O que é oração?
Oração é uma frase com verbo ou locução verbal. A oração pode ser absoluta, principal, coordenada, subordinada ou intercalada. Um período apresenta uma ou mais orações.
Por Warley Souza
A oração é um enunciado que apresenta verbo ou locução verbal. Ela pode ser absoluta, principal, coordenada, subordinada ou intercalada. Já a frase é qualquer enunciado com ou sem verbo. Por fim, o período compreende o início de um enunciado (que apresenta um ou mais verbos) até o ponto-final, ponto de exclamação ou ponto de interrogação.
Leia também: O que são verbos e como identificá-los?
Resumo sobre oração
- A oração é um enunciado que, obrigatoriamente, possui verbo ou locução verbal.
- Existem os seguintes tipos de oração:
- absoluta;
- principal;
- coordenada;
- subordinada;
- intercalada.
- A frase é qualquer enunciado com ou sem verbo.
- O período compreende o início de um enunciado (que apresenta um ou mais verbos) até o ponto-final, ponto de exclamação ou de interrogação.
Tipos de oração
TIPOS |
CARACTERÍSTICAS |
EXEMPLOS |
Oração absoluta |
Oração única, com sentido completo. |
Sonhei muito à noite. |
Oração principal |
Como seu nome sugere, é a oração principal do período. Porém, ela sempre precisa de outra oração para completar o seu sentido. |
Nós queremos que você estude mais. |
Oração que completa o sentido da oração principal, à qual é subordinada. |
Nós queremos que você estude mais. |
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Oração independente em relação a outra oração. |
Dormi e sonhei. |
|
Oração intercalada |
Oração localizada no meio de uma oração ou entre duas orações. |
Nunca pensei — no passado tudo era mais simples — que teria que dar explicações sobre meus atos. Nunca pensei, disse Pedro, que teria que dar explicações sobre meus atos. |
Exemplos de oração
- Orações coordenadas:
Não quero você, não gosto de você, odeio você.
[Orações coordenadas assindéticas]
Dormiram e sonharam muito.
[Oração coordenada sindética aditiva]
Estudou, mas tirou nota baixa.
[Oração coordenada sindética adversativa]
Deixe-me ou te mato.
[Oração coordenada sindética alternativa]
Dormi muito mal; não vou, portanto, ser produtivo hoje.
[Oração coordenada sindética conclusiva]
Respeite-me, porque sou seu pai.
[Oração coordenada sindética explicativa]
- Orações subordinadas:
É necessário que estude muito.
[Oração subordinada substantiva subjetiva]
Eu prometi que o levarei ao parque.
[Oração subordinada substantiva objetiva direta]
Esqueceu-se de que não sou confiável.
[Oração subordinada substantiva objetiva indireta]
Júlio era capaz de amar sem condições.
[Oração subordinada substantiva completiva nominal]
O fundamental é que estejamos juntos.
[Oração subordinada substantiva predicativa]
Só lhe importa isto: que não a ignore.
[Oração subordinada substantiva apositiva]
A casa, que abriga meus sonhos, é também minha prisão.
[Oração subordinada adjetiva explicativa]
Os livros que fazem pensar são essenciais.
[Oração subordinada adjetiva restritiva]
Não fui à escola, já que acordei atrasado.
[Oração subordinada adverbial causal]
Caminho como um bicho-preguiça se desloca na floresta.
[Oração subordinada adverbial comparativa]
Ainda que eu chegasse a tempo, não teria coragem.
[Oração subordinada adverbial concessiva]
Caso compremos esta casa, não sobrará dinheiro algum.
[Oração subordinada adverbial condicional]
Indiquei seu amigo, conforme me pediu.
[Oração subordinada adverbial conformativa]
Dora foi para o Uruguai, de modo que me deixou só.
[Oração subordinada adverbial consecutiva]
Preencha o formulário para que possa concorrer à vaga.
[Oração subordinada adverbial final]
À medida que subia as escadas, ficava mais tonta.
[Oração subordinada adverbial proporcional]
Quando chegou a Paris, perdeu a ingenuidade.
[Oração subordinada adverbial temporal]
Diferenças entre frase, oração e período
FRASE |
ORAÇÃO |
PERÍODO |
Qualquer enunciado com ou sem verbo. |
Enunciado que, obrigatoriamente, apresenta verbo ou locução verbal. |
O período é entendido como o início de um enunciado (que apresenta um ou mais verbos) até o ponto-final, ponto de interrogação ou de exclamação. |
EXEMPLOS |
EXEMPLOS |
EXEMPLOS |
Bom dia! Não sei o que você quer. |
Lúcia morreu ontem. Lúcia está morrendo agora. |
Acendi a luz. Álvaro estava sentado na poltrona, em meio à sala escura, e segurava um revólver na mão. O que ele queria de mim? [Acima, há três períodos.] |
Para entender melhor a diferença entre frase, oração e período, clique aqui.
Exercícios sobre oração
Questão 1 (UEFS)
O que devemos fazer quando a promessa de progresso monetário ou de eficiência econômica significa estabelecer um preço para os bens considerados sem preço? Enfrentamos continuamente o dilema de nos movimentar em mercados moralmente questionáveis na expectativa de alcançar fins meritórios.
[...]
A vida humana se torna, na sociedade contemporânea, o grande motor do capital. Se antes o dinheiro era o suporte econômico para a manutenção material da vida humana, agora essa passa a se submeter cegamente aos ditames financeiros. Diz-se popularmente que “dinheiro não tem cheiro”: o dinheiro é desprovido de conteúdo moral, uma vez que é apenas um instrumento que serve de intermédio para as transações comerciais humanas. [...]. Quanto mais o mercado aumenta a sua infiltração nas esferas não econômicas da vida humana, mais ele se envolve em questões tipicamente morais. A era do triunfalismo do mercado coincidiu com um período no qual o discurso público se diluiu radicalmente de qualquer substância moral e espiritual. Talvez nossa única esperança de manter a estrutura do mercado em seu devido lugar seja discutirmos o genuíno significado dos bens e das práticas sociais que valorizamos na vida social.
O dinheiro tornou-se uma horrenda hipóstase humana, cultuada como o suprassumo da existência de cada pessoa. Os signos que regem a dinâmica da máxima exploração comercial de bens e valores são signos teológicos secularizados, pois o dinheiro se tornou o deus do regime capitalista. Nunca se fez valer de maneira tão infame o lema-mor do espírito capitalista “tempo é dinheiro”. [...]
DAINEZI, Gustavo. O preço do dinheiro. Filosofia: ciência & vida. São Paulo: Escola, ano VII, n. 74, p. 78, set. 2012.
A alternativa em que a ideia de proporcionalidade entre as orações do período está evidenciada é a
A) “Enfrentamos continuamente o dilema de nos movimentar em mercados moralmente questionáveis na expectativa de alcançar fins meritórios.”
B) “A vida humana se torna, na sociedade contemporânea, o grande motor do capital.”
C) “Quanto mais o mercado aumenta a sua infiltração nas esferas não econômicas da vida humana, mais ele se envolve em questões tipicamente morais.”
D) “A era do triunfalismo do mercado coincidiu com um período no qual o discurso público se diluiu radicalmente de qualquer substância moral e espiritual.”
E) “O dinheiro tornou-se uma horrenda hipóstase humana, cultuada como o suprassumo da existência de cada pessoa.”
Resolução:
Alternativa C.
O período “Quanto mais o mercado aumenta a sua infiltração nas esferas não econômicas da vida humana, mais ele se envolve em questões tipicamente morais” é composto pelas orações “Quanto mais o mercado aumenta a sua infiltração nas esferas não econômicas da vida humana” (oração subordinada adverbial proporcional) e “mais ele se envolve em questões tipicamente morais” (oração principal). Portanto, nesse período, está em evidência a proporcionalidade.
Questão 2 (Unesp)
Letra de canção e poesia
Antonio Cicero
Como escrevo poemas e letras de canções, frequentemente perguntam-me se acho que as letras de canções são poemas. A expressão “letra de canção” já indica de que modo essa questão deve ser entendida, pois a palavra “letra” remete à escrita. O que se quer saber é se a letra, separada da canção, constitui um poema escrito.
“Letra de canção é poema?” Essa formulação é inadequada. Desde que as vanguardas mostraram que não se pode determinar a priori quais são as formas lícitas para a poesia, qualquer coisa pode ser um poema. Se um poeta escreve letras soltas na página e diz que é um poema, quem provará o contrário?
Neste ponto, parece-me inevitável introduzir um juízo de valor. A verdadeira questão parece ser se uma letra de canção é um bom poema. Entretanto, mesmo esta última pergunta ainda não é suficientemente precisa, pois pode estar a indagar duas coisas distintas: 1) Se uma letra de canção é necessariamente um bom poema; e 2) Se uma letra de canção é possivelmente um bom poema.
Quanto à primeira pergunta, é evidente que deve ter uma resposta negativa. Nenhum poema é necessariamente um bom poema; nenhum texto é necessariamente um bom poema; logo, nenhuma letra é necessariamente um bom poema. Mas talvez o que se deva perguntar é se uma boa letra é necessariamente um bom poema. Ora, também a essa pergunta a resposta é negativa. Quem já não teve a experiência, em relação a uma letra de canção, de se emocionar com ela ao escutá-la cantada e depois considerá-la insípida, ao lê-la no papel, sem acompanhamento musical? Não é difícil entender a razão disso.
Um poema é um objeto autotélico, isto é, ele tem o seu fim em si próprio. Quando o julgamos bom ou ruim, estamos a considerá-lo independentemente do fato de que, além de ser um poema, ele tenha qualquer utilidade. O poema se realiza quando é lido: e ele pode ser lido em voz baixa, interna, aural.
Já uma letra de canção é heterotélica, isto é, ela não tem o seu fim em si própria. Para que a julguemos boa, é necessário e suficiente que ela contribua para que a obra lítero-musical de que faz parte seja boa. Em outras palavras, se uma letra de canção servir para fazer uma boa canção, ela é boa, ainda que seja ilegível. E a letra pode ser ilegível porque, para se estruturar, para adquirir determinado colorido, para ter os sons ou as palavras certas enfatizadas, ela depende da melodia, da harmonia, do ritmo, do tom da música à qual se encontra associada.
Folha de S. Paulo, 16.06.2007.
Para que a julguemos boa, é necessário e suficiente que ela contribua para que a obra lítero-musical de que faz parte seja boa.
No período em destaque, a oração Para que a julguemos boa indica, em relação à oração principal,
A) comparação.
B) concessão.
C) finalidade.
D) tempo.
E) proporção.
Resolução:
Alternativa C.
A oração “Para que a julguemos boa” é subordinada adverbial final.
Fontes
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 15. ed. São Paulo: Scipione, 1999.
SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática: teoria e prática. 26. ed. São Paulo: Atual Editora, 2001.
SANTOS, Márcia Angélica dos. Aprenda análise sintática. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.