Fábula é um texto predominantemente narrativo, quase sempre breve e em prosa, com personagens sem muita complexidade e história de caráter ético e moral.
A fábula é um texto narrativo de tendências didáticas muito utilizado no ensino de valores éticos e morais. Atualmente, ela é muito trabalhada nas escolas, principalmente nos anos iniciais, no intuito de demonstrar a importância de certos aspectos morais considerados socialmente essenciais em nosso tempo.
A discussão sobre a conduta do ser humano é antiga, o que pode ser demonstrado pela fábula, cuja possível origem foi estabelecida por Esopo, autor que viveu na Grécia entre os anos 620-560 a.C., quando já se tinha preocupações pedagógicas em relação à educação dos povos.
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Resumo sobre a fábula
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É um gênero textual predominantemente narrativo simples e pragmático, com personagens sem grande complexidade e com finalidade ética e moral.
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Pode ser compreendida com base em dois planos estruturais: o narrativo e o moral. O primeiro diz respeito à estrutura de apresentação, complicação, clímax e desfecho da história. O segundo se refere aos ensinamentos morais de cunho didático presentes ao final da narrativa.
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Dos autores mais conhecidos das fábulas, destacamos Esopo, Fedro e La Fontaine. Eles são os autores de obras como A cigarra e a formiga, A lebre e a tartaruga e O lobo e o cordeiro.
O que fábula?
A fábula é, segundo o Dicionário de gêneros textuais, uma narrativa breve, simples, pragmática e com personagens sem grande nível de complexidade. Ela é um texto que tem como finalidade uma formação ética e moral em seu leitor, pois evidencia determinados valores socioculturais em seu conteúdo.
Características e estrutura da fábula
Com relação às características, podemos elencar os seguintes elementos sobre a fábula:
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Trata-se de uma narrativa breve, apresentando poucos personagens com pouca (ou nenhuma) complexidade e diversas relações alegóricas.
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Apresenta uma interação entre personagens, que podem ser pessoas, animais ou seres inanimados, sendo que todos eles têm características humanas (os animais e objetos são antropomorfizados).
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Apresenta uma reflexão de ordem moral (moral da história) geralmente de maneira explícita ao fim do texto. Assim, a fábula possui elementos didáticos bem definidos em sua composição, como a presença de uma linguagem clara e acessível.
Do ponto de vista estrutural, o linguista José Luiz Fiorin divide a fábula em dois planos: o narrativo e o moral.
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Plano narrativo: refere-se à narração propriamente dita, com a apresentação das personagens e enredo, complicação, clímax e desfecho. Nesse plano, segue-se as características básicas do texto predominantemente narrativo.
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Plano moral: é a parte final. Pode-se dizer que o fim da fábula não é propriamente o seu desfecho, mas o seu plano moral. De acordo com Fiorin, é nessa parte que se reitera o significado da narração, pois, nas palavras do linguista, “a fábula é sempre uma história de homens, mesmo quando os personagens são animais, pois estes falam, sentem paixões humanas (…) o que indica que são personificações dos seres humanos”. Assim, o conteúdo da fábula está sempre relacionado à vida dos seres humanos e, por isso, é alegórico.
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Autores e fábulas famosas
As fábulas se constituíram há muitos anos, desde a Grécia Antiga, como um mecanismo didático-pedagógico direcionado aos cidadãos na intenção de ressaltar valores ético-morais importantes. O primeiro grande fabulista de que temos registro foi Esopo, escravizado e contador de histórias que viveu na Grécia entre 620-560 a.C. A cigarra e a formiga, A lebre e a tartaruga e O lobo e o cordeiro são algumas das fábulas mais famosas desse autor.
Fedro foi outro fabulista cuja produção sobreviveu ao tempo. Ele viveu em Roma, no século I d.C. Já La Fontaine é o mais contemporâneo dos três. Ele viveu na França do século XVI e é considerado o pai da fábula moderna, enquanto Esopo seria o grande criador do gênero.
Com relação às fábulas produzidas por Fedro e La Fontaine, muitas delas foram reinterpretações para as suas respectivas épocas de obras como A cigarra e a formiga ou A lebre e a tartaruga, criadas originalmente por Esopo. Pode-se dizer que esse processo de releitura na produção clássica de Esopo ajudou a tornar essas fábulas famosas.
Como se faz uma fábula?
Para fazer uma fábula é preciso, em primeiro lugar, definir o aspecto didático-pedagógico a ser transmitido. Em outros termos, é preciso saber o porquê da fábula. O que o autor pretende? Ressaltar a importância de se ter coragem, ou as consequências da desonestidade? É com base nessa definição de orientação ética e moral que o autor deve direcionar seu enredo e seus personagens.
Assim, em segundo lugar, com as definições pedagógicas esclarecidas, o autor precisa definir o seu enredo, o espaço e as personagens que vão compor a sua história. Quem são? Onde estão? O que estão fazendo? Essas são as perguntas que ajudarão nessa etapa.
Em terceiro, durante o processo de escrita, é importante atentar-se para a linguagem utilizada no texto. Ela precisa ser simples e breve, e seu conteúdo é claro. Em uma fábula, não há espaço para questões controversas por conta de suas características e viés didático.
Por fim, em quarto lugar, vem o que o linguística Fiorin chamou de plano moral. A moral da história vem após a narrativa do texto e deve ser sucinta e clara ao leitor. Ela pode também conter elementos alegóricos presentes na narrativa e retomados ao final.
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Exemplos de fábulas
Confira, a seguir, alguns exemplos de fábulas e uma breve análise de sua composição.
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As raposas e as uvas
Uma raposa estava com muita fome e viu uma cacho de uvas numa latada. Quis pegá-lo, mas não conseguiu. Ao se afastar, disse para si mesma:
— Estão verdes.
Moral da história:
O homem que culpa as circunstâncias fracassa e não vê que o incapaz é ele mesmo.
Esopo
Em A raposa e as uvas, temos uma personagem antropomorfizada (a raposa) que começa a cobiçar as uvas que se apresentam ao alto. O enredo é simples e a única coisa que sabemos da personagem é que se trata de uma raposa.
Se pensarmos na composição da história, há, de forma sucinta, uma apresentação (a raposa que chega a uma latada), a complicação (as uvas estão distantes e, mesmo assim, ela as cobiça), o clímax (ela se afasta sabendo que não vai conseguir) e o desfecho (desdenha da fruta ao dizer “estão verdes”). Esse é o plano da narração. Quanto ao plano da moral, o narrador expõe que aquele que muito deseja algo e não consegue acaba, por incapacidade ou incompetência, desdenhando o objeto de desejo.
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A tartaruga e a lebre
Uma tartaruga e uma lebre discutiam para saber quem era a mais veloz. Por isso, combinaram uma data para uma corrida e um local aonde deveriam chegar. No dia certo, partiram. A lebre, que contava com sua rapidez natural, não se preocupou com a corrida. Caiu à beira de uma estrada e adormeceu. Já a tartaruga, que sabia quão lenta era, não perdeu tempo e, deixando a lebre dorminhoca para trás, venceu a aposta.
Moral da história:
O talentoso com preguiça perde para quem enfrenta a liça.
Esopo
Em A tartaruga e a lebre, há dois personagens (também antropomorfizados) em cena: a tartaruga e a lebre. O conflito se dá na discussão sobre quem é mais veloz, e isso acarreta uma disputa entre ambas. No dia da corrida, o desfecho narrativo se dá pela despreocupação e preguiça da lebre, que resolveu dormir e se esqueceu da corrida, e, dessa forma, a tartaruga vence. Ao fim, a moral vem em uma sentença: “o talentoso com preguiça perde para quem enfrenta a liça”. Em outros termos, não basta ser talentoso, mas ter preguiça, pois aquele que não tiver talento, mas tiver vontade, pode se sobressair.
Videoaula sobre fábula, apólogo e parábola
Exercícios resolvidos sobre fábula
Questão 1
(Unirg TO/2017)
A cabra e o asno
Viviam no mesmo quintal. A cabra ficou com ciúme, porque o asno recebia mais comida. Fingindo estar preocupada, disse:
— Que vida a sua! Quando não está no moinho, está carregando fardo. Quer um conselho? Finja um mal-estar e caia num buraco.
O asno concordou, mas, ao se jogar no buraco, quebrou uma porção de ossos. O dono procurou socorro.
— Se lhe der um bom chá de pulmão de cabra, logo estará bom — disse o veterinário.
A cabra foi sacrificada e o asno ficou curado.
QUEM CONSPIRA CONTRA OS OUTROS TERMINA FAZENDO MAL A SI PRÓPRIO
(Almanaque do Brasil de cultura popular, ano 5, n.55, out. 2003, p-29.)
Reconhecemos no texto o gênero textual:
a) crônica
b) apólogo
c) fábula
d) conto
Resolução: letra C
Para responder à questão, é importante retomarmos as principais características do gênero textual fábula. A fábula apresenta uma história curta, com personagens sem grande complexidade e com um viés educativo (moral). Em A cabra e o asno, temos um diálogo entre dois animais (antropomorfizados) envolvendo os ciúmes que a cabra sente do asno. Há, ao final, uma lição moral (ou plano moral) com a seguinte frase: “quem conspira contra os outros termina fazendo mal a si próprio”. Assim, o texto apresenta uma narrativa simples, curta, personagens superficiais e uma lição moral ao fim, caracterizando, portanto, uma fábula.
Questão 2
Leia o texto e responda à questão a seguir.
Cada um dos deuses se casou com a mulher que o destino lhes havia reservado. Quando foi a vez do deus Guerra, só havia sobrado a Violência: ele se apaixonou loucamente por ela e a desposou. Desde então, ele a acompanha por toda parte.
A violência impera numa cidade ou entre as nações, trazendo guerra e discórdia.
Guerra e violência, Esopo
A narrativa acima pode ser considerada uma fábula, pois
a) apresenta animais antropomorfizados.
b) trata de temas universais, como guerra e violência.
c) traz elementos de complexidade para a narrativa e para as personagens.
d) tem caráter educativo e moralizador ao tratar dos temas guerra e violência.
Resolução: letra D. A fábula pode apresentar personagens animais antropomorfizados ou não. Sendo assim, a alternativa A está incorreta, pois não é unicamente a presença ou não de animais antropomorfizados que definirá o texto como fábula. A fábula, por ser educativa e voltada para uma população (Grécia e Roma fizeram uso constante dela para educar seu povo), trata de questões universais. No entanto, outros textos também o fazem, não sendo, portanto, suficiente apenas esse elemento no texto. A alternativa B também está incorreta. A alternativa C é incorreta porque a fábula não apresenta profundidade sobre as personagens ou sobre a narrativa. Na alternativa D, temos a principal característica da fábula, o seu caráter educativo e moralizador.