Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902, em Itabira, no estado de Minas Gerais. Mais tarde, fez faculdade de Farmácia, foi redator do Diário de Minas e do Minas Gerais, além de atuar como chefe de gabinete do ministro da Educação e Saúde Pública Gustavo Capanema (1900-1985).
O poeta, que faleceu em 17 de agosto de 1987, no Rio de Janeiro, fez parte da segunda geração do modernismo brasileiro. Escreveu poemas compostos por versos livres, além de obras caracterizadas pela temática do cotidiano e pela crítica sociopolítica. No entanto, apesar de apresentar elementos locais, a poesia de Drummond consegue, também, ser universal.
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Biografia de Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902, em Itabira, Minas Gerais. Ele era o nono filho do fazendeiro Carlos de Paula Andrade (1860-1931). Assim, em 1910, o poeta iniciou seu processo de alfabetização. Em 1916, começou a estudar no Colégio Arnaldo, na cidade de Belo Horizonte, em regime de internato.
Dois anos depois, passou a estudar, como interno, no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo. Contudo, no final de 1919, foi expulso da instituição devido a um desentendimento com o professor de Português. Então, no ano seguinte, o escritor e sua família decidiram morar em Belo Horizonte.
Em 1921, Drummond publicou alguns textos no Diário de Minas. No ano seguinte, seu conto “Joaquim do telhado” foi premiado em um concurso literário. Já em 1923, passou no vestibular e fez sua matrícula na Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte. Dois anos depois, casou-se com Dolores Dutra de Morais (1899-1994) e formou-se no curso de Farmácia.
Não exerceu a profissão, e, em 1926, depois de atuar como professor em Itabira, decidiu voltar a Belo Horizonte, onde se tornou redator do Diário de Minas. Dois anos depois, publicou um de seus poemas mais famosos — “No meio do caminho” — na Revista de Antropofagia. Em 1929, abandonou seu cargo no Diário de Minas para trabalhar como redator no Minas Gerais.
No ano de 1930, assumiu o cargo de oficial de gabinete de Gustavo Capanema, secretário do Interior, em Minas Gerais. Assim, em 1935, quando Capanema se tornou ministro da Educação e Saúde Pública, Drummond se mudou para o Rio de Janeiro e ocupou o cargo de chefe de gabinete do novo ministro.
Enquanto isso, escreveu para os periódicos Revista Acadêmica, Euclides, A Manhã, Correio da Manhã e Folha Carioca. Em 1945, deixou seu cargo de chefia no gabinete ministerial e, durante alguns meses, dirigiu o jornal comunista Tribuna Popular. Em seguida, começou a trabalhar na Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN).
Voltou a escrever para o Minas Gerais em 1949, parceria que durou até 1953. Nove anos depois, em 1962, aposentou-se como chefe de seção da DPHAN. A partir daí, continuou a colaborar em periódicos, além de publicar vários livros. Faleceu em 17 de agosto de 1987, no Rio de Janeiro.
Durante sua vida, o poeta recebeu os seguintes prêmios:
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Prêmio da Sociedade Felipe d’Oliveira (1946)
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Prêmio Padre Ventura (1959 e 1962)
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Prêmio Fernando Chinaglia (1963)
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Prêmio Luísa Cláudio de Souza (1963)
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Prêmio Jabuti (1968)
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Prêmio de Poesia da Associação Paulista de Críticos Literários (1973)
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Prêmio Nacional Walmap de Literatura (1975)
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Prêmio Estácio de Sá (1980)
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Prêmio Morgado de Mateus (1980)
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Características da obra de Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade é um autor da segunda geração do modernismo no Brasil. Suas obras possuem as seguintes características:
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Crítica sociopolítica
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Versos livres
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Temática do cotidiano
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Universalismo
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Traços regionalistas
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Conflito existencial
Obras de Carlos Drummond de Andrade
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Alguma poesia (1930)
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Brejo das almas (1934)
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Sentimento do mundo (1940)
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Poesias (1942)
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Confissões de Minas (1944)
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A rosa do povo (1945)
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Novos poemas (1948)
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Claro enigma (1951)
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Contos de aprendiz (1951)
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Passeios na ilha (1952)
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Viola de bolso (1952)
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Fazendeiro do ar (1954)
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A vida passada a limpo (1955)
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Fala, amendoeira (1957)
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Lição de coisas (1962)
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A bolsa & a vida (1962)
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A minha vida (1964)
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Cadeira de balanço (1966)
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Versiprosa (1967)
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Boitempo (1968)
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A falta que ama (1968)
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Nudez (1968)
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Caminhos de João Brandão (1970)
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O poder ultrajovem e mais 79 textos em prosa e verso (1972)
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As impurezas do branco (1973)
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Menino antigo (1973)
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De notícias & não notícias faz-se a crônica (1974)
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A visita (1977)
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Discurso de primavera e algumas sombras (1977)
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O marginal Clorindo Gato (1978)
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70 historinhas (1978)
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Esquecer para lembrar (1979)
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A paixão medida (1980)
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Contos plausíveis (1981)
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Caso do vestido (1983)
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Corpo (1984)
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Eu, etiqueta (1984)
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Boca de luar (1984)
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Amar se aprende amando (1985)
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O observador no escritório (1985)
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Tempo vida poesia (1986)
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Moça deitada na grama (1987)
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O avesso das coisas (1988)
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Poesia errante (1988)
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Autorretrato e outras crônicas (1989)
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O amor natural (1992)
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Farewell (1996)
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Poemas de Carlos Drummond de Andrade
O poema “A rua diferente”, do livro Alguma poesia, é composto por versos livres e trata de um tema universal — a inconstância. Desse modo, o eu lírico mostra as transformações que estão ocorrendo em sua rua e a contrariedade dos vizinhos, que têm dificuldade de lidar com as mudanças. Contudo, a filha do eu lírico, aparentemente uma criança, e talvez por isso mesmo, é a única pessoa capaz de ver o caráter extraordinário do acontecimento:
Na minha rua estão cortando árvores
botando trilhos
construindo casas.
Minha rua acordou mudada.
Os vizinhos não se conformam.
Eles não sabem que a vida
tem dessas exigências brutas.
Só minha filha goza o espetáculo
e se diverte com os andaimes,
a luz da solda autógena
e o cimento escorrendo nas formas.
Já o poema “A flor e a náusea”, do livro A rosa do povo, também é escrito em versos livres. Ele mostra a náusea do eu lírico diante da existência monótona, opressiva, desagradável e injusta. No entanto, em meio à tediosa existência, acontece um fato extraordinário: uma flor rompe o duro asfalto. Essa flor é uma esperança em meio ao tédio, ao nojo e ao ódio:
Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
[...]
Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
[...]
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
[...]
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
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Frases de Carlos Drummond de Andrade
A seguir, vamos ler algumas frases de Carlos Drummond de Andrade, retiradas de seu livro Sentimento do mundo. Desse modo, fizemos uma adaptação, ou seja, transformamos os versos do autor em prosa:
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“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.”
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“O mundo é mesmo de cimento armado.”
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“Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram.”
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“Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.”
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“Não serei o poeta de um mundo caduco.”
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“O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.”
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“Os suicidas tinham razão.”
Crédito da imagem
[1] Companhia das Letras (reprodução)
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