O hífen (-) é um sinal gráfico usado principalmente para unir palavras compostas ou formadas por afixos. Seu uso foi bastante afetado pelo último acordo ortográfico.
Hífen é um sinal gráfico caracterizado por ser um traço curto (-), de uso recorrente na língua portuguesa, principalmente no caso de palavras compostas. O último acordo ortográfico, vigente no Brasil desde 2016, alterou algumas regras de uso do hífen e manteve outras.
Leia também: Quais são os processos de formação de palavras?
Resumo sobre o uso do hífen
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O hífen é um sinal gráfico representado por um traço curto (-).
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Serve para unir elementos que, juntos, formam um novo termo.
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Ocorre principalmente na formação de palavras compostas por justaposição ou que contam com afixos.
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Também une pronome oblíquo a verbos, nos casos de ênclise e mesóclise.
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Serve, ainda, para indicar separação silábica.
Videoaula sobre o uso do hífen
Qual é a função do hífen?
O hífen (-) é um sinal gráfico usado principalmente para unir palavras compostas.
Veja a palavra a seguir:
guarda-chuva
A palavra “guarda-chuva” é composta por duas palavras, “guarda” e “chuva”, que, juntas, formam uma terceira palavra: guarda-chuva. Essa palavra é unida pelo hífen, um traço que indica que não se trata de duas palavras separadas, e sim de uma só.
Há outras palavras compostas que não têm hífen, como veremos a seguir.
Regras de uso do hífen alteradas no último acordo ortográfico
O último acordo ortográfico, assinado em 1990 e vigente no Brasil desde 2016, alterou as regras de uso do hífen especificamente em certas palavras compostas. Em alguns casos, o hífen passou a existir na palavra, enquanto em outros ele deixou de existir.
No quadro a seguir, há um resumo das principais alterações.
Regras de uso do hífen alteradas no último acordo ortográfico |
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Caso |
Grafia antes |
Grafia após |
Retirada do hífen em palavras compostas se o primeiro elemento terminar com vogal diferente da que inicia o segundo elemento. |
auto-conhecimento |
autoconhecimento |
Retirada do hífen em palavras compostas se o primeiro elemento terminar com vogal e o segundo elemento iniciar com consoante (exceto R e S). |
anti-derrapante |
antiderrapante |
Retirada do hífen em palavras compostas se o primeiro elemento terminar com vogal e o segundo elemento iniciar com R ou S, dobrando essa consoante. |
semi-reta |
semirreta |
auto-suficiente |
autossuficiente |
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Inclusão de hífen em palavras compostas se o primeiro elemento terminar com a mesma letra inicial do segundo elemento. |
microondas |
micro-ondas |
Retirada do hífen em palavras compostas em que já se perdeu a noção de formação por composição. |
pára-quedas |
paraquedas |
Retirada do hífen em locuções que não tenham forma consagrada pelo uso com hífen. |
dia-a-dia |
dia a dia
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Obrigatoriedade do hífen após os prefixos além-, aquém-, ex-, pós-, pré-, pró-, recém- e sem-. |
sem terra |
sem-terra |
Quando usar o hífen?
O hífen é usado em casos específicos de palavras compostas e com derivação prefixal, além de casos de colocação pronominal, de separação silábica e de encadeamentos vocabulares.
Entenda melhor cada caso a seguir.
→ Uso do hífen em palavras compostas
Algumas palavras compostas levam hífen por conta de sua formação.
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Composição por justaposição e sem elemento de ligação
Exemplos:
obra-prima, palavra-chave, tupi-guarani, vaga-lume.
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Composição por repetição de palavras ou sonora
Exemplos:
esconde-esconde, pingue-pongue, reco-reco.
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Substantivos compostos que sejam espécies de animais e plantas
Exemplos:
bem-te-vi, copo-de-leite, mico-leão-dourado.
→ Uso do hífen em derivação prefixal
Palavras derivadas com prefixo também levam hífen em situações específicas.
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Segundo elemento iniciado pela letra H
Exemplos:
anti-higiênico, co-herdeiro, pré-história, super-homem.
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Letras iguais entre o prefixo e o segundo elemento
Exemplos:
contra-ataque, inter-racial, micro-ondas, sub-bibliotecário.
Atenção! A exceção a essa regra ocorre com o prefixo co-, que não leva hífen mesmo se o segundo elemento começar pela vogal O.
Exemplos:
coordenação, cooperar.
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Prefixo sub- seguido de palavra começando por R
Por conta da sonoridade na leitura, o prefixo sub- mantém o hífen quando vier antes de um segundo elemento que comece com R.
Exemplo: sub-região.
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Prefixos circum- e pan- seguidos de palavra começando por M, N ou vogal
Da mesma forma, o hífen foi mantido para separar os prefixos circum- e pan- de segundo elemento que se inicie com M, N ou vogal.
Exemplos:
circum-navegar, pan-americano.
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Prefixos além-, aquém-, ex-, pós-, pré-, pró-, recém- e sem-
O uso de hífen é obrigatório para esses prefixos, independentemente de como se inicia o elemento seguinte.
Exemplos:
além-mar, ex-esposa, pós-moderno, pré-cozido, pró-reitoria, recém-casados, sem-terra.
→ Colocação pronominal
O hífen é usado para separar o pronome oblíquo do verbo em casos de mesóclise e de ênclise. Veja:
Exemplos em mesóclise (intercalado no meio do verbo):
“entregar-me-ão o documento”, “ver-nos-emos em breve”.
Exemplos em ênclise (após o verbo):
“ofereci-lhe ajuda”, “resolveram-se logo”.
→ Separação silábica e translineação
O hífen também é usado para separar sílabas, indicando, inclusive, a translineação, ou seja, quando a palavra não cabe em uma linha e é separada para continuar na próxima.
Exemplo na divisão silábica:
vi-a-gem
Exemplo na translineação:
vi-
agem
Atenção! Quando uma palavra é composta por hífen e ocorre outro hífen para indicar a translineação, recomenda-se que haja duplo hífen. Veja:
Exemplo de translineação da palavra “guarda-roupa”:
guarda-
-roupa
→ Encadeamentos vocabulares
Quando duas palavras são unidas para formar um encadeamento vocabular, usa-se hífen.
Exemplo: “eixo Rio-São Paulo”.
Veja também: O que são pseudoprefixos?
Quando não usar o hífen?
O hífen não é mais usado em casos específicos de palavras com prefixos em sua formação e, também, em caso de locuções.
→ Derivação prefixal
No caso de palavras com prefixos, dois casos particulares não permitem o uso de hífen:
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Vogais diferentes entre prefixo e segundo elemento
Prefixo terminado em vogal diferente da que inicia o segundo elemento.
Exemplos:
autoestima, coautor, infraestrutura.
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Primeiro elemento terminando em vogal e segundo elemento iniciado por R e S
Nesses casos, a letra R ou S é dobrada para se unir ao prefixo, não havendo hífen.
Exemplos:
autossuficiente, minissaia, semirreta.
→ Locuções
Locuções substantivas, adjetivas, adverbiais etc. não levam mais hífen em sua forma.
Exemplos:
fim de semana, dia a dia, café com leite.
Atenção! Algumas locuções tiveram sua forma consagrada com hífen mantida, sendo exceções à regra. Veja algumas delas: água-de-colônia e cor-de-rosa.
Qual a diferença entre hífen, meia-risca e travessão?
Esses sinais gráficos parecem iguais, mas têm diferenças no tamanho e no uso.
A principal diferença entre hífen, meia-risca e travessão está no tamanho desses traços.
Observe:
- hífen
– meia-risca
— travessão
A meia-risca junta elementos que compõem uma série de ideias.
Exemplo:
“Luís Gama (1830–1882) foi um importante advogado abolicionista brasileiro.”
O travessão é usado em diálogos, marcando o começo das falas, alternando a voz do narrador e dos personagens. Assim, exerce função similar à das aspas nesses casos.
Exemplo:
“Depois de aguardarem por um tempo, a apresentadora do programa falou:
— Vamos dar início ao show?
E a plateia confirmou animada.”
Saiba mais: Tudo sobre o uso correto da vírgula
Exercícios resolvidos sobre o uso do hífen
Questão 1
(TJ-SC)
Assinale a alternativa que contém erro de grafia (falta de hífen) em uma das palavras grifadas:
A) A empresa começou a vender seus produtos em lojas multimarcas.
B) O advogado da parte apresentou suas contrarrazões.
C) O seu estilo hiperrealista agradou a poucos.
D) O superaquecimento do planeta foi a matéria principal da revista.
E) A companhia aérea ainda não respondeu se aceita a contraproposta.
Resposta
Alternativa C. A palavra “hiper-realista” leva hífen por ter um prefixo terminando com a letra R, que é a mesma com que se inicia a palavra “realista”.
Questão 2
(Fundatec)
Por Alfredo Freitas
(Disponível em: blog.ambra.education/beneficios-de-estudar/ – texto adaptado especialmente para a questão).
“Autoexplicação” é uma palavra não hifenizada, assim como a palavra:
A) Próalfabetização.
B) Interracial.
C) Malfeito.
D) Neoholandês.
E) Microondas.
Resposta
Alternativa C. A palavra “malfeito” não é hifenizada, diferente das demais palavras que se encaixam em uma das regras de hifenização em palavras compostas: “pró-alfabetização”, “inter-racial”, “neo-holandês” e “micro-ondas”.
Fontes
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.
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