A concordância verbal é a relação entre verbo e sujeito da oração, garantindo que estejam em harmonia em termos de número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa).
Concordância verbal é o tipo de concordância que assegura que o verbo se adapte ao sujeito da oração, garantindo que as palavras se relacionem adequadamente dentro de uma frase e, nesse caso, criando uma estrutura clara e compreensível de quem é o sujeito e o que ele faz.
Leia também: Regência verbal — a parte da gramática que estuda a relação entre o verbo e seu complemento
Resumo sobre concordância verbal
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A concordância verbal é a relação de harmonia que deve haver entre sujeito e verbo em uma oração.
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O verbo pode flexionar em número (singular ou plural) e em pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa), de acordo com o sujeito.
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Há algumas regras específicas de concordância verbal quando o sujeito é composto ou coletivo e quando o verbo é impessoal.
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A concordância nominal, por outro lado, é a relação de harmonia entre os elementos nominais da frase (substantivos, adjetivos, artigos etc.).
Videoaula sobre concordância verbal
O que é concordância verbal?
A concordância verbal é o tipo de concordância que se caracteriza pelo ajuste que o verbo faz em relação ao sujeito da oração, seguindo as regras gramaticais de número e pessoa. Em outras palavras, o verbo deve concordar em número (singular ou plural) e em pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa) com o sujeito que realiza a ação expressa pelo verbo.
→ Concordância verbal em relação à pessoa
Na língua portuguesa, há três pessoas do discurso:
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1ª pessoa (aquela que emite o discurso);
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2ª pessoa (aquela para quem se emite o discurso);
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3ª pessoa (aquela que não é nem quem emite, nem para quem se emite o discurso).
Veja os pronomes pessoais que representam cada pessoa do discurso:
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Número |
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Pessoa |
Singular |
Plural |
1ª |
eu |
nós |
2ª |
tu |
vós |
3ª |
ele/ela |
eles/elas |
Assim, o verbo concordará com o sujeito de acordo com a 1ª, 2ª ou 3ª pessoa, geralmente tendo uma forma verbal que corresponde a cada uma delas. Observe com este exemplo:
Sujeito + verbo + complemento
Eu gosto de música pop.
Tu gostas de música pop.
Ela gosta de música pop.
Nesses exemplos, o verbo “gostar” concorda com o sujeito, mudando sua forma seguindo a lógica da 1ª, 2ª ou 3ª pessoa.
→ Concordância verbal em relação ao número
Também se deve considerar se o sujeito está no singular ou no plural, tendo uma forma verbal correspondente para cada. Observe:
Sujeito + verbo + complemento
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1ª pessoa:
Singular: Eu gosto de música pop.
Plural: Nós gostamos de música pop.
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2ª pessoa:
Singular: Tu gostas de música pop.
Plural: Vós gostais de música pop.
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3ª pessoa:
Singular: Ela gosta de música pop.
Plural: Elas gostam de música pop.
Importante: Quando houver pessoas diferentes no sujeito, prevalece a conjugação no plural e concordando com a 1ª pessoa; na ausência dessa, com a 2ª pessoa; e apenas na ausência das duas, com a 3ª pessoa. Veja:
Sujeito + verbo + complemento
Eu e tu iremos ao cinema.
Eu e ele iremos ao cinema.
Nós iremos ao cinema.
Na primeira oração, há sujeito na 1ª (“eu”) e na 2ª (“tu”) pessoas, então o verbo é conjugado na 1ª pessoa. Da mesma forma, quando há sujeito na 1ª e na 3ª (“ele”) pessoas, o verbo é conjugado na 1ª pessoa. Veja o que ocorre quando não há sujeito na 1ª pessoa:
Tu e ele ireis ao cinema.
Vós ireis ao cinema.
Agora, na primeira oração, há sujeito na 2ª (“tu”) e na 3ª (“ele”) pessoas, então o verbo é conjugado na 2ª pessoa. Veja o que ocorre quando não há sujeito na 1ª nem na 2ª pessoa:
Ela e ele irão ao cinema.
Eles irão ao cinema.
Por fim, na primeira oração, não há nenhum pronome relacionado à 1ª ou 2ª pessoa, apenas à 3ª (“ela” e “ele”). Assim, o verbo pode ser conjugado na 3ª pessoa.
Quais as regras de concordância verbal?
Há algumas situações específicas em relação a como o verbo concorda com o sujeito.
→ Concordância verbal quando há sujeito composto (antes e depois do verbo)
Se o sujeito for composto (tem mais de um núcleo) e aparece antes do verbo, o verbo fica no plural.
Sujeito + verbo
Pedro e Érica chegaram.
Porém, se o sujeito composto aparecer depois do verbo, o verbo pode permanecer no plural ou apenas no singular, concordando com o núcleo mais próximo, caso a oração não tenha complemento.
Verbo + sujeito
Chegaram Pedro e Érica.
Chegou Pedro e Érica.
→ Concordância verbal quando há sujeito coletivo
Quando o sujeito é um substantivo coletivo, a palavra geralmente está no singular; portanto, o verbo concorda em número no singular.
Sujeito + verbo + complemento
A multidão gritava de alegria.
→ Concordância verbal quando há sujeito inexistente (verbos impessoais)
Quando a oração não tem sujeito, ou seja, é composta de um verbo impessoal, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular.
Verbo + complemento
Choveu durante horas.
Há muitas pessoas na festa.
Importante: O verbo “fazer” com sentido de tempo decorrido também é impessoal.
Faz muitas horas desde que ela foi procurar a amiga...
→ Concordância verbal quando há sujeito formado por sinônimos
Sujeito composto que apresenta vários núcleos sendo sinônimos podem ser conjugados tanto no plural quanto no singular.
Sujeito + verbo + complemento
Carinho e afeição ajudaram o filho a se sentir melhor.
Carinho e afeição ajudou o filho a se sentir melhor.
→ Concordância verbal quando há sujeito formado por expressões em gradação ou em enumeração
Sujeito composto que apresenta vários núcleos fazendo efeito de gradação pode ser conjugado tanto no plural quanto no singular.
Sujeito + verbo + complemento
A brisa, o vento e o vendaval chegaram de repente.
A brisa, o vento e o vendaval chegou de repente.
→ Concordância verbal quando há sujeitos ligados por “ou”
Sujeito composto em que os núcleos são ligados pela conjunção “ou” vão para o plural quando a ação do verbo se refere a todos os elementos do sujeito.
Sujeito + verbo + complemento
O gato ou o cachorro podem ficar na minha casa, se você precisar.
Porém, quando a ação do verbo pode se referir a apenas um dos núcleos, então ele concorda com o elemento mais próximo.
Sujeito + verbo + complemento
O gato ou o cachorro pode ficar na minha casa, se você precisar, mas não posso ficar com os dois.
A diretora ou os coordenadores decidirão sobre o projeto.
→ Concordância verbal quando há coletivos partitivos
Quando há expressões como “a maioria de”, “grande número de”, “a maior parte de”, o verbo pode ser conjugado no singular ou no plural.
Sujeito + verbo + complemento
A maior parte dos alunos concordou com a proposta.
A maior parte dos alunos concordaram com a proposta.
→ Concordância verbal quando há expressões como “mais de”, “menos de”, “cerca de”
Quando há expressões como essas, o verbo concorda com o numeral.
Sujeito + verbo + complemento
Mais de 1 aluno concordou com a proposta.
Cerca de 50 alunos concordaram com a proposta.
→ Concordância verbal quando há pronome relativo “que” e “quem”
Se o pronome relativo utilizado for “que”, o verbo concorda com o termo que aparece antes desse pronome.
Fui eu que apresentei o melhor trabalho.
Foste tu que apresentaste o melhor trabalho.
Foram elas que apresentaram o melhor trabalho.
Se o pronome relativo utilizado for “quem”, o verbo pode concordar com o termo que aparece antes desse pronome ou ser conjugado na 3ª pessoa.
Fui eu quem apresentei o melhor trabalho.
Fui eu quem apresentou o melhor trabalho.
→ Concordância verbal com a partícula “se”
Quando a partícula “se” tem função de índice de indeterminação do sujeito, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular.
Precisa-se de voluntários para o evento.
Quando a partícula “se” tem função de partícula apassivadora, o verbo é conjugado na 3ª pessoa, mas pode variar em número de acordo com o sujeito.
Vende-se carro usado.
Vendem-se carros usados.
Veja também: Quais são os casos especiais de concordância verbal?
Concordância verbal x concordância nominal
A concordância verbal refere-se ao ajuste entre o verbo e o sujeito, enquanto a concordância nominal trata da harmonia entre os elementos nominais (substantivos, adjetivos, artigos, pronomes) em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural). Observe:
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Exemplo de concordância verbal:
A criança brincou a tarde toda.
As crianças brincaram a tarde toda.
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Exemplo de concordância nominal:
A criança esperta resolveu o exercício difícil.
Os meninos espertos resolveram os exercícios difíceis.
Para saber mais detalhes sobre a concordância nominal, clique aqui.
Exercícios resolvidos sobre concordância verbal
Questão 1
(FCC) Deverá ser flexionado no plural o verbo que se encontra entre parênteses na seguinte frase:
A) Fundada em 1626, São Nicolau do Piratini, segundo relatos históricos, (Possuir) das mais belas igrejas da região das Missões.
B) O território das Missões Jesuíticas dos Guarani, no Brasil, (Apresentar) paisagens culturais de alto valor patrimonial e ambiental.
C) (Reunir) diversos sítios arqueológicos o Parque Histórico Nacional das Missões, criado em 2009.
D) São Miguel das Missões, uma das reduções jesuíticas do Paraguai, (Formar), juntamente com outras seis, os Sete Povos das Missões.
E) (Constituir) patrimônio histórico importante do Rio Grande do Sul as belas ruínas das igrejas construídas pelos jesuítas durante a colonização.
Resolução:
Alternativa E.
O sujeito da oração é “as belas ruínas”, no plural; portanto, o verbo “constituir” também será conjugado no plural.
Questão 2
(Vunesp – Adaptada)
Poucas letras e números
A ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização) aplicada em 2016 aos terceiranistas de ensino fundamental confirma que a rede pública ainda padece de anemia crônica. Não houve avanço em relação à edição anterior, de 2014. O Ministério da Educação usa quatro níveis para categorizar os alunos – elementar, básico, adequado e desejável – e considera os dois primeiros como insuficientes.
Mais da metade tem desempenho em leitura e matemática classificado como insuficiente. No primeiro caso, 55% dos alunos carecem da capacidade de identificar, por exemplo, informação explícita no texto de uma lenda ou de uma cantiga folclórica.
Na ANA anterior, eram 56%. A diferença de apenas um ponto percentual indica que há estagnação, em patamar inadmissível. A situação só se mostra ligeiramente melhor no campo da escrita, com 58% no nível adequado. Na matemática, contudo, a taxa de insuficiência de 55% se repete. Nossos estudantes são fracos nas letras e também nos números.
Os números gerais ocultam uma disparidade regional duplamente acabrunhante. Primeiro, porque há Estados com 75% de insuficiência ou mais, como Sergipe, Amapá, Maranhão, Pará e Alagoas. Depois, porque os relativamente desenvolvidos Sul e Sudeste exibem níveis baixíssimos de desempenho desejável – 12% em escrita, basta mencionar.
A educação pública, pois, continua péssima nos Estados mais pobres e muito ruim nos mais ricos. Não há aí surpresa, pois em dois anos não se pode fazer uma revolução do ensino; desaponta, porém, nem sequer notar melhora incremental.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 30.10.2017. Adaptado)
Assinale a alternativa correta quanto à concordância, de acordo com a norma-padrão.
A) É preciso voltar a atenção para as disparidades regionais, que apontam graves distorções na oferta de ensino público ao longo dos anos.
B) Não se pode falar simplesmente que os alunos de um estado são melhor que os de outro, sem que seja analisado os dados estatísticos.
C) É possível encontrar situações que mostra a dificuldade de muitos alunos para realizar operações elementares, como identificar uma informação.
D) Fazem anos que a educação vivencia problemas em leitura, escrita e matemática, os quais não foram vencido ainda, em vários estados do país.
Resolução:
Alternativa A.
Alternativa A é a única que não apresenta desvios de concordância verbal ou nominal. As demais apresentam desvios de concordância em relação ao número (singular ou plural), entre verbo e sujeito ou entre substantivo e adjetivo.
Fontes
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.
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