A criação lexical revela a capacidade, dentro de um dado contexto, de tornarmos dinâmico o acervo linguístico
A complementação explicativa que se dá ao assunto em questão, “criação lexical”, evoca-nos a discussão acerca da dinamicidade da língua, ora concebida como um organismo vivo. Bem ao gosto camoniano, podemos afirmar que é bem verdade, haja vista que mediante a mudança do tempo há também a mudança das vontades. Ou seja, tal qual nos deparamos com a evolução que desponta por aí, assim também ocorre como a maneira que falamos. Sim, pois tudo é dinâmico, e dinâmica também é a nossa relação interpessoal. De forma explícita, verifiquemos as palavras proferidas por Manuel Bandeira:
[...]
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
Sobretudo em se tratando do discurso presente no poema, constatamos que o verbo “teadorar” se aplica perfeitamente à ideia abordada, embora ele não faça parte daqueles listados pelo dicionário. Nosso imortal Guimarães Rosa também criou “amormeuzinho” e tantos outros exemplos que atestam que nossa capacidade de inventar e reinventar é infinita. Isso mostra tão somente o que já foi posto em discussão – o caráter funcional da língua.
Prova também disso são os neologismos semânticos (que também são exemplos de criações lexicais), nos quais uma palavra, tida em seu sentido original, passa a adquirir outro significado, em função do contexto em que é empregada.
Outra realidade se faz presente na linguagem dos internautas, na qual surgem novas palavras a cada dia e estas vão se incorporando cada vez mais ao cotidiano linguístico daqueles que as utilizam.
Dessa forma, há quem se sinta questionado acerca da probabilidade de essas novas palavras, um dia, virem a se tornar formalizadas, ou seja, retratadas pelos dicionários. Cabe aqui enfatizar dois elementos preponderantes: a aceitação e, posteriormente, a dicionarização – haja vista que sendo aceitos pela comunidade linguística ainda há uma pontinha de esperança de que um dia tais palavras possam fazer parte dos moldes cultos da língua, não acha?