Regência verbal é um mecanismo linguístico que permite a relação entre o verbo e seu complemento. O verbo pode exigir ou não uma preposição para se ligar ao termo regido.
Regência verbal é a parte da gramática que estuda a relação entre o verbo e seu complemento. Assim, o verbo é o termo regente, que pode ou não exigir preposição para se ligar ao seu complemento, ou seja, o termo regido.
Leia também: Concordância verbal — a adaptação do verbo ao número e à pessoa do sujeito
Resumo sobre regência verbal
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A regência verbal é a parte da gramática que estuda a relação entre o verbo e seu complemento.
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Nesse processo, o verbo é regente, enquanto o complemento é o termo regido.
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Alguns verbos podem ter mais de uma regência, como “assistir”, que pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.
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Outro tipo de regência é a nominal, referente ao processo de ligação entre o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e seu complemento.
Videoaula sobre regência verbal
O que é regência verbal?
A regência verbal é um mecanismo linguístico que permite a ligação entre um verbo e seu complemento. Nessa relação, o verbo é o regente; já o complemento é o regido. Portanto, a regência verbal é a parte da gramática que estuda a relação entre o verbo e seu complemento.
Como ocorre a regência verbal?
Em um período, o termo regente (no caso, o verbo) exige um complemento para fazer sentido.
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Regras de regência verbal |
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Tipo de verbo |
Regra |
Exemplo |
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O verbo não exige preposição. |
Vi o famoso intelectual. |
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Transitivo indireto |
O verbo exige preposição. |
Gerson obedecia às regras. |
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Transitivo direto e indireto |
O verbo possui dois complementos, sendo um sem preposição e outro com preposição. |
Paguei o aluguel ao dono do imóvel. |
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O adjunto adverbial, ligado ao verbo por preposição, completa o sentido desse verbo. |
Adolfo chegou ao seminário. Observação: “ao seminário” é adjunto adverbial de lugar. |
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Exemplos de regência verbal
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Aborrecer-se com
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Abster-se de
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Abusar de
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Acabar com
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Acomodar-se a
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Acreditar em
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Aderir a
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Alimentar com, de
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Aludir a
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Apaixonar-se de, por
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Bastar a
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Bater a, em
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Blasfemar contra
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Brigar com
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Cair em, sobre
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Casar-se com
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Chorar por
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Combinar com
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Comparar a, com
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Concordar com, em
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Consentir em
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Consistir em
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Contribuir com, para
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Decidir sobre
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Deparar com
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Depender de
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Desconfiar de
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Desculpar-se com, de
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Desistir de
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Desobedecer a
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Distinguir de
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Distrair-se com
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Duvidar de
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Embriagar-se com, de
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Empenhar-se com, em, por
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Encher de
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Encontrar-se com
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Espantar-se com, de
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Falar a, com, de, em, sobre
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Formar-se em
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Gabar-se de
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Gostar de
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Habituar-se a
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Herdar de
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Hesitar em, sobre
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Implicar com
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Incluir em
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Incorrer em
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Insistir em, sobre
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Intervir em
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Intrometer-se em
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Juntar a, com
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Lamentar-se de
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Libertar de
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Lidar com
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Lutar com, contra
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Mergulhar em
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Nutrir-se com, de
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Obedecer a
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Optar entre, por
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Padecer de
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Pensar em
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Persistir em
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Pospor a
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Precisar de
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Proceder a, com
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Protestar contra
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Queixar-se a, de
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Reconciliar-se com
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Recorrer a
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Referir-se a
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Refletir em, sobre
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Renunciar a
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Residir em
-
Rogar por
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Separar de
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Sobreviver a
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Sonhar com
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Suspeitar de
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Tachar de
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Teimar em
-
Temer de, por
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Transformar em
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Trocar de, por
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Unir a, com
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Valer-se de
-
Vestir-se com, de
-
Voltar a, de
-
Zelar por
Quais são os verbos com mais de uma regência?
Existem muitos verbos que possuem mais de uma regência. No quadro abaixo, selecionamos alguns deles como exemplos.
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Regência verbal |
Sentido |
Exemplo |
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Agradar |
Fazer carinho |
Janice agradou os sobrinhos e partiu. |
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Agradar a |
Ser agradável |
Janice não se preocupa em agradar a ninguém. |
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Almejar Almejar por |
Desejar |
Gerson almejou o emprego.
Gerson almejou pelo emprego. |
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Ansiar Ansiar por |
Desejar muito |
Paula ansiava ver sua amiga.
Paula ansiava por ver sua amiga. |
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Anteceder Anteceder a |
Vir antes |
A sua decisão antecedeu acontecimentos terríveis.
A sua decisão antecedeu a acontecimentos terríveis. |
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Aspirar |
Sorver |
Rute aspirava o cheiro delicado das flores. |
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Aspirar a |
Desejar |
Rute aspirava ao posto de diretora. |
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Assistir |
Auxiliar |
A enfermeira Dirce assistiu o paciente. |
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Assistir em |
Morar |
A enfermeira Dirce assiste no bairro São José. |
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Assistir a |
Presenciar, ver
Caber, pertencer |
A enfermeira Dirce estava assistindo ao futebol quando tudo aconteceu.
Folgas semanais assistem à enfermeira Dirce. |
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Atender Atender a |
Deferir, responder |
Nós atendemos o pedido dos moradores do bairro.
Nós atendemos ao pedido dos moradores do bairro. |
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Cumprir Cumprir com |
Realizar, exercer |
Neide cumpriu sua missão.
Neide cumpriu com sua missão. |
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Desfrutar Desfrutar de |
Gozar |
Agora podemos desfrutar o tempo livre.
Agora podemos desfrutar do tempo livre. |
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Esquecer Esquecer-se de |
Não lembrar |
A Argentina não esqueceu o passado.
A Argentina não se esqueceu do passado. |
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Lembrar Lembrar-se de |
Recordar |
Lembro o dia em que te conheci.
Lembro-me do dia em que te conheci. |
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Necessitar Necessitar de |
Precisar |
Disse que necessita alguns dias de folga.
Disse que necessita de alguns dias de folga. |
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Preceder Preceder a |
Vir antes |
A sua decisão precedeu acontecimentos terríveis.
A sua decisão precedeu a acontecimentos terríveis. |
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Querer |
Desejar |
Quênia quer aquela casa. |
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Querer a |
Amar |
Quênia quer muito aos irmãos. |
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Visar |
Mirar
Colocar visto |
João visou o colega e acertou-lhe a bola de papel.
João visou o recibo. |
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Visar a |
Ter como objetivo |
João visava a uma vida mais confortável. |
Diferença entre regência verbal e regência nominal
Enquanto a regência verbal se refere à ligação entre um verbo e seu complemento, a regência nominal está relacionada à ligação entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e seu complemento.
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Regência verbal |
Regência nominal |
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Nós assistimos ao jogo de futebol ontem. |
Quem tem medo de fantasma? |
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Ela não esqueceu o que ele havia dito. |
Ela é uma pessoa apta a atuar como relatora. |
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Ana quer um chocolate. |
Semelhantemente àquele caso de fraude, a decisão do juiz foi correta. |
Para saber mais detalhes sobre a diferença entre regência verbal e regência nominal, clique aqui.
Exercícios sobre regência verbal
Questão 1
(Unimontes - Adaptada) Leia o texto que se segue para responder à questão.
HERÓI. MORTO. NÓS.
LOURENÇO DIAFÉRIA
Não me venham com besteiras de dizer que herói não existe. Passei metade do dia imaginando uma palavra menos desgastada para definir o gesto desse sargento Sílvio, que pulou no poço das ariranhas, para salvar o garoto de catorze anos, que estava sendo dilacerado pelos bichos. O garoto está salvo. O sargento morreu e está sendo enterrado em sua terra.
Que nome devo dar a esse homem?
Escrevo com todas as letras: o sargento Silvio é um herói. Se não morreu na guerra, se não disparou nenhum tiro, se não foi enforcado, tanto melhor.
Podem me explicar que esse tipo de heroísmo é resultado de uma total inconsciência do perigo. Pois quero que se lixem as explicações. Para mim, o herói — como o santo — é aquele que vive sua vida até as últimas conseqüências.
O herói redime a humanidade à deriva. Esse sargento Silvio podia estar vivo da silva com seus quatro filhos e sua mulher. Acabaria capitão, major. Está morto.
Um belíssimo sargento morto. E todavia.
Todavia eu digo, com todas as letras: prefiro esse sargento herói ao duque de Caxias.
O duque de Caxias é um homem a cavalo reduzido a uma estátua. Aquela espada que o duque ergue ao ar aqui na Praça Princesa Isabel — onde se reúnem os ciganos e as pombas do entardecer — oxidou-se no coração do povo. O povo está cansado de espadas e de cavalos. O povo urina nos heróis de pedestal. Ao povo desgosta o herói de bronze, irretocável e irretorquível, como as enfadonhas lições repetidas por cansadas professoras que não acreditam no que mandam decorar.
O povo quer o herói sargento que seja como ele: povo. Um sargento que dê as mãos aos filhos e à mulher, e passeie incógnito e desfardado, sem divisas, entre seus irmãos.
No instante em que o sargento — apesar do grito de perigo e de alerta de sua mulher — salta no fosso das simpáticas e ferozes ariranhas para salvar da morte o garoto que não era seu, ele está ensinando a este país, de heróis estáticos e fundidos em metal, que todos somos responsáveis pelos espinhos que machucam o couro de todos.
Esse sargento não é do grupo do cambalacho.
Esse sargento não pensou se, para ser honesto para consigo mesmo, um cidadão deve ser civil ou militar. Duvido, e faço pouco, que esse pobre sargento morto fez revoluções de bar, na base do uísque e da farolagem, e duvido que em algum instante ele imaginou que apareceria na primeira página dos jornais.
É apenas um homem que — como disse quando pressentiu as suas últimas quarenta e oito horas, quando pressentiu o roteiro de sua última viagem — não podia permanecer insensível diante de uma criança sem defesa.
O povo prefere esses heróis: de carne e sangue.
Mas, como sempre, o herói é reconhecido depois, muito depois. Tarde demais.
É isso, sargento: nestes tempos cruéis e embotados, a gente não teve o instante de te reconhecer entre o povo. A gente não distinguiu teu rosto na multidão. Éramos irmãos, e só descobrimos isso agora, quando o sangue verte, e quanto te enterramos. O herói e o santo é o que derrama seu sangue. Esse é o preço que deles cobramos.
Podíamos ter estendido nossas mãos e te arrancado do fosso das ariranhas — como você tirou o menino de catorze anos — mas queríamos que alguém fizesse o gesto de solidariedade em nosso lugar.
Sempre é assim: o herói e o santo é o que estende as mãos.
E este é o nosso grande remorso: o de fazer as coisas urgentes e inadiáveis — tarde demais.
As Cem Melhores Crônicas Brasileiras
Na passagem “...prefiro esse sargento herói ao duque de Caxias”, o verbo “preferir” tem a mesma regência que o verbo sublinhado em:
A) “Ao povo desgosta o herói de bronze...”
B) “Que nome devo dar a esse homem?”
C) “O povo está cansado de espadas e de cavalos.”
D) “A gente não distinguiu teu rosto na multidão.”
Resolução:
Alternativa B
Na oração “… prefiro esse sargento herói ao duque de Caxias”, a expressão “esse sargento herói” é complemento direto do verbo “prefiro”, já “ao duque de Caxias” é o complemento indireto do verbo. Situação semelhante é observada em “Que nome devo dar a esse homem?”, pois a palavra “nome” é complemento direto do verbo “dar”, enquanto “a esse homem” é o complemento indireto do verbo.
Questão 2
(Unimontes - Adaptada) Leia as seguintes construções sintáticas, comparando-as, para responder à questão.
“Impossível não me lembrar de uma metáfora…”
“Impossível também não lembrar a famosa parábola…”
Marque a alternativa INCORRETA sobre o emprego do verbo “lembrar” em suas duas ocorrências acima.
A) Em cada ocorrência, sofre alteração de regência e de sentido.
B) Tem regência diferente em cada ocorrência, mas mantém seu sentido básico.
C) É pronominal transitivo indireto na primeira ocorrência, e transitivo direto na segunda.
D) Quando pronominal, vem obrigatoriamente regido pela preposição “de”, como na primeira ocorrência.
Resolução:
Alternativa A
O verbo “lembrar”, em cada ocorrência, sofre alteração de regência: na primeira frase, ele possui complemento indireto; e, na segunda, complemento direto. No entanto, o verbo não sofre alteração de sentido, já que, em ambas as ocorrências, ele significa “recordar”.
Fontes
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 15. ed. São Paulo: Scipione, 1999.
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