era dominada pela imprensa, nos jornais e revistas. Assim, os modernistas retratavam São Paulo como um lugar “modernizável”.
Arte modernista no Brasil
Junto às criações literárias, as artes plásticas e visuais fizeram parte do movimento e tiveram um papel essencial em sua história. Assim como na literatura, esses artistas apoiavam a renovação e o questionamento das antigas formas de criação. A primeira grande manifestação com elementos modernistas foi uma exposição da pintora Anita Malfatti, que chocou acadêmicos ao trazer as influências das vanguardas europeias para a pintura brasileira. Aqui estão algumas obras:
Exercícios resolvidos sobre o modernismo no Brasil
Questão 1
(Enem) “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.
“Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
[...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.”
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974)
Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
a) critica o lirismo louco do movimento modernista.
b) critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) propõe o retorno do movimento romântico.
e) propõe a criação de um novo lirismo.
Resposta: E
Assim como o movimento modernista, do qual Manuel Bandeira fez parte, o autor critica o lirismo da imposição e dos dogmas que não aceita a criatividade. Dessa forma, apoia a criação e a aceitação de um novo lirismo, aquele que permitiria a libertação.
Questão 2
O Manifesto Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, defendeu a poesia brasileira “de exportação”, ou seja, digna de ser lida e apreciada em outros países, além de ser valorizada. Qual frase do livro demonstra mais a valorização da cultura e da língua populares brasileiras?
a) “Só não se inventou uma máquina de fazer versos — a havia o poeta parnasiano.”
b) “A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária.”
c) “A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”
d) “País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo.”
Resposta: C
Pode-se perceber, no trecho C, que o autor foca em seu discurso a valorização da língua do país sem as imposições do meio acadêmico. Assim, diz que até os ditos “erros” caracterizam a cultura de um povo.
Créditos da imagem
[1] Governo do Estado de São Paulo / Wikimedia Commons
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