Os parênteses ou parêntesis, por isolarem as ideias acessórias, contribuem para uma melhor organização das informações contidas nos textos. Em vista disso, são utilizados para expor observações dos autores de composições escritas, para apresentar questionamentos e afirmações de cunho emotivo das personagens de obras ficcionais e também para inserir informações técnicas, como as referências bibliográficas. Dado o seu caráter múltiplo, essas pontuações possuem diferentes relações com as demais, justificadas pelos diversos contextos de uso delas.
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Quando usar os parênteses?
Inicialmente, deve-se pensar que o uso dos parênteses, representado graficamente pelos ( ), é justificado pela necessidade de apresentar-se informações acessórias em relação ao restante do período. Assim, essas pontuações isolam tanto semanticamente quanto sintaticamente os elementos presentes entre elas. Em razão disso, a depender do teor contido, pode-se observar uma relação de proximidade entre o autor e o leitor, o que resulta, inclusive, numa diferença de entonação ao fazer-se a leitura oral do trecho.
Feito esse breve panorama a respeito dos parênteses, veja quais são os seus principais contextos de uso.
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Insere um pensamento ou uma observação transversal ao assunto abordado
Exemplos:
- Novamente (sabia disso) era preciso escolher entre o amor e o trabalho.
- O meu desejo, como as aspirações daqueles com quem eu convivia (se eles realmente as têm), não se concretizava.
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Faz um esclarecimento ou introduz um acontecimento secundário em relação ao que foi exposto
Exemplos:
- É lá (em frente à escola onde Pedro estuda) que aconteceu o acidente de carro.
- André cozinhava (quando estava disposto a fazer a comida) muito bem.
Destaques
Além dessas explicações de conteúdo, há o uso dos parênteses em situações mais técnicas. Observe:
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Referências às datas, à bibliografia utilizada no texto
Exemplo:
“O amor, a princípio, a embriagara, ela não pensava em nada além dele.” (FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary.)
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Notas para os atores de uma peça teatral
Exemplo:
[...] Nat (de olhos arregalados): Quem é você?
Morte: A morte.
[...] Nat: Deve haver um engano. Estou em perfeita saúde.
Morte: Sei, sei. (Olhando em volta.) Bonito lugar, este aqui. Vocês mesmos o decoraram?
(ALLEN, Woody. Cuca fundida)
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Citação textual de uma palavra ou frase traduzida
Exemplo:
Todos os produtos estão em sale off (liquidação).
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Apresenta uma exclamação ou uma interrogação de cunho emotivo
Exemplo:
José morreu naquela noite fria e chuvosa (meu Deus! Por que eu briguei com ele naquele dia?).
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Isola orações intercaladas formadas por verbos declarativos
As orações intercaladas são construções sintáticas que rompem a ordem direta (sujeito + predicado + complementos) e, neste caso, possuem verbos que expressam uma referência a algum ato da fala, por exemplo, alega, responde, jura, sugere.
Exemplos:
Certa vez (relataram) os cidadãos tinham deixado de votar.
Pontuação e parênteses
Basicamente, há duas possibilidades de colação da pontuação associada aos parênteses:
Caso a pausa a ser marcada por outra pontuação coincida com o início dos parênteses, então aquela deve ser colocada após estes.
Exemplo:
No meu quintal (local repleto de flores), as abelhas divertem-se.
Se a sentença inteira estiver no interior dos parênteses, há que se colocar as demais pontuações, como vírgulas e pontos finais, dentro deles.
Exemplo:
É imprescindível estudar mais (o conhecimento advindo do estudo é a base para um mundo melhor.)
Parênteses ou parêntesis?
Uma das dúvidas mais recorrentes relativas aos parênteses é sobre o termo ser escrito com a letra “e” após o primeiro “s” ou com a letra “i”. Saiba que ambas as construções estão de acordo com a norma-padrão da língua, tendo em vista que o significado é materializado na forma de duas grafias, assim como “assobiar” e assoviar”, catorze e quatorze.
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Diferença entre parênteses e colchetes
Os colchetes, na verdade, são um tipo de parênteses, já que são responsáveis por apresentar informações acessórias, entretanto os seus usos requerem a observância de algumas regras. Veja-as:
Se houver, na citação direta, ou seja, na transcrição exata de um trecho escrito por outrem, observações feitas pelo autor do novo texto.
Exemplo:
“Então levei a inquietação para a casa onde pensei ser recebida, lá fui atormentar Natércio com minha presença. Ele queria esquecer e eu não deixava, eu com os olhos do outro [de Daniel], com o andar do outro, lembrando a traição, ressuscitando tudo”
A citação do trecho da obra Ciranda de pedra, de Lygia Fagundes Telles, no texto “O avesso da festa” contou com uma intervenção [de Daniel], feita por Silviano Santiago.
Caso objetive-se isolar uma parte maior, na qual já existem parênteses.
Exemplo:
“Dostoiévski toma como um dos protótipos de Smierdiakóv a personagem Javert de Os miseráveis, de Victor Hugo. [O próprio autor descreve como ‘stoique, sérieux, austère; rêveur triste; humble et hautain comme les fanatiques’ (isto é, ‘estoico, sério, austero; visionário triste; submisso e arrogante como todos os fanáticos’).]”
(BEZERRA, Paulo. “Um romance síntese”. Adaptado.)
Parênteses dentro de outros parênteses não são permitidos, por isso o uso dos colchetes.
Se um dado não estiver na obra citada, mas o autor do novo texto quer colocá-lo na referência bibliográfica.
Exemplo:
Dom Casmurro. Por Machado de Assis, da Academia Brasileira. H. Garnier, Livreiro - Editor - 71, Rua Moreira César, 71, Rio de Janeiro - 6, rue des Saints Pères, 6 - Paris [1899].
A data que está entre colchetes e que diz respeito ao ano de publicação da obra Dom Casmurro em Paris não constava na edição original, mas foi colocada para que o leitor situe-se.